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farol n.º 30 - mil novecentos e sessenta e oito ♦ sessenta e nove, págs. 10 a 12.

Por terras de Espanha...

Um dos quarenta

Março, 24

ERAM seis horas menos quinze minutos da manhã, quando a camioneta se pôs em marcha, rumo a terras de Espanha.

Nela seguiam quarenta rapazes e raparigas do 3.º ciclo, ainda meio ensonados, mas bem dispostos, e os directores do passeio, o Ex.mo Senhor Dr. Costa Reis e a Ex.ma Senhora Dr.ª Ermelinda Campos.

O trajecto do primeiro dia era Aveiro - Tomar - Elvas - Badajoz, com passagem por Coimbra e Abrantes. A viagem decorreu agradavelmente, com algum calor a partir da hora do almoço, que coincidiu com a paragem em Elvas.

Dai à fronteira foram uns escassos trinta minutos. Cumpridas as formalidades necessárias, entrámos em território espanhol, tendo chegado em breve a Badajoz. Foi aí que pernoitámos, num hotel que se veio a impor, sobretudo pela sua falta de asseio...

Felizmente que os restantes vieram apagar a má impressão por este deixado.

Badajoz foi uma cidade sem grande interesse, em comparação com aquelas que viemos a conhecer.


Março, 25

A manhã foi passada em Badajoz. Após a almoço no detestável «Simancas» (tal era o nome do hotel), partimos rumo a Aracena, onde visitámos a famosa Gruta das Maravilhas. Cenário de filmes, como a «Viagem ao Centro da Terra», revela-se do maior interesse pela sua grandiosidade e extensão – que a torna um pouco fatigante e monótona. Entretanto o tempo havia piorado e chovia abundantemente.

De Aracena largámos para Sevilha, onde chegámos já de noite. O jantar ocorreu cerca das 10 horas. Em dada altura, quatro «trovadores» vestidos a rigor deliciaram-nos com uma meia dúzia de cantares de Espanha, recebendo os nossos calorosos aplausos.


Março, 26

Depois do almoço fomos visitar o Alcácer, acontecimento que se revestiu do maior interesse. A visita à Catedral, que a seguir / 11 / foi levada a cabo pelos mais interessados, deixou também agradável impressão.

O resto da tarde foi aproveitado para passar ou fazer compras, se bem que o tempo continuasse pouco convidativo.

 

Março 27

Abandonámos o hotel cerca das 3 horas, rumo a Málaga, onde chegámos ao fim da tarde, já sem chuva e com uma temperatura mais agradável. Cidade costeira do Mediterrâneo, foi talvez a mais bela que visitámos.

 

Março 28

Depois do almoço iniciámos a viagem de regresso, em direcção a Granada. Antes de descermos à cidade a fim de nos instalarmos no hotel Inglaterra – porventura o melhor de todos aqueles onde pernoitámos – fomos ao «Alhambra», célebre pelo tão divulgado Pátio dos Leões.

O mau tempo, entretanto, fez-se novamente sentir, tendo chovido antes do jantar.


Março 29

De Granada seguimos para Córdova, onde visitámos a célebre Mesquita. Após o almoço, cerca das 4 horas, demos início à etapa Córdova-Badajoz. A chegada a esta cidade ocorreu cerca das nove e meia. Arrumadas as malas à pressa no nosso já conhecido «Simancas)», acorremos em massa à sala da televisão, a fim de assistirmos ao tão discutido Festival. A actuação da Simone foi sublinhada pelos nossos entusiásticos aplausos, que, todavia, não conseguiram «comover» o júri internacional...

 

Março 30

No último dia do nosso passeio, saímos de Badajoz cerca das 10 e meia. Passada a fronteira, parámos em Vila Viçosa, em cujo castelo decorreu um reconfortante almoço. E digo reconfortante, porque, além de excepcionalmente bem servido, nos permitiu retomar contacto com a maravilhosa cozinha portuguesa, muito superior, a meu ver – e creio compartilhar da opinião geral! – à do país irmão.

De Vila Viçosa seguimos para Coimbra, passando por Abrantes. O jantar de «fim de excursão» ocorreu cerca das 10, num / 12 / restaurante da Bairrada, em ambiente de boa disposição e alegria.

O trajecto até Aveiro foi sublinhado pelos gritos entusiásticos da «malta», ansiosa em regressar, mas ao mesmo tempo saudosa dos inesquecíveis dias precedentes.

Chegámos cerca da meia-noite. Em frente ao Liceu, pais e amigos aguardavam-nos com impaciência.

E foi uma alegria, quando as portas da camioneta se abriram para deixar sair um grupo de 40 rapazes e raparigas roucos, mas, apesar de tudo, bem dispostos...

À laia de conclusão.

Em primeiro lugar, quero expressar o reconhecimento de todos os que tomaram parte nesta excursão, aos seus dois Ex.mos Directores e à comissão que para ela arduamente trabalhou.

Depois, passando a analisar o passeio nas suas linhas gerais, creio não exagerar ao dizer que ele se revestiu do maior interesse, pela oportunidade que nos deu de ficarmos a fazer uma ideia sumária do que é o Sul de Espanha, isto mediante a visita às suas principais cidades.

Finalmente, e no que respeita à camaradagem, creio ter-se ficado um pouco aquém do que seria de esperar. Que este facto seja para todos, não um motivo de desânimo, mas uma lição e um estímulo, para que no próximo ano tenhamos, finalmente, uma excursão isenta de quaisquer problemas deste género.

 

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11-06-2018