Um dos quarenta
Março, 24
ERAM seis horas menos quinze minutos da manhã, quando
a camioneta se pôs em marcha, rumo a terras de Espanha.
Nela seguiam quarenta rapazes e raparigas do 3.º ciclo, ainda meio
ensonados, mas bem dispostos, e os directores
do passeio, o Ex.mo Senhor Dr. Costa Reis e a Ex.ma Senhora Dr.ª
Ermelinda Campos.
O trajecto do primeiro dia era Aveiro
- Tomar - Elvas - Badajoz, com
passagem por Coimbra e Abrantes. A viagem decorreu agradavelmente,
com algum calor a partir da hora do almoço, que coincidiu com a
paragem em Elvas.
Dai à fronteira foram uns escassos trinta minutos. Cumpridas as
formalidades necessárias, entrámos em território espanhol,
tendo chegado em breve a Badajoz. Foi aí que pernoitámos, num
hotel que se veio a impor, sobretudo pela sua falta de asseio...
Felizmente que os restantes vieram apagar a má impressão por este
deixado.
Badajoz foi uma cidade sem grande interesse, em comparação com
aquelas que viemos a conhecer.
Março, 25
A manhã foi passada em
Badajoz. Após a almoço no detestável «Simancas» (tal era o nome do hotel), partimos rumo a Aracena, onde
visitámos a famosa Gruta das Maravilhas. Cenário de filmes, como a
«Viagem ao Centro da Terra», revela-se do maior interesse pela sua
grandiosidade e extensão – que a torna um pouco fatigante e
monótona. Entretanto o tempo havia piorado e chovia abundantemente.
De Aracena largámos para Sevilha, onde chegámos já de noite. O
jantar ocorreu cerca das 10 horas. Em dada altura, quatro
«trovadores» vestidos a rigor deliciaram-nos com uma meia dúzia de
cantares de Espanha, recebendo os nossos calorosos aplausos.
Março, 26
Depois do almoço fomos visitar o Alcácer, acontecimento
que se revestiu do maior interesse. A visita à Catedral, que a seguir
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11 / foi levada a cabo pelos mais interessados, deixou também
agradável impressão.
O resto da tarde foi aproveitado para passar ou fazer compras, se bem que o tempo continuasse pouco convidativo.
Março 27
Abandonámos o hotel cerca das 3 horas, rumo a Málaga, onde chegámos ao fim da tarde, já sem chuva e com uma temperatura mais agradável. Cidade costeira do Mediterrâneo, foi talvez a
mais bela que visitámos.
Março 28
Depois do almoço iniciámos a viagem de regresso, em direcção a Granada. Antes de descermos à cidade a fim de nos instalarmos no hotel Inglaterra
– porventura o melhor de todos aqueles onde pernoitámos – fomos ao
«Alhambra», célebre pelo tão
divulgado Pátio dos Leões.
O mau tempo, entretanto, fez-se novamente sentir, tendo
chovido antes do jantar.
Março 29
De Granada seguimos para Córdova, onde visitámos a célebre Mesquita. Após o almoço, cerca das 4 horas, demos início à
etapa Córdova-Badajoz. A chegada a esta cidade ocorreu cerca
das nove e meia. Arrumadas as malas à pressa no nosso já conhecido «Simancas)», acorremos em massa à sala da televisão, a
fim de assistirmos ao tão discutido Festival. A actuação da Simone foi sublinhada pelos nossos entusiásticos aplausos, que, todavia, não conseguiram «comover» o júri internacional...
Março 30
No último dia do nosso passeio, saímos de Badajoz cerca das 10 e
meia. Passada a fronteira, parámos em Vila Viçosa, em cujo castelo
decorreu um reconfortante almoço. E digo reconfortante, porque, além de excepcionalmente bem servido, nos permitiu retomar contacto com a maravilhosa cozinha portuguesa, muito
superior, a meu ver – e creio compartilhar da opinião geral! – à do país irmão.
De Vila Viçosa seguimos para Coimbra, passando por
Abrantes. O
jantar de «fim de excursão» ocorreu cerca das 10, num
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12 /
restaurante da Bairrada, em ambiente de boa disposição e alegria.
O trajecto até Aveiro foi sublinhado pelos gritos entusiásticos da «malta», ansiosa em regressar, mas ao mesmo tempo saudosa dos inesquecíveis dias precedentes.
Chegámos cerca da meia-noite. Em frente ao Liceu, pais e
amigos aguardavam-nos com impaciência.
E foi uma alegria, quando as portas da camioneta se abriram
para deixar sair um grupo de 40 rapazes e raparigas roucos, mas,
apesar de tudo, bem dispostos...
À laia de conclusão.
Em primeiro lugar, quero expressar o reconhecimento de todos os que
tomaram parte nesta excursão, aos seus dois Ex.mos Directores e à
comissão que para ela arduamente trabalhou.
Depois, passando a analisar o passeio nas suas linhas gerais, creio
não exagerar ao dizer que ele se revestiu do maior interesse,
pela oportunidade que nos deu de ficarmos a fazer uma ideia sumária
do que é o Sul de Espanha, isto mediante a visita às suas principais
cidades.
Finalmente, e no que respeita à camaradagem, creio ter-se
ficado um pouco aquém do que seria de esperar. Que este facto
seja para todos, não um motivo de desânimo, mas uma lição e um
estímulo, para que no próximo ano tenhamos, finalmente, uma excursão isenta de quaisquer problemas deste género. |