Arménio da Silva
Gomes dos Santos
(6.º e)
ESTIVE
este ano, pela primeira vez, a passar férias na encantadora praia da
Figueira da Foz, justamente considerada, quanto a mim, como a mais
importante do Centro do País, quer atendendo à sua beleza, quer tendo em conta o
factor turístico.
Como as minhas magras finanças não me permitiam
instalar-me em
nenhum hotel, optei pelo campismo e, acompanhado de dois primos,
armei a minha tenda no parque municipal, dotado de óptimas
instalações, mas relativamente distante da cidade.
O tempo foi passando:
alargámos o horizonte das nossas relações
sociais e dialogámos em espírito com Deus, através da contemplação
da Natureza, heterogénea, mas sempre bela e transmissora de
mensagens ternas.
Ora, uma bela manhã,
travámos conhecimento com um jovem casal de
ingleses que, não sabendo uma única palavra de Português, se via
deveras embaraçado, ao tentar pedir ao guarda do parque, alheio à língua de
Shakespeare, que lhes indicasse um local para aí acampar. Pedi licença para interferir na conversa, e, uma vez conhecedor da pretensão
do casal, indiquei-lhe o sítio que me pareceu mais próprio para o
efeito, recebendo em seguida os seus agradecimentos, que se
justificavam, segundo ele, perfeitamente, pois encontrar um português que falasse a sua língua e com o qual pudesse trocar
impressões, constituía para ele um motivo de grande regozijo.
E após haverem montado a sua tenda, os Barry (tal era o seu
sobrenome) pediram-nos que lhes mostrássemos a cidade, e, sobretudo, o Casino, de que já tinham ouvido falar várias vezes.
Como ainda havia tempo de sobra, fomos até à praia, onde nos
deliciámos com o calor benfazejo dos raios solares e com a
temperatura bastante agradável das águas do mar, desse mar imenso
que as caravelas portuguesas,
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7 / com a Cruz de Cristo
esmaltada nas velas, sulcaram, com o
objectivo de concretizar o sonho do Infante de Sagres.
À tarde, depois de havermos almoçado num dos hotéis da
cidade, fomos visitar o seu luxuoso Casino e o seu museu, com cuja
magnificência os ingleses ficaram surpreendidos, e cuja riqueza de
conteúdo tanto elogiaram.
Em seguida dirigimo-nos para a esplanada da praia, num dos cafés da
qual passámos o resto da tarde em amena conversa. Viemos a saber que
ambos eram formados, ele em Engenharia e ela em Filosóficas, e que
já praticavam campismo há bastante tempo e sobretudo em parques espanhóis e holandeses. Além disso, disseram-nos que eram naturais
do País de Gales, embora residissem há cinco anos em Inglaterra, e
que era a primeira vez que estavam em Portugal. Sentiam-se encantados com a beleza das nossas
paisagens, principalmente as do Norte do País e com a hospitalidade
da nossa gente e tencionam ainda visitar a capital e o Algarve,
cuja fama é enorme na Grã-Bretanha, segundo afirmaram.
E, para bem acabar o dia, fomos ao cinema ver uma película
americana, por sinal bastante divertida.
Quando regressámos ao
parque, eu sentia-me fatigado, mas
estava ciente de que o desenvolvimento dos meus conhecimentos de
inglês e a conquista da amizade daquele casal, tão afável e
simpático, havia merecido bem o meu esforço. |