Sílvio Moreira
(3.º ano)
Quando nos foi
dada a notícia da morte do sr. Dr. Amadeu, senti um grande
choque. É que sempre guardei a melhor recordação desse excelente
professor da cadeira de Português do meu 1.º ano.
Recordo que entrava sempre com a maior satisfação para
as suas aulas, pois nestas o ambiente era muito agradável.
Além de ensinar muito bem era um grande amigo de todos nós;
basta
dizer que até os preguiçosos estudavam com tal professor. Nas suas
aulas estávamos sempre à vontade, mas dentro do maior respeito.
Lembro-me de que numa
aula, por eu ter apontado no quadro os
números duns colegas que se tinham portado mal antes da sua
chegada, resolveu fazer um tribunal para julgamento dos réus.
Este julgamento foi realizado tal e qual como num tribunal vulgar.
Assim o juiz foi o Corte Real, o advogado de defesa foi o
Guilherme; o de acusação foi o Guimarães, e, como testemunhas, o
Pedro Vilarinho e o Anselmo. Eu como era o chefe da turma e tinha
portanto feita a acusação, fui o Delegado do Ministério Público.
A ideia deste julgamento nasceu do facto de o trecho para esse dia
se chamar a «Sentença». Assim o sr. Dr. Amadeu nos deu uma maneira
prática de conhecermos um julgamento.
A mim tratava-me por «engenheiro» e considerou-me sempre um bom
aluno. Recordo-me também de que, uma vez, encontrando-me na Avenida,
perto do café, me convidou para lanchar com ele. Estivemos os dois
sentados à mesa muito tempo, conversando como verdadeiros
amigos sobre assuntos referentes às aulas e também sobre futebol.
Senti muito a morte deste meu querido professor...
Já pedi a Deus nas minhas orações para que descanse em paz,
no céu onde se encontrará de certo.
A morte de alguém custa sempre muito; mas quando se trata
duma pessoa tão inteligente, tão alegre, tão boa e tão nossa amiga
como o sr. Dr. Amadeu, o choque é enorme.
Ainda por cima, foi vítima de um acidente causado por pessoas
que andam nas estradas como verdadeiros assassinos.
Mas, agora, já ninguém pode dar vida ao sr. Dr. Amadeu...
Paz à sua alma. |