Encontrei-me, na
manhã do dia 30 de Julho de 1965, na amurada
do belo paquete português «PÁTRIA», acenando,
acenando... Lisboa ficava cada vez mais longe. A ponte
sobre o Tejo, o Padrão dos Descobrimentos, a Torre de Belém, o Forte
de São Julião da Barra, reduziam-se a uns minúsculos pontos
no horizonte. Depois, dentro de mim, crua impressão de vazio. E,
assim, cheguei a um ponto em que os meus olhos só abrangiam duas
identidades: mar e céu...
O dia decorreu... A noite caiu... Ouvia música, para apagar
a
impressão de vazio que sentia. Quando, na tarde seguinte, subi ao convés, para refrescar o espírito, já mais alguma coisa via além
de mar e céu; diante dos meus olhos, recortava-se a silhueta da
fantástica Ilha de Porto Santo. Mais algumas horas e a Ilha da
Madeira emergia de sobre o mar. Tive, novamente, a agradável
sensação de terra firme, não afectada pela ondulação do mar. Depois,
novamente, mar e céu... De longe em longe, um barco era um motivo
de distracção para os meus olhos. Mais alguns dias e a Baía de Ana
Chaves aparecia, na madrugada do dia 8 de
Agosto, no horizonte. A cidade de São Tomé é aprazível e acolhedora. De um passeio irrepreensível espraia-se ao longo da vasta
Baía de Ana Chaves, cortada por avenidas largas e bem asfaltadas.
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Mas, viagem a bordo do paquete «PÁTRIA» ainda não tinha terminado.
Novamente, mar e céu. Passeios no convés, bailes, animação, passagem
do Equador com o «Tribunal de Neptuno» a julgar os »caloiros»
condenados a banho forçado na piscina...
Enfim, numa manhã cinzenta, o barco atraca ao cais de uma
vasta baía, onde o ócio é desconhecido. Era chegado à surpreendente
cidade de São Paulo de Assunção de Luanda.
Luanda é, na verdade, uma cidade maravilhosa, em que os
seus arranha-céus se espelham nas águas da baía como que a
saudar-nos, com uma avenida marginal que é algo de fantástico.
Mas, infelizmente, não me pude conservar eternamente em
Luanda. Em breve parti para as cidades de
Salazar e
Malange, duas cidades que
encantam pela sua simplicidade. Regressei a Luanda para, horas mais
tarde, me dirigir a
Nova
Lisboa, Benjucha,
Lobito,
Sá da Bandeira e
Moçâmedes. De todas estas cidades, Lobito
é, de facto, a cidade que mais me encantou. Lobito é uma cidade
moderna, encantadora e em progresso vertiginoso.
De Moçâmedes regressei a Luanda, onde me conservei até à data de
regresso à Metrópole. Foi então que pude apreciar, verdadeiramente,
a cidade de Luanda. Nestes últimos dias de estadia em Luanda, pude,
minuciosamente, observar todos os pormenores que mereciam atenção.
Depois de uma visita rápida, fiquei com dúvidas se continuaria a
ser o Porto a segunda cidade
do País.
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