Desconhecida
(4.º Bf)
Eu e o Inverno
somos irmãos. Há dias tristes e dias alegres. Os grossos pingos de
chuva são lágrimas que o meu coração choro. A neve branca, pendente do
Natureza, é o meu corpo gelado, caindo para a fria sepultura. As
nuvens negras e ameaçadoras, são os meus nervos tensos, prontos a
explodirem ao menor choque. A tempestade, que ruge no meio da noite
escura, ruge ainda com mais violência, em convulsões, dentro do
meu ser. Toda a Natureza, despida, parece morta e eu, sem vontade de reagir, deixo-me conduzir como um autómato.
Toda a vida buliçosa, no Inverno, deixa praticamente de existir, mas
a minha já acabou há muito tempo. Inverno querido, sombrio como a
minha vida, como eu gosto de ti! Reflectes toda a minha vida, no
meio da amargura e insegurança. Não chores a minha morte e desdita,
porque haverá muitas outras irmãs para acompanhares por toda a
eternidade. |