É com grande prazer que
aproveitamos esta oportunidade para prestar a nossa homenagem à Ex.ma
Sr.ª
D. Maria João Penha,
que deixou este Liceu por razões da sua vida profissional. Embora se
encontre longe de nós, sentimo-la ao nosso lado, como autora da
louvável iniciativa: O Liceu e o Ultramar, que continua a ser
divulgada nas páginas do nosso jornal.
A redacção do "Farol" deseja-lhe
felicidades e aqui deixa expresso um
sincero muito obrigado pela preciosa colaboração que lhe dispensou
e, estamos certos, continuará a dispensar.
A Redacção
Em Alerta
Já alguém afirmou que a batalha no nosso Ultramar só se
perderia depois de se ter perdido no Metrópole.
Unidos, porém, num mesmo ideal procuremos cerrar fileiras
– os do retaguarda com os do vanguarda – e, confiados no orientação dos
nossos governantes e na ajuda de Deus, esperamos que a vitória será
nossa.
O heroísmo dos nossos bravos soldados
– alguns antigos alunos do
nosso Liceu – que defendem o nosso soberania no Ultramar
/ 5 / é um apelo e um estimulo
a que nós, os da retaguarda,
nos mantenhamos bem alerta.
Já aqui foram apresentados alguns testemunhos bem
eloquentes do valor e eficácia do nosso apoio moral aos nossos heróicos soldados. Quanto ânimo e coragem
revelam quando se sentem apoiados por nós!
Temos, porém, notado que
a bravura, o espírito de sacrifício e abnegação deles, vai despertando em nós, como por
contágio, idênticos sentimentos e qualidades que estavam adormecidas.
Quisemos verificar até que ponto
a nossa impressão correspondia a uma realidade e procurámos ouvir a opinião de
vários colegas.
Os testemunhos dados são bem elucidativos daquilo que
pressentíamos: o bem que temos recebido dos nossos soldados é
muito maior do que aquilo que temos dado.
O altruísmo vai ocupando o lugar do egoísmo
e saí do torpor em que há muito andava mergulhado. Eu, que até aqui, só
pensava em mim, aprendi a estimar e a ajudar o meu próximo e a não ser tão egoísta, declarava-nos uma.
«Somos levados a esquecermo-nos dos nossos problemas para vivermos
os deles como se fossem nossos», dizia-nos outro. É bem certo que
as dificuldades vividas em comum levam-nos a aproximarmo-nos e a interessarmo-nos mais uns pelos outros.
Uma outra colega
dizia-nos com a alegria estampada no
rosto: «tenho aprendido a conhecer e a praticar o que dantes,
infelizmente, mal conhecia e praticava: o Amor ao próximo e o
entusiasmo e felicidade que se sente em ajudar alguém que tão
longe precisa do nosso auxílio espiritual e, às vezes, material.»
O amor ao cumprimento do dever vai-se contagiando:
«comecei a
estudar com mais vontade, para poder oferecer o meu trabalho a Deus
por aqueles que lá fora defendem aquilo que nos pertence», assim nos
testemunhava outra.
Convencidos de que as
armas humanas pouco ou nada poderão sem o
auxilio de Deus temos procurado usar a arma poderosa da nossa oração junto do Senhor para que supra com o Seu
poder aquilo que a nossa força não consegue e que faça com que os
homens vivam como irmãos: «rezo todos os dias para que Deus os
proteja e os traga sãos e salvos aos seus lares»;
«nunca mais me esqueci de rezar por eles e pelas suas famílias.»
«Ao saber que em várias zonas eles rezam todos os dias
o terço e que para muitos este é o seu companheiro inseparável nas horas boas ou nas horas más (eles lembram-se mais de
Deus do que nós aqui que temos tudo o que queremos e felizmente até
a paz) prometo redobrar as minhas orações de hoje
/ 6 /
em diante...». Foram estes alguns dos muitos depoimentos que ouvimos
neste sentido.
Ao sabermos como cada
dia dos soldados é ocupado num trabalho
constante, por vezes difícil e árduo, por influência desses heróis
que chegam a manifestar alegria e gosto pelo perigo, o cuidado no
cumprimento do dever, a alegria nas dificuldades da vida, a
confiança no futuro vai destruindo em nós a apatia na vida: «aprendi
a aproveitar melhor o tempo livre, a ser alegre quando me sinto
triste, a pensar mais nos outros, a sacrificar-me mais, a gostar
das coisas que não gosto e a sentir-me mais feliz. Quando dou aos
outros aquilo que possuo e que lhes pode ser útil, comecei também a estudar mais para oferecer
a Deus por eles as horas de estudo e os
sacrifícios.»
Quisemos apresentar aqui estes depoimentos para testemunhar
aos
nossos soldados a nossa gratidão pelo bem que deles temos
recebido, sentindo-nos sobejamente recompensados de tudo o que por
eles temos feito. Estamos decididos a continuar a apoiar, com
todos os meios ao nosso alcance, os que lutam na frente da batalha
pela defesa da integridade da nossa Pátria.
Os da retaguarda continuarão
unidos aos da vanguarda. |