Silva Abrantes
(5.º a)
O
alegre tempo primaveril chegou!
Ora, de dentro da sua verde casita,
Um lindo botão, uma rosa pequenita
Medrosa e lentamente desabrochou!
Mas quando os cravos lhe dizem que é bela,
Que nunca assim surgira
outra igual,
Então ela, envaidecida... desleal,
Enfeita-se;
afeia-se – não é singela!
Um grande zangão negro, quando o notou,
Com vontade que a
curiosidade incita,
Se aproxima de engenhosa florita
E o delicioso pólen lhe roubou...
Aspecto triste apresenta, que flagela,
A pobre flor, envaidecida... desleal,
Alucinada, lamenta seu grave
mal:
Torce, murcha tanto, que fica amarela!
*
NÃO SERÁ A FADO SEU,
TAMBÉM ASSIM TÃO IGUAL
AO DA ROSA QUE DESCREU,
PARA CRER NO IRREAL? |