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(1.º Prémio de Poesia
no Grande Concurso do Milenário – 1959)
Manuel A. M. de Pina
(7.º ano)
Dez... dez séculos, mil anos!...
Mil anos! Esconde esse rosto, peito! Poisa os olhos no caminho!...
Dez séculos duma Vida, duma História!
Não te sentes fraco, mísero, mesquinho?!...
Crês poder ainda aspirar à Glória?!
Dez séculos, peito, mil anos!!!
Não... não olhes atrás! Esquece o passado... sem saudade!
Nesse tempo, peito, em mil anos,
Quantos escravos, quantos heróis, quantos tiranos,
Não cobiçaram também a Imortalidade?!
Todos morreram e... hás-de tu, infeliz,
Conseguir melhor?! Não, desiste – Não é fraqueza!!
Larga a pena, deixa a tristeza,
Goza o mundo, goza a vida, sê feliz!!...
Vem p'rá rua!! Quererás apodrecer
Exangue, canceroso, cego e rouco?!...
Vem, levanta os braços!, corre como um louco!,
Lança-te embriagado nos braços do prazer!!
ELA comemora os dez séculos, peito, os mil anos!!
Toda a gente canta, toda a gente ri!...
Mas... tu, desgraçado, que é feito de ti?!
Não sabes teus esforços há muito sobre-humanos?...
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Espezinha a dor! escarra os versos!!
Ergue-te de novo, foge... foga ao abismo!...
Mostra os restos de
alegria, de optimismo,
Que, lá bem no fundo, sei que tens dispersos!!...
Vá, peito, vem, vem!...
. . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Como és louco! Resistes sempre!, sempre!...
Contudo... porém... talvez tenhas razão!... Sim!...
E eu creio em ti! – Embora lute, embora impeça,
Eu creio em ti, a verdade é essa,
E talvez o medo que me torna assim...
ELA jamais morrerá, peito, sabe-lo bem...
Todavia... Não desistas, não... Não me atendas!
E, se ELA jamais morrer, peito, não te prendas,
Crê!, luta... e viverás também!!
... e viverás também!!
E embora saibas ser ELA uma cidade
Milenária!, orgulhosa!, quase impar!!
Tu conseguirás mais ainda!, a Imortalidade!...
É questão de saberes querer, de saberes lutar!!...
... de saberes lutar!!... |
