ZÉ AUGUSTO, o
último barrista de Aveiro?
Artur Fino – pág. 26
Simplicidade, isto é, a natural e
não premeditada rejeição do rebuscado, do pretensioso, e o abandono do
supérfluo, como forma de, com maior ou menor espontaneidade, se chegar
ao patamar do autêntico, não pode confundir-se com mediocridade; o
simplismo, sim, pode ter (tem, com certeza!) essa leitura.
Numa terra onde a promoção da
mediocridade é ponto assente e se processa mais célere e com mais ardor
do que tudo quanto resulta do mérito e da qualidade (que bem
justificariam outro tratamento) é natural que figuras de talento, como o
ZÉ AUGUSTO, sejam esquecidas - ou melhor: não lembradas!
Daí que devamos enaltecer, e
culturalmente creditar, as entidades e instituições que, agora, vêm
redimir os que, no passado, se esqueceram da sua existência de artista,
tanto como das vicissitudes do seu percurso enquanto tal.
Situado na fronteira entre as
áreas do artesão e do artista, ZÉ AUGUSTO consegue compatibilizar as
duas tendências de forma coerente, onde a sua inata habilidade manual,
bem expressa, sobretudo, na manipulação do barro, se alia harmonicamente
e conjuga com a sua capacidade de resolver estética e plasticamente as
suas composições, num estilo próprio.
Por ISSO se torna difícil (e
ingrato!) definir onde começa o artesão e acaba o artista, ou
vice-versa. Artesão-artista, ou artista-artesão, não importa; de relevar
é que ZÉ AUGUSTO é, indiscutivelmente, uma personalidade cultural
peculiar, com uma "escrita" estética e plástica muito particular, que se
insere num universo de grande simplicidade - o seu universo, a sua
identidade.
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