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EXPOSIÇÃO ANTOLÓGICA - 14 a 29 de Setembro de 1996

ZÉ AUGUSTO, o último barrista de Aveiro?
Artur Fino – pág. 26

Simplicidade, isto é, a natural e não premeditada rejeição do rebuscado, do pretensioso, e o abandono do supérfluo, como forma de, com maior ou menor espontaneidade, se chegar ao patamar do autêntico, não pode confundir-se com mediocridade; o simplismo, sim, pode ter (tem, com certeza!) essa leitura.

Numa terra onde a promoção da mediocridade é ponto assente e se processa mais célere e com mais ardor do que tudo quanto resulta do mérito e da qualidade (que bem justificariam outro tratamento) é natural que figuras de talento, como o ZÉ AUGUSTO, sejam esquecidas - ou melhor: não lembradas!

Daí que devamos enaltecer, e culturalmente creditar, as entidades e instituições que, agora, vêm redimir os que, no passado, se esqueceram da sua existência de artista, tanto como das vicissitudes do seu percurso enquanto tal.

Situado na fronteira entre as áreas do artesão e do artista, ZÉ AUGUSTO consegue compatibilizar as duas tendências de forma coerente, onde a sua inata habilidade manual, bem expressa, sobretudo, na manipulação do barro, se alia harmonicamente e conjuga com a sua capacidade de resolver estética e plasticamente as suas composições, num estilo próprio.

Por ISSO se torna difícil (e ingrato!) definir onde começa o artesão e acaba o artista, ou vice-versa. Artesão-artista, ou artista-artesão, não importa; de relevar é que ZÉ AUGUSTO é, indiscutivelmente, uma personalidade cultural peculiar, com uma "escrita" estética e plástica muito particular, que se insere num universo de grande simplicidade - o seu universo, a sua identidade.
 

 
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