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Entre Sono e Abandono


Os anjos passam

 

Os anjos passam 
deslizam 
sobre um exílio 
de estrelas

encurtam 
as cordas fragilíssimas 
do tempo

carregam destinos 
que a solidão 
consome  
pouco a pouco

pousam  
e levantam

vacilam às vezes 
sobre cidades 
que ardem 
infectas  
e dissolutas

veleiros solitários 
que deixam 
no ar 
um rasto 
uma pista breve 
de enxofre 
e carbono

e é em vão 
que procuramos 
as águas mais fundas 
do esquecimento

                        Novembro, 1989
 


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