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Entre Sono e Abandono


Nenhuma chuva

 

Nenhuma chuva 
poderá lavar 
o rosto 
desta terra 
antiga  
e solitária

terra 
tocada agora 
pelo sopro frio 
do abismo 
pelas teclas 
duras 
do metal

casa 
devorada 
pelo filho pródigo

quem 
te rejuvenescerá 
o ventre 
se deus está morto?

                               Janeiro, 1989

 


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