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Poemas do Tempo Incerto


Guernica

 

Em Guernica 
tinha o mar 
e tinha a terra  
e Bilbau com suas fábricas 
em Guernica nos verdes campos 
das Vascongadas

mas já o fogo desce 
e a morte 
pelas colinas dos Cantábricos 
já um rio de dor 
é o que sobra 
na Guipúscoa 
já o 26 de Abril de mil 
nove trinta e sete 
é um pântano escrito 
na memória

Guernica  
um espaço de vidro 
sob as bombas 
uma flor incendiada 
um rasto de luz 
na recordação da cinza

Guernica  
uma lacuna no tempo 
um ovo de ódio e raiva 
por abrir

                                  Abril, 1979

 


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