Rita Pinto C. R. Miranda, Poesia, 2003.

Voltei ao que era

Voltei ao que era
Ao que tanto lutei para não ser
Voltei ao espelho
Voltei a ver
Sou o que já não lembrava
Era o que não quero ser
A boiar
A boiar
Voltei ao que nunca fui
Ao que com tanto cuidado construí
Voltei ao quarto
Ouvi o poema
Não me lembro do resto
A esquivar
A esquivar
Voltei ao que era esquecido
Ao que tanto fiz por apagar
Voltei à cama
Voltei
A cair
A cair
Tenho de me inventar outra vez
Que cor devo escolher?
Dói cá dentro
Mas é cerrar os punhos!
É lutar
Lutar!

 

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