O QUE PENSAM EX-ALUNOS


Hugo Ribeiro

 

 

“DE JOSEPHE ESTEVONE”

Quando o telefone tocou nunca esperaria que fosse a professora Fátima. Já não tenho aulas de Literatura Portuguesa desde há dois anos e parece que foi há tanto tempo!... Ligava-me para me pedir que escrevesse algo sobre a  minha escola, a Secundária José Estêvão. Algo sob a forma de uma espécie de sinopse dos três anos que lá passei.

Ponderei, como havia feito por diversas vezes em conversas de café ou até em reflexões interiores, acerca da influência daquela particular escola em mim e na minha formação. Felizmente, tenho experiência de mais escolas, nomeadamente, mais uma secundária e uma C + S, portanto a comparação é-me facilitada. Quando mudei para a José Estêvão foi um pouco chocante, como julgo serem todas as mudanças de estabelecimentos de ensino, nos primeiros tempos. No entanto, se bem me lembro, a meio do ano lectivo já me congratulava pela opção. Hoje, à luz da clarividência trazida pelo tempo, ainda mais rejubilo pela transferência para aquela que viria a ser a minha última escola no ensino secundário.

A nível geral, penso que as maiores qualidades deste estabelecimento de ensino residem em dois aspectos-chave: o amor que todos os docentes têm à sua profissão e a defesa da diferença. O primeiro aspecto parece-me crucial não só na educação mas em tudo o que se faz na vida. A nível do secundário, nunca conheci professores tão empenhados em fazer com que as aulas não fossem a “seca tradicional”, como muitos alunos consideram as aulas ditas normais, em que “magister et liber dicent”. Fora do tempo de aulas, as actividades multiplicam-se, seja em visitas de estudo, jantares temáticos, colóquios na biblioteca,  exposições de variados quadrantes ou grupos subordinadas a determinado assunto. É evidente que o interesse dos professores também depende da resposta dada pelo aluno, mas, e estando eu ciente disso, não tenho dúvidas em considerar os professores da José Estêvão os mais dedicados que conheci até hoje.

No que toca “à diferença” da própria escola, julgo serem vários os factores que permitem esta realidade: por ser das poucas secundárias a oferecer o agrupamento de Artes aqui nas imediações de Aveiro, por ter disciplinas “ofertas de escola” como por exemplo O.E.D. – oficina de expressão dramática –, por ter um órgão directivo (pelo menos na minha altura) suficientemente rígido, mas que permitia as mais variadas iniciativas aos professores e aos alunos e por ter um conjunto de docentes que se têm vindo a manter no tempo, dando, assim, uma maior coesão à formação de todos os alunos.

De uma forma geral, parecem-me ser estas as duas grandes vantagens da José Estêvão. Particularmente para mim, sendo óbvio que, felizmente, fui alvo dos factos já enunciados em cima, há também outros aspectos que me influenciaram e contribuíram para a minha entrada no ensino superior. A manutenção ao longo dos três anos da maioria dos meus professores permitiu que  transmitissem e aprofundassem conhecimentos. Arriscando-me nesta particularização, poderia dizer que, em História, apreendi a responder correctamente; em Português, a interpretação e melhoramento da escrita; em O. E. D., o enfrentar do público e/ou das câmaras; em Latim, a gramática (também a portuguesa); em Sociologia, as bases para cadeiras específicas no curso, nomeadamente Psicossociologia da Comunicação, e por aí além. Porém, devo juntar uma nota a esta individualização. Não quero com isto dizer que os programas didácticos do secundário não foram correctamente transmitidos. Pelo contrário! Estes são apenas alguns “bónus” que as disciplinas e, essencialmente, os professores nos ofereceram e que permitiram, para já, a minha chegada a este ponto, o segundo ano do curso de Jornalismo e Ciências da Comunicação da Faculdade de Letras do Porto.

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