Chegaram à praça para comprar
As
suas encomendas para o jantar,
Mas
logo se juntam as mexeriqueiras!
(Que
termo tão feio, não escrevas asneiras!)
Bem,
mas o círculo fechou
Quem
entrou, entrou...
E
sempre sem parar
Começam a cortar
Na
casaca do vizinho.
Coitado do pobrezinho!
– Lá
vem aquela chata
É
preciso ter lata!
Não
há lugar para uma segunda rodada
Ela
pode ir de mala aviada!
– Que
vá ter com os da sua laia...
Vejam
só aquela saia!
Que
mal que lhe fica
Será
feita de chita?
Talvez seja remendada
Eu
não dei por nada!
E
aquele namorado, que mal
Empregadinho!
Será
que foi ela que lhe pôs o vício do vinho?
Ainda
bem que os nossos são diferentes
Bonitos e inteligentes...
Ai,
que horror!
Que
traste, meu senhor!
É a
senhora Maria |
|
Dizem
que lhe calhou a lotaria!
–
Como vai, senhora Maria?
Há
quanto tempo que não a via!
Mas
passou e nada falou
E o
diálogo continuou
Mal
educada
Não
ligou nada.
Senhor prior, as obras da escola?
Precisa de mais esmolas?
Aqui
está a minha contribuição
Do
fundo do coração...
Passa
o padre para a outra rua
E o
corte continua:
–
Velho esbanjador
Nem
sei como ainda é prior!
–
Olha aquela descarada
Que
vai de mão dada!
E ele
parece o sacristão!
Ai,
mas é o meu João!
Disse
que ia trabalhar
E
anda a namorar!
– E
mais abaixo quem é?
Parece o teu Zé!
Vem
também de braço dado!
Espera aí que já te digo, diabo!
E
perante tantas asneiras
Aprenderam a não ser tão mexeriqueiras...
Paula Andrade (Agosto - 1993) |