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        Não sendo caso para nos determos a aprofundar a 
                    origem dos pratos regionais, concluímos que esta 
                    terminologia se ficou devendo ao bairrismo popular para 
                    marcar a preferência da sua gente, divulgando os pratos 
                    preferidos em cada região, quer por constituírem ligeiras 
                    mas substanciais refeições, quer por darem o prazer da boa 
                    mesa. 
                    
        O certo porém é que a nossa cozinha é farta em pratos 
                    regionais, e que em cada província há sempre um «pitéu» que 
                    predomina em todas as cartas de hotéis, restaurantes e 
                    pensões. 
                    
        De tal maneira se divulgaram os pratos regionais que 
                    se sente por toda a parte um desejo de saborear o «pitéu» 
                    local, quer nos encontremos no Minho, quer estejamos no 
                    Algarve. 
                    
        Ao referirmo-nos a este aspecto turístico, queremos 
                    encarecer a necessidade de se respeitar a confecção e 
                    apresentação dos pratos regionais, nos preceitos em que 
                    foram concebidos, o que se deixa à consciência e escrúpulo 
                    dos bons gerentes de hotéis, restaurantes e pensões. Todos 
                    não serão demais a zelar pelo prestígio da nossa cozinha e 
                    valorização dos nossos manjares característicos. 
                    
        Os turistas que nos visitam levam sempre da nossa 
                    abastada cozinha uma recordação particular. E a de Aveiro 
                    não é, certamente, das menos dotadas: assim o afirmam as 
                    receitas que damos.  | 
                   
                 
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        Caldeirada de enguias 
            
        à moda de Aveiro 
            
        Apanham-se as enguias, que se lavam em 
            muitas águas, até que se possam segurar na mão. Terá de haver o 
            cuidado de se passar com a ponta de uma faca pela espinha das 
            enguias, para se lhes tirar todo o sangue que possam ainda possuir. 
            
        Depois deste trabalho, deitam-se as enguias 
            na panela, acompanhando-as com os seguintes temperos: 
            
        Cebola partida às rodelas; pimenta; batata 
            igualmente partida às rodelas; um pé de salsa; unto de pão (*); «pó 
            d'enguia» (=gengibre); azeite; tomate (no tempo próprio); e alho 
            cortado. 
            
        Vai ao lume a cozer, havendo o cuidado de se 
            juntar um pouco de vinagre quando tudo se encontrar bem cozido. 
            
        ______________ 
            (*) 
        – O unto de pão deve tirar-se da cozedura, 
            quando esta estiver quase pronta; esmaga-se, com um pouco de sal, em 
            recipiente adequado, voltando a juntar-se, seguidamente, o molho 
            assim obtido na caldeirada, Ao servir-se a caldeirada, deve-se fazer 
            ainda uma moura de sal, pimenta e água da sopa, para se deitar sobre 
            ela. 
            
            
        Sopa de enguias 
            
        à moda de Aveiro 
            
        A água da caldeirada aproveita-se, depois da 
            cozedura, coando-se para uma panela, onde se deitam pedaços de pão 
            de trigo torrados ou massa (estrelinha ou pevidinha). Há, assim, 
            necessidade de se levar novamente ao lume. 
              
            
        Ovos moles de Aveiro 
              
            
        Partem-se ovos, separam-se as gemas, tendo o 
            cuidado de não deixar passar nenhum resíduo de clara, depois 
            batem-se com cuidado com uma espátula de madeira e deixam-se numa 
            vasilha de metal. 
            
        Entretanto põe-se o açúcar ao lume e 
            deixa-se ferver até ficar em «ponto de Espadana» ou seja em ponto 
            alto. 
            
        Depois retira-se do lume deixando arrefecer 
            um pouco e juntam-se as gemas mexendo. 
            
        Vai novamente ao lume tendo o cuidado de 
            mexer sempre para não se pegarem, até ferver. 
            
        Em fervendo retiram-se do lume, deitam-se 
            numa vasilha esmaltada, para arrefecer, e estão prontos.  |