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        ENTRONCAMENTO 
        rodoviário das estradas Lisboa-Porto e Aveiro-Viseu, Albergaria-a-Velha é sem dúvida centro de 
        um dos mais belos panoramas do distrito de Aveiro, quiçá de todas as 
        Beiras. 
        Região essencialmente agrícola, onde é 
        visível o maior cuidado no amanho da terra, é vasto centro industrial – 
        fundições de ferro e alumínio e indústria do papel – factores que 
        influenciam os costumes das suas gentes, dividindo-as entre o campo e a 
        oficina. 
        Percorrer o concelho de Albergaria-a-Velha é 
        tomar directo conhecimento com os cenários mais edénicos do maravilhoso 
        distrito a que pertence, desde as margens do Vouga, em Angeja, às 
        margens do Caima, em Vale Maior, desde o arborizado monte da Senhora do 
        Socorro aos pinhais com que confina com o concelho de Águeda. 
        Não somente os seus arredores, mas a própria 
        vila sede do concelho, com o cuidado arranjo das suas ruas, com uma 
        indústria hoteleira a todos os títulos notável, com uma boa casa de 
        espectáculos, com um exemplar sector assistencial – o Hospital da 
        Misericórdia e a Casa da Criança –, a par de uma indústria que não 
        receia confronto, todo este conjunto tem assegurado lugar no panorama 
        turístico português. 
        A confirmar esta afirmação, basta ter em 
        mente o valor turístico de uma visita ao monte da Senhora do Socorro, a 
        sensação de uma pescaria no Vouga ou no Caima, naquela para a «pesca de 
        mergulho» na pateira de Frossos, neste com variadas espécies para pesca 
        à linha, em ambos para se aliar ao desporto da pesca o repousante 
        ambiente que convida à instalação de pequenos núcleos campistas. 
        Na própria vila, uma visita à igreja matriz, 
        à capela do mártir S. Sebastião, faz parte de um roteiro a indicar ao 
        visitante. 
        Quer se parta com destino ao Porto, 
        observando os pinhais e extensos campos de cultura a ladearem a estrada, 
        quer se parta com destino a Aveiro e se observem os bem cuidados 
        vinhedos, quer nos dirijamos a Viseu pela sinuosa estrada que ladeia o 
        cenário único que é o Vale do Vouga, sempre nos ficará uma saudade ao 
        ultrapassarmos a Branca, Angeja ou Vale Maior, saudade a ligar-nos a um 
        dos mais belos rincões do distrito de Aveiro – o concelho de 
        Albergaria-a-Velha. 
        Esta a imagem da região porque outra se 
        retratará no convívio com as suas gentes, com os seus usos e costumes. 
        Essencialmente agrícola é o seu povo uma 
        amálgama de alegria, lealdade e hospitalidade, características 
        dominantes dos que trabalham a terra no contacto constante com a 
        Natureza. 
        Alegres na própria faina do quotidiano – ao 
        bater da enxada alia-se o cantar do povo – sempre as suas portas se 
        abrem no repartir do que oferecem 
        
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        sobre as alvas toalhas de linho que cobrem a sua mesa. 
        
          
        E esta alegria contagiosa àqueles que, mesmo 
        acidentalmente, assistem ao seu mercado semanal, à feira mensal da vila, 
        à grandiosidade popular da festa da Senhora do Socorro, a qualquer 
        manifestação deste bom povo que elegeu como lema: trabalho, alegria e 
        amor. 
        Trabalho com que da terra tira tudo quanto a 
        terra lhe oferece; alegria com que trabalha, no campo ou na oficina, na 
        certeza de um dever que se cumpre; amor com que recebe e acarinha todo 
        aquele que, para ficar ou para partir, vive ou convive o seu ambiente. 
        Se estas são características que podem 
        afirmar-se para um merecido desenvolvimento turístico da região, se 
        estas são as belas legendas para esse mesmo turismo, não é menos bela a 
        legenda da sua fundação, pois ali se criou uma das primeiras 
        Albergarias, com obrigações impostas de socorros e agasalhos para 
        pobres, pela sua fundadora, a rainha D. Teresa. 
        
        FONSECA MARQUES  |