AVEIRO

UMA CIDADE DIFERENTE

OLHA O FUTURO COM AS RESPONSABILIDADES IMPOSTAS PELO PASSADO

POR

E. de Pimentel Teixeira

MESMO pondo de parte o testamento da condessa Mumadona que, afinal, apenas marca antiguidade, pode afirmar-se que a importância de Aveiro já vem de longa data. Na verdade no século XI (1050) a circunstância de um terço da vila pertencer ao nobre Gonçalo Ibn Egas e a sua mulher, D. Châmua, é nota de uma importância que, jamais se perderia como se não perderiam também outros aspectos, pois já nessa altura deviam ser ocupações-base das suas populações a extracção do sal, a pesca, a navegação e a lavoura, num inteligente aproveitamento das condições excepcionais de toda a vasta região que envolve a cidade propriamente dita.


Edifício da Câmara e estátua de José Estêvão Coelho de Magalhães

Um dos canais da cidade

Trecho do Parque Municipal Infante D. Pedro.

É verdade que durante vários séculos – de D. Afonso Henriques a D. José I – apenas por espaços Aveiro pertenceu à Coroa, mas a justificar a importância que se lhe atribui ficou o facto de os seus sucessivos donatários serem, na grande / 14 / maioria, pessoas gradas intimamente aparentadas com os monarcas: na longa lista encontramos, por exemplo, o infeliz infante D. Pedro, filho de D. João I, irmão do infante D. Henrique e tio de D. Afonso V, a infanta D. Joana, filha deste deste último e irmã extremosa de D. João lI, D. Jorge de Lencastre, bastardo do «Príncipe Perfeito», etc. A este último se deve a construção das muralhas que em 1420 constituíam a defesa da «vila» e que seriam demolidas em 1806 e 1807 para que a sua pedra, já afeiçoada, fosse aplicada nas obras da barra, iniciadas em 1808 para abrir uma era experimental que sujeita a várias contingências, se estenderia por mais de cem anos.

Durante os séculos XIV, XV e XVI, Aveiro firma a sua importância através de uma prosperidade que se reflecte principalmente no seu comércio marítimo. Era, cornos seus doze mil habitantes, uma das maiores povoações do reino dispondo de uma bela frota de navios destinados à pesca de alto-mar.

Perdida a nacionalidade nos campos de Alcácer, Filipe II, de Espanha, concede a Aveiro o título de notável e quando se verifica a restauração toda a zona da beira-mar se mostra digna do momento que se vive.
 

 

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