É sabido que a Ria é a grande base económica da
prosperidade e do futuro de Aveiro. Mas não lhe dá apenas riqueza;
também lhe dá beleza, pitoresco e originalidade, porque é a alma da
paisagem, e o seu espírito marítimo anda no sangue, nos olhos, e nas
tradições da gente de Aveiro.
A novidade de «cenários» que a cidade oferece ao turista está na típica
arquitectura do branco casario a mirar-se nas águas verdes dos canais. O
outro espectáculo que os turistas não esquecem é o do movimento dos
barcos regionais, de linha airosa e quilha recurva, com pinturas
ingénuas onde se reflecte a expressão religiosa e amoruda da gente do
mar. E não é menor a sensação de encanto que se colhe em certos momentos
do entardecer, quando as tintas doiradas do poente se reflectem nas
águas mortas; ou em noites de luar, quando rebrilham, com reflexos de
cristal e prata, as pirâmides das salinas.
Se a cidade, já por si, é típica e oferece aspectos que não se podem
observar em outras cidades do país, não são menos surpreendentes os
variadíssimos trechos de paisagem nos arredores – em Ílhavo, Vagos,
Murtosa, e tantos outros lugares banhados duma luz especial, tocados do
encanto marítimo que paira nesta privilegiada região.
Quem poderá esquecer a fascinação dum passeio nocturno, em noite calmosa
e estrelada, sobre as águas dos canais, quando a própria paisagem parece
dormitar, e o silêncio só é quebrado pelo manso vogar dos barcos no
espelho das águas.
Depois, a faina da gente do mar, a que lida na Ria e a que vai arriscar
a vida na Terra Nova; as lindas mulheres de Aveiro, de Ílhavo e de Ovar;
os costumes pitorescos, a tradição familiar e as manifestações de
religiosidade e de paganismo; os variadíssimos aspectos de arte regional
– tudo isto constitui motivo de atracção, porventura um dos mais belos
cartazes do turismo nacional.
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