O Liceu durante o Estado Novo
(15)
Coincide com o princípio da Ditadura a entrada de José Pereira Tavares
para a reitoria do liceu, ele que já fora reitor interino durante alguns
meses no ocaso da República. Uma das primeiras acções do novel reitor
será, logo em 1926, como fervoroso admirador de José Estêvão,
diligenciar para que o liceu se
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passe a chamar Liceu de José Estêvão, o que acontece a 12 de Maio de
1927,(16) designação que viria a cair em desuso na
década de
quarenta, passando então a chamar-se Liceu Nacional de Aveiro.(17)
No ano lectivo de 1947/48 é criada a secção Feminina do Liceu, secção
essa que durante anos funcionará no mesmo edifício que o Liceu
propriamente dito, sem possibilidade de autonomização, mesmo no novo
edifício, inaugurado no início dos anos cinquenta. É o que reconhece
José Pereira Tavares no Relatório respeitante ao ano de 1953/54 onde
afirma que «[desde] a primeira hora (...) se mostra que o número de
salas é insuficiente para a perfeita e rigorosa instalação da Secção
Feminina. Com mais seis salas desapareceriam todos os inconvenientes.»(18)
Isto numa Escola inaugurada havia dois anos... A solução encontrada foi
a reabertura do edifício da Praça da República, primeiro com algumas
turmas masculinas e a partir do ano lectivo de 1958/59, como Secção
Feminina, situação que havia de continuar até ao 25 de Abril.
Aquilo que designamos por "período de ouro" da história do Liceu de
Aveiro acontece entre 1926, admitimos que esta data poderia ser
anterior, e o início dos anos 40, altura em que a Mocidade Portuguesa
começa a estar omnipresente nos liceus e a cercear a criatividade e a
liberdade de professores e alunos. Durante esse período a actividade
cultural do liceu é de rara importância. É o Liceu que organiza o 10
Congresso da Associação dos Professores dos Liceus, de que foi
organizador e secretário-geral Álvaro Sampaio.(19) É no Liceu que funciona
a sede, redacção e alma da revista Labor, por muitos considerada a mais
importante revista ligada à educação, pelo menos durante esta fase.
O período do Estado Novo também é marcado pela construção de um novo
edifício para o Liceu de Aveiro, mas esse é um assunto a desenvolver no
capítulo que se segue.
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(15)
– Por razões de organização do trabalho considera-se Estado Novo o
periodo que vai de 1926 a 1974, não autonomizando o período da Ditadura
Militar
(16)
– Decreto n.º 13 606 de 12 de Maio de 1927 (“Diário do Governo” n.º
99, de 16 de Maio). Na justificação da mudança diz-se que "o Conselho
Escolar do Liceu de Vasco da Gama de Aveiro, [tinha] representado" nesse
sentido.
(17)
–
Estatuto do Ensino Liceal, decreto 36 508, Diário do Governo de 17 de
Setembro de 1947. Diz o seu arl. 9° "Os liceus das localidades onde haja
mais que um terão uma denominação que os distingue dos outros. Os
restantes terão como denominação o nome da localidade".
(18)
– Anuário do Liceu de Aveiro (1953/54), Aveiro, 1954, p.3.
(19)
– Cf. José Pereira Tavares, Exame de Consciência, Aveiro, 1999, p. 95.
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