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        ■ 
        
        memória 
        
        
        
        LABOR 
          
        
        
        Revista trimestral de educação e ensino e extensão 
        cultural do Liceu Vasco da Gama (José Estêvão desde Jul. 1927) 
        
        
        Revista bimestral de educação e ensino e extensão 
        cultural e órgão provisório do professorado liceal (desde Jan. de 1927) 
        
        
        Revista mensal de educação e ensino e extensão cultural 
        do ensino secundário (desde Out. 1932) 
        
        
        Revista do ensino liceal fundada por José Pereira Tavares 
        e Álvaro Sampaio (desde Mar. 1951) 
        
        
          
        
        
        Aveiro 
        
        
        Jan.1926-Dez. 1931/Out. 1932-Jun. 
        
        1940/Mar. 1951-Jun. 1973 
        
        
          
        
        ■ 
        
        Periodicidade, formato, n.º de páginas, preço e tiragem 
        
        
        Trimestral; bimestral (desde Jan. 1927); mensal (desde 
        Jan. 1931) – não se publica durante as férias escolares Jul. a Set.). 22 
        cm, cerca de 60 pp., 25$00 / 60$00 (assinatura anual), 400 exemplares 
        (Jan. 1926) / 1100 exemplares (Jan. 1966). 
        
        
          
        
        ■
        Responsáveis 
        
        
        Até Jun. 1940, José Pereira Tavares e Álvaro Sampaio são 
        simultaneamente directores e editores, enquanto o administrador é 
        Armando Coimbra. Entre Jul. 1926 e Set. 1927, Pedro Gradil desempenha a 
        função de editor. A propriedade do periódico pertence a "um grupo de 
        professores" do Liceu de Aveiro até Jul. 1932. Após Mar. 1951, a 
        propriedade, direcção e edição surgem asseguradas por José Pereira 
        Tavares e José Augusto Teixeira, este último até Jul.1971. O cargo de 
        administrador está atribuído a António Fernandes Marques da Rocha, 
        sucedendo-lhe, em Jun. 1958, José Gomes Bento. A redacção e 
        administração encontram-se sediadas no Liceu de Aveiro. 
        
        
          
        
        ■
        
        
        
        Colaboradores 
        
        
        Todos os responsáveis colaboram com bastante 
        regularidade, embora a contribuição de José Pereira Tavares deva ser 
        destacada. Tendo em conta a história da revista, é conveniente isolar as 
        participações até 1940 e após 1951. 
        
        
        Apesar disso, registem-se previamente os autores 
        presentes nas duas "fases" de forma mais ou menos assídua: Manuel Cruz 
        Malpique, Alves de Moura, F. Falcão Machado, José Augusto Cardoso, 
        Álvaro de Ataíde, António Nicodemo de Sousa Pereira, Arminda Paula, 
        Américo Pires de Lima, António Salgado Júnior, Galiano Tavares, Fernando 
        L. M. Zamith, Alexandre Rodrigues, Rómulo de Carvalho, Cândido P. 
        Forjaz, Roger Gal e Francisco Dias Agudo. 
        
        
        Alguns destes, colaboram regularmente: 
        
        
        – Até 1940: J. H. Barata, Alfredo Carvalho, Jaime 
        Magalhães Lima, A. Riley da Mota e Luís Teny; 
        
        
        – Apôs 1951: Adriano Nunes Almeida, Fernando Pinho 
        Almeida, Maria Teodora Alves, António Simões Capão, Fernando V. Peixoto 
        da Fonseca, José Machado Gil, Elviro da Rocha Gomes, Virgílio Lemos, 
        Basílio Lopes, Carlos Montenegro Miguel, Maria Alda de Lima Monteiro, 
        Orlando de Oliveira, José de Almeida Pavão Júnior, Abílio Alves 
        Perfeito, Guilherme Pimentel, José Pinho Soares, Manuel Joaquim de Sousa 
        Ventura e Evaristo Guedes Vieira. De forma esporádica participam: 
        
        
        – Até 1940: Mário Alcântara, M. Adrião Amado, António F. 
        Botelho, João Brás, Agostinho Campos, Alberto Candeias, D. Juan 
        Carandell, Norberto  
        
        / 4 /
        Cardigos, João da Silva Correia, Mendonça e 
        Costa, Gastão de Sousa Dias, Francisco de Sena Esteves, Albano Maria 
        Fernandes, Joaquim Figanier, Tenório Figueiredo, Braga Paixão, J. J. 
        Oliveira Guimarães, Rui Lapa, Viegas Louro, Álvaro Rodrigues Machado, 
        António Machado, Augusto Reis Machado, Gaspar Machado, Armando Duarte 
        Meio, Carlos Negrão, 
        
        
        José de Barros Nobre, Alberto Sá de Oliveira, António J. 
        de Sá Oliveira, José Alves Oliveira, Seomara da Costa Primo, Manuel 
        Oliveira, Carlos Eugénio Pereira, Alfredo Dias Pinheiro, Aurélio 
        Quintanilha, Alberto da Silve ira Ramos, Feliciano Ramos, Serras e 
        Silva, Raul Torres, José M. Queirós Veloso e Rafael Candel Vila; 
        
        
        – Após 1951: Alfredo Betâmio Almeida, Francisco Miranda 
        de Andrade, Maria Eulália Balacó, Maria Beatriz Serpa Branco, José 
        Cardoso, José Bettencourt Coelho, Amália Ferreira da Costa, Firmino 
        Crespo, Mário Dionísio, João Abreu Faria, Maria do Céu Morais Faria, 
        Albino Ferreira, António Gomes Ferreira, Maria do Rosário Neves Ferro, 
        Mário Fiúza, Maria da Conceição R. G. Fonseca, Francisco Maria 
        Gonçalves, Rui Grácio, António Augusto Lopes, Maria Manuela Cura 
        Mariano, Carlos Alberto Marques, F. da Costa Marques, Américo da Silva 
        Matos, José de Melo, António Dias Miguel, Ladislau Morais, José Neves, 
        Amílcar Patrício, António Mário Pedro, João A. C. Pinheiro, Manuel da 
        Conceição Pires, André Ala dos Reis, Mário de Vasconcelos e Sá, Alfredo 
        Santos, Augusto Saraiva, Ilídio Sardoeira, Pedro Cunha Serra, JoeI 
        Serrão, Francesco Sessa, Cristóvão Silva, José Carneiro da Silva, Luís 
        Gonçalves da Silva, Túlio Lopes Tomás, Júlio Reis Torgal, Leôncio 
        Urahayen, Augusta de Faria Gersão Ventura, Manuel Duque Viera e Manuel 
        Elísio Dias Vieira. 
        
        
        A lista de colaboradores é muito mais extensa (só foram 
        indicados os que assinam três ou mais textos), sendo composta 
        fundamentalmente por professores e reitores liceais, secundados por 
        docentes de outros graus de ensino, inspectores, orienta dores e 
        responsáveis do Ministério da Educação Nacional. Por isto, e pelo facto 
        de existir um índice geral por autores, somente assinalamos do grupo de 
        colaboradores eventuais os nomes de Leite de Vasconcelos, Fidelino 
        Figueiredo, Joaquim de Carvalho, Augusto Pires de Lima, Fortunato de 
        Almeida, Orlando Ribeiro, A. de Amorim Girão, Rodrigues Lapa, Joaquim 
        Veríssimo Serrão, Delfim Santos, José Hermano Saraiva e Hernâni Cidade. 
        
        
          
        
        ■
        
        
        
        OBJECTIVO 
        
        
        "(...) cumpre ao professor esforçar-se constantemente por 
        melhorar, aplicando os mais sãos e racionais preceitos pedagógicos e 
        didácticos modernos, e mostrar aos pais dos seus alunos, e mesmo aos 
        estranhos, o que ensina e como ensina. 
        
        
        Foi este pensamento que deu origem a esta publicação. A 
        ânsia do progresso, o desejo de aperfeiçoar o que julguemos defeituoso 
        trouxe-nos a esta tentativa de revista liceal, que não é a primeira 
        entre nós, mas que não tem antes de si outra com o mesmo carácter. Eis o 
        nosso programa que, em poucas palavras, eloquentemente dirá o que temos 
        em vista: aqui mostraremos até aonde vão os nossos esforços em ensinar e 
        investigar; aqui exporemos o que pensamos da pedagogia e da didáctica do 
        ensino secundário nos seus diferentes distritos; aqui publicaremos e 
        discutiremos os diplomas oficiais que nos digam respeito; aqui 
        defenderemos tudo quanto possa contribuir para o aperfeiçoamento do 
        ensino secundário e para o engrandecimento da classe do professorado 
        liceal; como meio de extensão de cultura, aqui inseriremos pequenos 
        trabalhos e artigos científicos e pedagógicos, solicitados a altos 
        espíritos de Portugal, e mesmo do estrangeiro; aqui, finalmente, daremos 
        conta de tudo quanto se prenda com a vida interna e missão educativa do 
        estabelecimento de ensino onde com um afinco e fé inabaláveis 
        transmitimos conhecimentos e moldamos carácteres. [...] 
        
        
        
        Labor? Sem dúvida! Sempre temos levantado esta bandeira, 
        ensinando e educando; é debaixo dela que nós queremos mostrar, a quem 
        nos ler, como ensinamos e educamos e quanto nos vamos esforçando por que 
        os clamores contra o ensino secundário se tornem cada vez mais débeis e, 
        sobretudo, cada vez mais raros" (A Direcção, n.º 1, Jan. 1926) 
        
        / 5 / 
        
        
        "Dissemos no último número desta revista, em Dezembro de 
        1931, sob o título Palavras finais: 
        
        
        "Cá ficamos, pois, à espera. Se, porém, outra revista não 
        aparecer a substituir a Labor; se fracassarem os planos daqueles que, 
        num legítimo direito que só merece aplauso, desejam imprimir novas 
        directrizes ao órgão da classe na imprensa, a Labor reaparecerá com a 
        mesma orientação, com a mesma modéstia em que tem vivido, seguindo o 
        mesmo programa e moldada nos mesmos princípios que sempre a no11earam 
        nesta, então, primeira fase, mas não será jamais órgão oficial da 
        Associação. Compreendemos o momento que passa. Há a isenção precisa para 
        deixar campo livre a todas as actividades; há braços abertos para 
        receber os que vierem continuar a obra que encetámos e ã qual demos o 
        melhor da nossa dedicação e do nosso esforço". 
        
        
        Um ano lectivo passou e nenhuma revista, editada por 
        professores do ensino liceal, veio substituir a Labor [...] 
        
        
        Não temos a veleidade de pretender pôr todo o mundo de 
        acordo; impossível que as nossas opiniões tenham o assentimento unânime 
        do professorado; mas quem discordar pode fazê-lo nas colunas da Labor. 
        Não somos infalíveis [...] 
        
        
        Funcionários do Estado, como somos, se temos de apreciar 
        e analisar a obra dos nossos superiores hierárquicos – o que algumas 
        vezes não nos é permitido – dois riscos igualmente graves nos assaltam: 
        se louvamos, a classe apoda-nos de servis; se combatemos, as instâncias 
        superiores olham-nos como indisciplinados. Mas a classe não raciocina 
        sobre estes factos, não analisa a nossa situação e julga-nos, quase 
        sempre, com um critério simplista. Uns querem que a Labor seja um órgão 
        de ataque, uma espécie de Batalha; outros pretendem que a revista apoie 
        incondicionalmente tudo quanto os governos se lembram de decretar; 
        outros ainda desejam que uma publicação desta natureza se mantenha 
        alheia a críticas e conserve um carácter puramente doutrinário, 
        estritamente pedagógico. 
        
        
        Se procurássemos, nos nossos escritos, pôr de lado o que 
        pode molestar e ferir interesses particulares, tudo o que vai contrariar 
        a lei do menor esforço, calar o que merece repulsa e indignação, 
        seríamos fatalmente conduzidos a despir a revista de todo o interesse, 
        para a transformar num órgão incolor, amorfo, insípido, sem vida, de 
        aspecto puramente burocrático. 
        
        
        Continuaremos, pois, na mesma orientação anterior, apenas 
        mais calmos na nossa maneira de apreciar os factos, mais cônscios da 
        nossa autoridade moral, mais aferrados ao interesse colectivo, o Único 
        que guiará os nossos passos, dirigirá os nossos actos, orientará as 
        nossas opiniões. Procuraremos, dentro das nossas possibilidades, criar 
        melhor ambiente ao professorado liceal e combater o sistema de 
        desconfiança que tem gerado parte da nossa legislação sobre o ensino 
        secundário. […] 
        
        
        A Labor não é uma empresa financeira. O nosso 
        objectivo é servir a classe do professorado – a sua parte sã, entenda-se 
        – e o ensino secundário nacional. Para isso trabalharemos sem descanso, 
        reclamando para a classe todas as regalias justas, de ordem moral e 
        material, e para o ensino um melhor aproveitamento de todas as 
        actividades num sentido mais equitativo e humano. 
        
        
          
        
        
        O nosso fim é que a Labor seja um órgão de 
        trabalho em comum, onde os professores comuniquem as suas impressões, as 
        suas dúvidas, os seus desejos, as suas discordâncias, as suas opiniões; 
        em suma, onde o trabalho, em todos os seus aspectos, encontre a sua 
        expressão mais imediata e completa. 
        
        
        A classe desinteressa-se. A classe prefere a apatia em 
        que vivia antes de 1926 e o silêncio em que mergulhou durante o ano 
        lectivo findo, abandonando ã indiferença todos os problemas vitais que 
        lhe dizem respeito? Ou o professorado liceal quer reagir novamente, 
        deseja continuar a trabalhar, a possuir uma voz na imprensa que diga as 
        suas aspirações, os seus anseios, os seus clamores?" (A Direcção, ano 7, 
        n.º 39, Out. 1932). 
        
          
        
        
        "Parecia, portanto, que cada vez mais se afastava a 
        hipótese de a revista tornar a ver a luz dos prelos, mas tal não 
        aconteceu: no princípio deste ano lectivo, o prof. José Augusto 
        Teixeira, um novo cheio de fé e entusiasmo pelos assuntos da  
        
        / 6 /
        Educação e da Cultura, repetidas vezes instou junto de mim para que a 
        antiga revista, ainda não esquecida, de novo viesse afirmar ao Governo e 
        ao País a vitalidade, a nobreza, a competência e a cultura da nossa 
        classe. 
        
        
        Cedi; e, troca das impressões com o meu antigo camarada 
        na direcção da revista, ficou assente que ela reapareceria, se a classe, 
        assinando-a, lhe garantisse vida desafogada. Ora é gratíssimo verificar 
        e afirmar que de quase todos os Liceus mereceu a iniciativa os mais 
        calorosos aplausos e o mais decidido apoio. 
        
        
        Por vontade da classe, pois, ei-la de pé! Dos benefícios 
        que dela resultarem partilharão todos os professores, mesmo aqueles que 
        não queiram ou não possam acompanhar-nos. 
        
        
        A orientação da nossa revista é a mesma da antiga 
        Labor: independência de juízos e de opiniões; predominante afirmação 
        de cultura; desejo, muito sincero, de colaboração com as entidades 
        oficiais na resolução de problemas pedagógicos; crítica construtiva 
        perante diplomas oficiais; informação do que em matéria cultural ou de 
        actividades circum-escolares se vai fazendo em todos os liceus da 
        Metrópole, das Ilhas e das Províncias Ultramarinas; defesa dos legítimos 
        interesses de uma classe que, em geral, se tem imposto por trabalho 
        valioso e honesto" (José Pereira Tavares, ano 15, n.º 111, Mar. 1951). 
        
        
          
        
        ■
        
        
        
        CONTEÚDO 
        
        
        Revista fundamental para o estudo da imprensa pedagógica 
        no século XX, Labor revela-se também importante para algumas questões 
        ligadas ao ensino liceal. Surgindo nas vésperas do "Golpe Militar de 
        Maio de 1926, este periódico só viria a desaparecer – pesem embora as 
        suspensões que conheceu – alguns meses antes do fim do regime que sucede 
        à Ditadura, apresentando a característica singular de não ser uma 
        publicação editada por qualquer dos órgãos dirigentes da política do 
        Estado Novo. Tendo saído da iniciativa de um grupo de professores do 
        ensino secundário, tenderá a afirmar-se como voz autónoma na defesa dos 
        interesses socioprofissionais do professorado e como contributo 
        essencial dos docentes para o progresso deste grau de ensino. 
        Saliente-se ainda que estas características globais adquirem, com o 
        tempo, matrizes diferenciadas a que não são, aliás, alheias as duas 
        interrupções ocorridas. 
        
        
        Assim, se aparece como uma "revista trimestral de 
        educação e ensino e extensão cultural", rapidamente acrescentará ao 
        subtítulo a designação de "órgão provisório do professorado liceal". De 
        facto, Labor participa no espírito de uma fase a que, mais tarde, 
        Mário de Vasconcelos e Sá chamará, num artigo datado de 1965 sobre os 
        congressos de 1927 a 1931, "a idade de ouro do ensino liceal". É a 
        partir dessa ligação íntima entre a revista e os professores do ensino 
        secundário que, de resto, se entende a primeira "suspensão forçada" da 
        revista. Esta ideia é corroborada pelo depoimento de Álvaro Sampaio na 
        comemoração do 40.º aniversário, quando escreve que essa interrupção 
        surgiu "em virtude de o Congresso de Coimbra, o V do professorado 
        liceal, ter aprovado a proposta de uma colega, no sentido de criar-se 
        uma revista que fosse o órgão dos professores dos liceus, quando é cel10 
        que, nessa altura, a revista era de facto, o órgão oficial da classe" 
        (n.º 244, Jan. 1966). Quando reaparece em Outubro de 1932, Labor 
        reformula parte do seu complemento de título. Reafirma todavia o 
        propósito de ser a "voz na imprensa" das reivindicações e anseias dos 
        professores liceais. A continuidade formal confirma esta pretensão, mas 
        os artigos relativos aos "interesses do professorado" passam a ocupar um 
        número consideravelmente menor de páginas da revista. Dificuldades na 
        gestão financeira e o aparecimento do boletim oficial “Liceus de 
        Portugal” explicam o fim da segunda série. O "editorial" do n.º 110 
        (Jun. 1940) é elucidativo: "À semelhança da Escola Portuguesa, 
        órgão do Ensino Primário, todos os professores, mesmo aqueles que nunca 
        assinaram a nossa revista, quererão receber o novo Boletim, 
        motivo bastante para que a Labor dê por terminada a sua acção, 
        porquanto os professores dos nossos liceus, ratinhamente distribuídos 
        como estão, alguns vivendo mesmo em situação af1itiva, não podem 
        sustentar, como é óbvio, duas revistas". 
        
        / 
        7 / 
        
        
        O segundo reaparecimento ocorrerá cerca de onze anos mais 
        tarde. As iniciativas de José Augusto Teixeira junto de José Tavares e 
        as suas negociações com responsáveis do Ministério – Fernando A. Pires 
        de Lima (ministro), António A. Pires (director geral) e Francisco Prieto 
        (director-geral interino) – possibilitaram a continuação de Labor, 
        que se iria manter até 1973, mesmo após o afastamento de José A. 
        Teixeira em 1971. Nestas duas últimas séries, a revista não abandonará o 
        tom crítico e relativamente independente. Nota-se, contudo, que existe 
        uma tendência gradual para privilegiar os objectivos informativos em 
        detrimento da análise dos problemas profissionais do professorado. 
        
        
        Tendo em conta o que já foi referido, pode afirmar-se que 
        o conteúdo de Labor abrange tudo o que ao ensino 
        liceal/secundário diz respeito entre as datas assinaladas: revista de 
        "extensão cultural", divulgando trabalhos científicos e pedagógicos com 
        a intenção de desenvolver as capacidades de ensino e investigação dos 
        professores, função esta que se estende ao domínio da didáctica 
        aplicada; periódico de "defesa do ensino secundário e engrandecimento 
        dos professores", publicando neste sentido diplomas oficiais e dados 
        relativos ã história e vida interna de quase todos os liceus. É evidente 
        que fenómenos circunstanciais produzem alterações no equilíbrio dos 
        assuntos, mas para descrever tal situação deverá atender-se aos momentos 
        fundamentais por que passou esse nível de ensino, tarefa que não se 
        enquadra nos parâmetros deste Repertório. 
        
        
          
        
        
        Pelo facto de Falcão Machado ter organizado, em 1974, um 
        índice geral (ordenado por autor e título com eventuais apontamentos 
        temáticos) e pelas razões apontadas, indicaremos somente as secções e 
        assuntos predominantes, dividindo-os em quatro grandes áreas. 
        
        
          
        
        
        A primeira área engloba as secções (regulares) que 
        integram trabalhos de divulgação científica, relativos à preparação 
        docente e ao seu trabalho de investigação: "Filologia, etnografia, 
        crítica, filosofia, Ciências Histórico-Geográficas" e "Ciências 
        Matemáticas, Ciências Físico-Químicas, Ciências Histórico-Naturais". 
        Neste espaço publicam-se artigos de actualização de conhecimentos, de 
        aplicação didáctica, de inserção curricular de matérias culturais 
        científicas, de assuntos complementares à educação formal (literatura 
        infantil e teatro) e de natureza educacional (biografias de autores 
        pedagógicos, aspectos históricos do ensino liceal e das ciências 
        aplicadas ao ensino). 
        
        
          
        
        
        A segunda área, "Interesses do professorado", é bem o 
        paradigma das tendências evolutivas do periódico. Inicialmente aborda 
        tudo o que se relaciona com a política educativa (nomeadamente no âmbito 
        docente) e com as perspectivas e debates em torno dos professores, a 
        situação assistencial, salarial, representativa, formativa e de 
        colocação do corpo docente são constantes até 1932. Após esta data, os 
        problemas da assistência e formação ganham predominância. Depois de 
        1951, estes temas são abandonados, ficando a secção reduzida ao 
        "movimento oficial". Todavia, após meados de sessenta, as questões de 
        formação, estágios e exames serão retomados com algum desenvolvimento, 
        nomeadamente aquando dos projectos de reforma. 
        
        
          
        
        
        A terceira área, "Pedagogia e didáctica – Higiene e 
        medicina escolar – Educação Física e Canto Coral", é talvez a que ocupa 
        um maior peso global na revista. Aí encontramos, essencialmente, textos 
        sobre a organização curricular e gestão de programas, os meios e métodos 
        de ensino, os exames e sua discussão (um dos temas mais constantes), a 
        educação física, moral, cívica e sexual, as várias correntes pedagógicas 
        e o seu significado em Portugal, a história do ensino e da organização 
        dos professores liceais, as correntes de reforma do ensino no 
        estrangeiro e em Portugal, as características psicossociológicas de 
        alunos e professores, etc. Após 1932, encontramos alguns textos que 
        incidem nos problemas socioeconómicos e de formação do corpo docente, 
        sendo óbvio que, a partir de 1951, é para esta área que transita a 
        abordagem dos "interesses do professorado"; 
        
        / 
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        Finalmente, numa quarta área, deparamo-nos com uma série 
        de rubricas, nomeadamente: 
        
        
        – "Vida Oficial", até 1931 inserida em "Interesses do 
        professorado", é uma secção de apoio jurídico e informativo que contém 
        dados relativos ao "movimento dos professores" e publica esporadicamente 
        diplomas referentes à formação, colocação e funções dos docentes; 
        
        
        – "Liceus e colégios" inclui dados respeitantes às 
        instituições do ensino secundário, que abrangem a origem e evolução do 
        liceu ou colégio, mapas do pessoal docente e quadros de frequência; 
        
        
        – "Bibliografia" e "Vária" são secções regulares do 
        periódico a que se acrescenta uma frequente primeira página de "obras 
        recomendadas"; 
        
        
        – Por Último, existem secções de duração efémera, tais 
        como "Crónica do estrangeiro", "Ecos e Notícias", "Pontos de Exame" e 
        "Necrologia" (maioritariamente alusiva a professores). 
        
        
          
        
        
        Além das secções referidas, Labor oferece ainda alguns 
        artigos em jeito de editorial (normalmente no princípio e no fim de cada 
        ano de publicação) contendo apreciações sobre a situação do ensino 
        liceal, reportadas a um momento específico, e balanços breves da vida da 
        revista. Aparecem ainda publicados inquéritos sobre várias questões da 
        educação e uma lista regular de representantes da revista em liceus e 
        colégios. A contracapa é, por vezes, utilizada para publicitar livros, 
        editoras e material escolar. Anotem-se, por último, duas informações que 
        facilitam a consulta e leitura da revista: a existência, além do índice 
        geral já mencionado, de índices anuais, organizados por autor e título, 
        interrompido entre 1957 e 1960 e retomados já só com indicação de 
        autores; e a publicação de um número comemorativo do 40.º aniversário de 
        Labor (n.º 244, Jan. 1966). 
        
        
          
        
        
        
        Transcrição da entrada "LABOR" em A Imprensa de Educação e Ensino: 
        Repertório Analítico (Séculos XIX-XX / dir. António Nóvoa. – Memórias da 
        Educação; 1) ISBN 972-938014-7; Instituto de Inovação Educacional, 
        Lisboa, 1983 [p. 581-585] 
        
          
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