■
memória
LABOR
Revista trimestral de educação e ensino e extensão
cultural do Liceu Vasco da Gama (José Estêvão desde Jul. 1927)
Revista bimestral de educação e ensino e extensão
cultural e órgão provisório do professorado liceal (desde Jan. de 1927)
Revista mensal de educação e ensino e extensão cultural
do ensino secundário (desde Out. 1932)
Revista do ensino liceal fundada por José Pereira Tavares
e Álvaro Sampaio (desde Mar. 1951)
Aveiro
Jan.1926-Dez. 1931/Out. 1932-Jun.
1940/Mar. 1951-Jun. 1973
■
Periodicidade, formato, n.º de páginas, preço e tiragem
Trimestral; bimestral (desde Jan. 1927); mensal (desde
Jan. 1931) – não se publica durante as férias escolares Jul. a Set.). 22
cm, cerca de 60 pp., 25$00 / 60$00 (assinatura anual), 400 exemplares
(Jan. 1926) / 1100 exemplares (Jan. 1966).
■
Responsáveis
Até Jun. 1940, José Pereira Tavares e Álvaro Sampaio são
simultaneamente directores e editores, enquanto o administrador é
Armando Coimbra. Entre Jul. 1926 e Set. 1927, Pedro Gradil desempenha a
função de editor. A propriedade do periódico pertence a "um grupo de
professores" do Liceu de Aveiro até Jul. 1932. Após Mar. 1951, a
propriedade, direcção e edição surgem asseguradas por José Pereira
Tavares e José Augusto Teixeira, este último até Jul.1971. O cargo de
administrador está atribuído a António Fernandes Marques da Rocha,
sucedendo-lhe, em Jun. 1958, José Gomes Bento. A redacção e
administração encontram-se sediadas no Liceu de Aveiro.
■
Colaboradores
Todos os responsáveis colaboram com bastante
regularidade, embora a contribuição de José Pereira Tavares deva ser
destacada. Tendo em conta a história da revista, é conveniente isolar as
participações até 1940 e após 1951.
Apesar disso, registem-se previamente os autores
presentes nas duas "fases" de forma mais ou menos assídua: Manuel Cruz
Malpique, Alves de Moura, F. Falcão Machado, José Augusto Cardoso,
Álvaro de Ataíde, António Nicodemo de Sousa Pereira, Arminda Paula,
Américo Pires de Lima, António Salgado Júnior, Galiano Tavares, Fernando
L. M. Zamith, Alexandre Rodrigues, Rómulo de Carvalho, Cândido P.
Forjaz, Roger Gal e Francisco Dias Agudo.
Alguns destes, colaboram regularmente:
– Até 1940: J. H. Barata, Alfredo Carvalho, Jaime
Magalhães Lima, A. Riley da Mota e Luís Teny;
– Apôs 1951: Adriano Nunes Almeida, Fernando Pinho
Almeida, Maria Teodora Alves, António Simões Capão, Fernando V. Peixoto
da Fonseca, José Machado Gil, Elviro da Rocha Gomes, Virgílio Lemos,
Basílio Lopes, Carlos Montenegro Miguel, Maria Alda de Lima Monteiro,
Orlando de Oliveira, José de Almeida Pavão Júnior, Abílio Alves
Perfeito, Guilherme Pimentel, José Pinho Soares, Manuel Joaquim de Sousa
Ventura e Evaristo Guedes Vieira. De forma esporádica participam:
– Até 1940: Mário Alcântara, M. Adrião Amado, António F.
Botelho, João Brás, Agostinho Campos, Alberto Candeias, D. Juan
Carandell, Norberto
/ 4 /
Cardigos, João da Silva Correia, Mendonça e
Costa, Gastão de Sousa Dias, Francisco de Sena Esteves, Albano Maria
Fernandes, Joaquim Figanier, Tenório Figueiredo, Braga Paixão, J. J.
Oliveira Guimarães, Rui Lapa, Viegas Louro, Álvaro Rodrigues Machado,
António Machado, Augusto Reis Machado, Gaspar Machado, Armando Duarte
Meio, Carlos Negrão,
José de Barros Nobre, Alberto Sá de Oliveira, António J.
de Sá Oliveira, José Alves Oliveira, Seomara da Costa Primo, Manuel
Oliveira, Carlos Eugénio Pereira, Alfredo Dias Pinheiro, Aurélio
Quintanilha, Alberto da Silve ira Ramos, Feliciano Ramos, Serras e
Silva, Raul Torres, José M. Queirós Veloso e Rafael Candel Vila;
– Após 1951: Alfredo Betâmio Almeida, Francisco Miranda
de Andrade, Maria Eulália Balacó, Maria Beatriz Serpa Branco, José
Cardoso, José Bettencourt Coelho, Amália Ferreira da Costa, Firmino
Crespo, Mário Dionísio, João Abreu Faria, Maria do Céu Morais Faria,
Albino Ferreira, António Gomes Ferreira, Maria do Rosário Neves Ferro,
Mário Fiúza, Maria da Conceição R. G. Fonseca, Francisco Maria
Gonçalves, Rui Grácio, António Augusto Lopes, Maria Manuela Cura
Mariano, Carlos Alberto Marques, F. da Costa Marques, Américo da Silva
Matos, José de Melo, António Dias Miguel, Ladislau Morais, José Neves,
Amílcar Patrício, António Mário Pedro, João A. C. Pinheiro, Manuel da
Conceição Pires, André Ala dos Reis, Mário de Vasconcelos e Sá, Alfredo
Santos, Augusto Saraiva, Ilídio Sardoeira, Pedro Cunha Serra, JoeI
Serrão, Francesco Sessa, Cristóvão Silva, José Carneiro da Silva, Luís
Gonçalves da Silva, Túlio Lopes Tomás, Júlio Reis Torgal, Leôncio
Urahayen, Augusta de Faria Gersão Ventura, Manuel Duque Viera e Manuel
Elísio Dias Vieira.
A lista de colaboradores é muito mais extensa (só foram
indicados os que assinam três ou mais textos), sendo composta
fundamentalmente por professores e reitores liceais, secundados por
docentes de outros graus de ensino, inspectores, orienta dores e
responsáveis do Ministério da Educação Nacional. Por isto, e pelo facto
de existir um índice geral por autores, somente assinalamos do grupo de
colaboradores eventuais os nomes de Leite de Vasconcelos, Fidelino
Figueiredo, Joaquim de Carvalho, Augusto Pires de Lima, Fortunato de
Almeida, Orlando Ribeiro, A. de Amorim Girão, Rodrigues Lapa, Joaquim
Veríssimo Serrão, Delfim Santos, José Hermano Saraiva e Hernâni Cidade.
■
OBJECTIVO
"(...) cumpre ao professor esforçar-se constantemente por
melhorar, aplicando os mais sãos e racionais preceitos pedagógicos e
didácticos modernos, e mostrar aos pais dos seus alunos, e mesmo aos
estranhos, o que ensina e como ensina.
Foi este pensamento que deu origem a esta publicação. A
ânsia do progresso, o desejo de aperfeiçoar o que julguemos defeituoso
trouxe-nos a esta tentativa de revista liceal, que não é a primeira
entre nós, mas que não tem antes de si outra com o mesmo carácter. Eis o
nosso programa que, em poucas palavras, eloquentemente dirá o que temos
em vista: aqui mostraremos até aonde vão os nossos esforços em ensinar e
investigar; aqui exporemos o que pensamos da pedagogia e da didáctica do
ensino secundário nos seus diferentes distritos; aqui publicaremos e
discutiremos os diplomas oficiais que nos digam respeito; aqui
defenderemos tudo quanto possa contribuir para o aperfeiçoamento do
ensino secundário e para o engrandecimento da classe do professorado
liceal; como meio de extensão de cultura, aqui inseriremos pequenos
trabalhos e artigos científicos e pedagógicos, solicitados a altos
espíritos de Portugal, e mesmo do estrangeiro; aqui, finalmente, daremos
conta de tudo quanto se prenda com a vida interna e missão educativa do
estabelecimento de ensino onde com um afinco e fé inabaláveis
transmitimos conhecimentos e moldamos carácteres. [...]
Labor? Sem dúvida! Sempre temos levantado esta bandeira,
ensinando e educando; é debaixo dela que nós queremos mostrar, a quem
nos ler, como ensinamos e educamos e quanto nos vamos esforçando por que
os clamores contra o ensino secundário se tornem cada vez mais débeis e,
sobretudo, cada vez mais raros" (A Direcção, n.º 1, Jan. 1926)
/ 5 /
"Dissemos no último número desta revista, em Dezembro de
1931, sob o título Palavras finais:
"Cá ficamos, pois, à espera. Se, porém, outra revista não
aparecer a substituir a Labor; se fracassarem os planos daqueles que,
num legítimo direito que só merece aplauso, desejam imprimir novas
directrizes ao órgão da classe na imprensa, a Labor reaparecerá com a
mesma orientação, com a mesma modéstia em que tem vivido, seguindo o
mesmo programa e moldada nos mesmos princípios que sempre a no11earam
nesta, então, primeira fase, mas não será jamais órgão oficial da
Associação. Compreendemos o momento que passa. Há a isenção precisa para
deixar campo livre a todas as actividades; há braços abertos para
receber os que vierem continuar a obra que encetámos e ã qual demos o
melhor da nossa dedicação e do nosso esforço".
Um ano lectivo passou e nenhuma revista, editada por
professores do ensino liceal, veio substituir a Labor [...]
Não temos a veleidade de pretender pôr todo o mundo de
acordo; impossível que as nossas opiniões tenham o assentimento unânime
do professorado; mas quem discordar pode fazê-lo nas colunas da Labor.
Não somos infalíveis [...]
Funcionários do Estado, como somos, se temos de apreciar
e analisar a obra dos nossos superiores hierárquicos – o que algumas
vezes não nos é permitido – dois riscos igualmente graves nos assaltam:
se louvamos, a classe apoda-nos de servis; se combatemos, as instâncias
superiores olham-nos como indisciplinados. Mas a classe não raciocina
sobre estes factos, não analisa a nossa situação e julga-nos, quase
sempre, com um critério simplista. Uns querem que a Labor seja um órgão
de ataque, uma espécie de Batalha; outros pretendem que a revista apoie
incondicionalmente tudo quanto os governos se lembram de decretar;
outros ainda desejam que uma publicação desta natureza se mantenha
alheia a críticas e conserve um carácter puramente doutrinário,
estritamente pedagógico.
Se procurássemos, nos nossos escritos, pôr de lado o que
pode molestar e ferir interesses particulares, tudo o que vai contrariar
a lei do menor esforço, calar o que merece repulsa e indignação,
seríamos fatalmente conduzidos a despir a revista de todo o interesse,
para a transformar num órgão incolor, amorfo, insípido, sem vida, de
aspecto puramente burocrático.
Continuaremos, pois, na mesma orientação anterior, apenas
mais calmos na nossa maneira de apreciar os factos, mais cônscios da
nossa autoridade moral, mais aferrados ao interesse colectivo, o Único
que guiará os nossos passos, dirigirá os nossos actos, orientará as
nossas opiniões. Procuraremos, dentro das nossas possibilidades, criar
melhor ambiente ao professorado liceal e combater o sistema de
desconfiança que tem gerado parte da nossa legislação sobre o ensino
secundário. […]
A Labor não é uma empresa financeira. O nosso
objectivo é servir a classe do professorado – a sua parte sã, entenda-se
– e o ensino secundário nacional. Para isso trabalharemos sem descanso,
reclamando para a classe todas as regalias justas, de ordem moral e
material, e para o ensino um melhor aproveitamento de todas as
actividades num sentido mais equitativo e humano.
O nosso fim é que a Labor seja um órgão de
trabalho em comum, onde os professores comuniquem as suas impressões, as
suas dúvidas, os seus desejos, as suas discordâncias, as suas opiniões;
em suma, onde o trabalho, em todos os seus aspectos, encontre a sua
expressão mais imediata e completa.
A classe desinteressa-se. A classe prefere a apatia em
que vivia antes de 1926 e o silêncio em que mergulhou durante o ano
lectivo findo, abandonando ã indiferença todos os problemas vitais que
lhe dizem respeito? Ou o professorado liceal quer reagir novamente,
deseja continuar a trabalhar, a possuir uma voz na imprensa que diga as
suas aspirações, os seus anseios, os seus clamores?" (A Direcção, ano 7,
n.º 39, Out. 1932).
"Parecia, portanto, que cada vez mais se afastava a
hipótese de a revista tornar a ver a luz dos prelos, mas tal não
aconteceu: no princípio deste ano lectivo, o prof. José Augusto
Teixeira, um novo cheio de fé e entusiasmo pelos assuntos da
/ 6 /
Educação e da Cultura, repetidas vezes instou junto de mim para que a
antiga revista, ainda não esquecida, de novo viesse afirmar ao Governo e
ao País a vitalidade, a nobreza, a competência e a cultura da nossa
classe.
Cedi; e, troca das impressões com o meu antigo camarada
na direcção da revista, ficou assente que ela reapareceria, se a classe,
assinando-a, lhe garantisse vida desafogada. Ora é gratíssimo verificar
e afirmar que de quase todos os Liceus mereceu a iniciativa os mais
calorosos aplausos e o mais decidido apoio.
Por vontade da classe, pois, ei-la de pé! Dos benefícios
que dela resultarem partilharão todos os professores, mesmo aqueles que
não queiram ou não possam acompanhar-nos.
A orientação da nossa revista é a mesma da antiga
Labor: independência de juízos e de opiniões; predominante afirmação
de cultura; desejo, muito sincero, de colaboração com as entidades
oficiais na resolução de problemas pedagógicos; crítica construtiva
perante diplomas oficiais; informação do que em matéria cultural ou de
actividades circum-escolares se vai fazendo em todos os liceus da
Metrópole, das Ilhas e das Províncias Ultramarinas; defesa dos legítimos
interesses de uma classe que, em geral, se tem imposto por trabalho
valioso e honesto" (José Pereira Tavares, ano 15, n.º 111, Mar. 1951).
■
CONTEÚDO
Revista fundamental para o estudo da imprensa pedagógica
no século XX, Labor revela-se também importante para algumas questões
ligadas ao ensino liceal. Surgindo nas vésperas do "Golpe Militar de
Maio de 1926, este periódico só viria a desaparecer – pesem embora as
suspensões que conheceu – alguns meses antes do fim do regime que sucede
à Ditadura, apresentando a característica singular de não ser uma
publicação editada por qualquer dos órgãos dirigentes da política do
Estado Novo. Tendo saído da iniciativa de um grupo de professores do
ensino secundário, tenderá a afirmar-se como voz autónoma na defesa dos
interesses socioprofissionais do professorado e como contributo
essencial dos docentes para o progresso deste grau de ensino.
Saliente-se ainda que estas características globais adquirem, com o
tempo, matrizes diferenciadas a que não são, aliás, alheias as duas
interrupções ocorridas.
Assim, se aparece como uma "revista trimestral de
educação e ensino e extensão cultural", rapidamente acrescentará ao
subtítulo a designação de "órgão provisório do professorado liceal". De
facto, Labor participa no espírito de uma fase a que, mais tarde,
Mário de Vasconcelos e Sá chamará, num artigo datado de 1965 sobre os
congressos de 1927 a 1931, "a idade de ouro do ensino liceal". É a
partir dessa ligação íntima entre a revista e os professores do ensino
secundário que, de resto, se entende a primeira "suspensão forçada" da
revista. Esta ideia é corroborada pelo depoimento de Álvaro Sampaio na
comemoração do 40.º aniversário, quando escreve que essa interrupção
surgiu "em virtude de o Congresso de Coimbra, o V do professorado
liceal, ter aprovado a proposta de uma colega, no sentido de criar-se
uma revista que fosse o órgão dos professores dos liceus, quando é cel10
que, nessa altura, a revista era de facto, o órgão oficial da classe"
(n.º 244, Jan. 1966). Quando reaparece em Outubro de 1932, Labor
reformula parte do seu complemento de título. Reafirma todavia o
propósito de ser a "voz na imprensa" das reivindicações e anseias dos
professores liceais. A continuidade formal confirma esta pretensão, mas
os artigos relativos aos "interesses do professorado" passam a ocupar um
número consideravelmente menor de páginas da revista. Dificuldades na
gestão financeira e o aparecimento do boletim oficial “Liceus de
Portugal” explicam o fim da segunda série. O "editorial" do n.º 110
(Jun. 1940) é elucidativo: "À semelhança da Escola Portuguesa,
órgão do Ensino Primário, todos os professores, mesmo aqueles que nunca
assinaram a nossa revista, quererão receber o novo Boletim,
motivo bastante para que a Labor dê por terminada a sua acção,
porquanto os professores dos nossos liceus, ratinhamente distribuídos
como estão, alguns vivendo mesmo em situação af1itiva, não podem
sustentar, como é óbvio, duas revistas".
/
7 /
O segundo reaparecimento ocorrerá cerca de onze anos mais
tarde. As iniciativas de José Augusto Teixeira junto de José Tavares e
as suas negociações com responsáveis do Ministério – Fernando A. Pires
de Lima (ministro), António A. Pires (director geral) e Francisco Prieto
(director-geral interino) – possibilitaram a continuação de Labor,
que se iria manter até 1973, mesmo após o afastamento de José A.
Teixeira em 1971. Nestas duas últimas séries, a revista não abandonará o
tom crítico e relativamente independente. Nota-se, contudo, que existe
uma tendência gradual para privilegiar os objectivos informativos em
detrimento da análise dos problemas profissionais do professorado.
Tendo em conta o que já foi referido, pode afirmar-se que
o conteúdo de Labor abrange tudo o que ao ensino
liceal/secundário diz respeito entre as datas assinaladas: revista de
"extensão cultural", divulgando trabalhos científicos e pedagógicos com
a intenção de desenvolver as capacidades de ensino e investigação dos
professores, função esta que se estende ao domínio da didáctica
aplicada; periódico de "defesa do ensino secundário e engrandecimento
dos professores", publicando neste sentido diplomas oficiais e dados
relativos ã história e vida interna de quase todos os liceus. É evidente
que fenómenos circunstanciais produzem alterações no equilíbrio dos
assuntos, mas para descrever tal situação deverá atender-se aos momentos
fundamentais por que passou esse nível de ensino, tarefa que não se
enquadra nos parâmetros deste Repertório.
Pelo facto de Falcão Machado ter organizado, em 1974, um
índice geral (ordenado por autor e título com eventuais apontamentos
temáticos) e pelas razões apontadas, indicaremos somente as secções e
assuntos predominantes, dividindo-os em quatro grandes áreas.
A primeira área engloba as secções (regulares) que
integram trabalhos de divulgação científica, relativos à preparação
docente e ao seu trabalho de investigação: "Filologia, etnografia,
crítica, filosofia, Ciências Histórico-Geográficas" e "Ciências
Matemáticas, Ciências Físico-Químicas, Ciências Histórico-Naturais".
Neste espaço publicam-se artigos de actualização de conhecimentos, de
aplicação didáctica, de inserção curricular de matérias culturais
científicas, de assuntos complementares à educação formal (literatura
infantil e teatro) e de natureza educacional (biografias de autores
pedagógicos, aspectos históricos do ensino liceal e das ciências
aplicadas ao ensino).
A segunda área, "Interesses do professorado", é bem o
paradigma das tendências evolutivas do periódico. Inicialmente aborda
tudo o que se relaciona com a política educativa (nomeadamente no âmbito
docente) e com as perspectivas e debates em torno dos professores, a
situação assistencial, salarial, representativa, formativa e de
colocação do corpo docente são constantes até 1932. Após esta data, os
problemas da assistência e formação ganham predominância. Depois de
1951, estes temas são abandonados, ficando a secção reduzida ao
"movimento oficial". Todavia, após meados de sessenta, as questões de
formação, estágios e exames serão retomados com algum desenvolvimento,
nomeadamente aquando dos projectos de reforma.
A terceira área, "Pedagogia e didáctica – Higiene e
medicina escolar – Educação Física e Canto Coral", é talvez a que ocupa
um maior peso global na revista. Aí encontramos, essencialmente, textos
sobre a organização curricular e gestão de programas, os meios e métodos
de ensino, os exames e sua discussão (um dos temas mais constantes), a
educação física, moral, cívica e sexual, as várias correntes pedagógicas
e o seu significado em Portugal, a história do ensino e da organização
dos professores liceais, as correntes de reforma do ensino no
estrangeiro e em Portugal, as características psicossociológicas de
alunos e professores, etc. Após 1932, encontramos alguns textos que
incidem nos problemas socioeconómicos e de formação do corpo docente,
sendo óbvio que, a partir de 1951, é para esta área que transita a
abordagem dos "interesses do professorado";
/
8 /
Finalmente, numa quarta área, deparamo-nos com uma série
de rubricas, nomeadamente:
– "Vida Oficial", até 1931 inserida em "Interesses do
professorado", é uma secção de apoio jurídico e informativo que contém
dados relativos ao "movimento dos professores" e publica esporadicamente
diplomas referentes à formação, colocação e funções dos docentes;
– "Liceus e colégios" inclui dados respeitantes às
instituições do ensino secundário, que abrangem a origem e evolução do
liceu ou colégio, mapas do pessoal docente e quadros de frequência;
– "Bibliografia" e "Vária" são secções regulares do
periódico a que se acrescenta uma frequente primeira página de "obras
recomendadas";
– Por Último, existem secções de duração efémera, tais
como "Crónica do estrangeiro", "Ecos e Notícias", "Pontos de Exame" e
"Necrologia" (maioritariamente alusiva a professores).
Além das secções referidas, Labor oferece ainda alguns
artigos em jeito de editorial (normalmente no princípio e no fim de cada
ano de publicação) contendo apreciações sobre a situação do ensino
liceal, reportadas a um momento específico, e balanços breves da vida da
revista. Aparecem ainda publicados inquéritos sobre várias questões da
educação e uma lista regular de representantes da revista em liceus e
colégios. A contracapa é, por vezes, utilizada para publicitar livros,
editoras e material escolar. Anotem-se, por último, duas informações que
facilitam a consulta e leitura da revista: a existência, além do índice
geral já mencionado, de índices anuais, organizados por autor e título,
interrompido entre 1957 e 1960 e retomados já só com indicação de
autores; e a publicação de um número comemorativo do 40.º aniversário de
Labor (n.º 244, Jan. 1966).
Transcrição da entrada "LABOR" em A Imprensa de Educação e Ensino:
Repertório Analítico (Séculos XIX-XX / dir. António Nóvoa. – Memórias da
Educação; 1) ISBN 972-938014-7; Instituto de Inovação Educacional,
Lisboa, 1983 [p. 581-585]
|