AVEIRO −
cidade por muitos considerada, de forma vincada e inequivocamente
elogiosa, como a «Cidade dos Congressos» − vai ser o cenário
unanimemente escolhido para a realização do XIX Congresso dos Bombeiros
Portugueses.
Não é por demais repetir e realçar que, se, por um lado,
o estatutário, o Congresso não é mais nem menos do que a Assembleia
Geral da Liga (ou Confederação) dos Bombeiros Portugueses, por outro,
bem mais significativo, sem dúvida, o Congresso é o palco onde são (ou
deviam ser) apresentadas teses e discutidos problemas de cujas
conclusões se admitem e se desejam soluções práticas, reflexos válidos
para os humanitários temas em causa. Até agora, «já lá vão» 18
Congressos realizados nas mais diversas localidades do País.
Esses 18 Congressos constituíram outras tantas
assembleias magnas em que, acima de tudo, prevaleceram (ou acabaram por
constituir exclusivo motivo) as manifestações de camaradagem e
confraternização entre todos os elementos que formam uma verdadeira
família, como é, ninguém o ignora, a família dos Bombeiros.
No entanto, e ainda que louváveis e dignas de
prosseguimento, essas manifestações, esses importantes aspectos de
confraternização e convívio estão longe, muito longe mesmo, de
constituírem, só por si, a verdadeira finalidade do Congresso, pois que
um Congresso de Bombeiros só será efectivamente Congresso se dele se
extraírem conclusões válidas e sérias que permitam, por sua vez, obter
junto das entidades superiores as soluções mais justas e adequadas em
relação a cada uma e a todas as conclusões apresentadas.
Os Bombeiros do nosso País (e em particular os
pertencentes aos 300 e muitos corpos de Bombeiros Voluntários que, a bem
do semelhante, tudo fazem com a maior humildade, sem bazófias, sem
esperar benesses ou prémios de trabalho) nada mais têm a estimulá-los do
que a consciência do dever cumprido sem cuidarem sequer de saber quem
são como sentem e pensam quantos (e tantos são) que em qualquer momento
necessitam dos seu serviços.
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Numa época dominada (e minada) por um materialismo cada
vez mais desenfreado, o Bombeiro que, com risco da própria vida, tão
desinteressada e abnegadamente defende a vida e bens do próximo, é, como
alguém disse, «um verdadeiro símbolo de generosidade e solidariedade
humanas».
Por todas estas razões, é indispensável que os nossos
governantes «conheçam melhor os seus Bombeiros para necessariamente mais
e melhor os poderem compreender, amar, proteger e ajudar».
É neste sentido, é no sentido de que os nossos
governantes conheçam melhor os problemas que afligem o tão sacrificado
voluntariado, que as Corporações de Bombeiros do Distrito de Aveiro, a
quem coube toda a organização do Congresso/70, desenvolveram notável
actividade, sob a orientação do presidente da Mesa dos Encontros
Distritais de Direcções, Dr. David Cristo (o «Messias do Congresso de
Aveiro» como já foi cognominado), por forma a que o Congresso/70 atinja,
em todos os aspectos, o nível que se ambiciona.
Essa constante e entusiástica actividade é absoluta
garantia duma «realização válida, prática e proveitosa».
As teses subordinadas ao tema geral do Congresso −
«fomento e valorização do voluntariado» − vão ter, com toda a certeza, a
devida receptividade a nível oficial («não viramos a cara aos problemas
reais e fazemos o possível, sem poupar tempo nem energias, por encontrar
fórmulas razoáveis para os resolver», disse o Prof. Marcelo Caetano),
pelo que reina a maior esperança e optimismo quanto à resolução por
forma positiva dos múltiplos problemas que atrofiam, em todos os campos,
a acção dos Bombeiros.
O prestigioso presidente da Liga dos Bombeiros
Portugueses, António de Moura e Silva, afirmou, no decorrer duma das
reuniões preparatórias do Congresso, que «acredita em Aveiro, terra
liberal, de homens livres e válidos, e no seu Congresso».
Nós que conhecemos bem o bairrismo, o brio e a audácia
das gentes do cada vez mais progressivo distrito de Aveiro e que, além
disso, sabemos que" a justiça e a razão estão de braço dado com os
bombeiros, também acreditamos por tal forma que, quanto aos tais
resultados positivos que se esperam e se desejam, atrevemo-nos a dizer
que, se não for agora, nunca mais se obtêm.
Adaptação dum artigo publicado em
“O Comércio do Porto”, de 12-5-1970
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