No
próximo ano, António Capão não dará algumas aulas. Uma bem merecida
reforma, depois de 37 anos ao serviço da educação e do ensino público,
vai afastá-lo dos seus alunos normais. Outros alunos, nós – as peças de
Museu – vamos poder contar com ele. Mas, porque ele é da casa, decidimos
dedicar-lhe uma página de carinho.
António Capão começou o seu magistério de Português e
Francês. no longínquo ano de 1957,no liceu da Covilhã. Depois disso,
trabalhou em Braga, Porto (onde fez o seu estágio e exame de estado),
Aveiro, Nampula e Aveiro – partida e chegada. Durante muitos anos
dedicou-se à formação de professores na Escola do Magistério Primário de
Aveiro e, quando esta foi extinta, retomou as suas funções nesta casa.
Aqui o conheci, nesse regresso. Tão diferentes que nós somos, que nós
pensamos, que nós olhamos a vida. Mas devo ser eu a dizer que António
Capão é credor do meu mais profundo respeito e, (porque não?) da minha
amizade.
Aliás, tornou-se colaborador do “Aliás”, sendo
colaborador de tantas coisas mais importantes. Aliás, pegou nas conchas
do Museu, que muitos consideravam peças de armazém encardido, e meteu-as
na bacia, para as lavar carinhosamente e as mostrar orgulhosamente à
nossa comunidade. Aliás, ganhou para a causa do Museu as pessoas que
precisavam de vir para o Museu. António Capão é um modelo. Não se
contenta em ser competente nas suas áreas. Não se contenta em ser
estudioso e disso fazer alarde. António Capão quer fazer e por isso
descobre os meios onde eles não existiam. António Capão é um fazedor –
amor, estudo e competências em acção. Não inventa desculpas para o
por-fazer. Chamem-lhe "servidor público".
Aliás, ficamos a contar com ele. É uma honra.
(Arsélio Martins)
Quando professor do Liceu de Nampula, Moçambique, foi
nomeado por Lisboa membro dos Júris para Exames de Estado de professores
do Ensino Liceal em Angola e Moçambique.
Foi orientador de acções pedagógicas para a formação de
professores do ensino primário; Tem sido convidado para palestras,
conferências, colóquios sobre problemas de ensino, literários e do nosso
património cultural; organizou várias exposições de carácter cultural e
foi sócio da Sociedade de Etnologia e Etnografia do museu Augusto Nobre
do Porto e sócio fundador da Associação de Jornalistas e Escritores da
Bairrada (AJEB).
São de sua autoria as seguintes separatas:
– "Os nomes populares do chapim e da codorniz",
comunicação ao XXVII Congresso Luso Espanhol para o Progresso das
Ciências, em 1964, (publicado na LABOR, de que se fez separata);
– "O folclore religioso em algumas aldeias portuguesas",
separata da "Labor";
"Dante, apóstolo, leigo do catolicismo", conferência
pronunciada no Liceu de Aveiro e publicada na "Labor";
– Dr. José Pereira Tavares, um grande professor do Ensino
Liceal - Sua paixão pelo teatro", publicado no “Correio do Vouga”.
Autor de Introduções de carácter literário para a
Colecção Clássicos de Bolso da Paisagem Editora em: "Os meus amores" de
Trindade Coelho, "Os pescadores" de Raul Brandão, "As pupilas do Senhor
Reitor" de Júlio Dinis "O livro de Cesário Verde" de Cesário Verde,
"Sonetos" de Florbela Espanca, "Só" de António Nobre, "Contos" de Eça de
Queirós, "Mensagem" de Fernando Pessoa, "Pedro, o Cru" de António
Patrício, e "Sonetos Amorosos" de Camões.
Na "Labor", revista de ensino liceal do Liceu de José
Estêvão, actual Escola Secundária de José Estêvão, tem colaboração sobre
Camões, José Loureiro Botas, Dante, assuntos folclóricos e etnográficos,
a família, a sociedade e a escola, a língua portuguesa no mundo e um
curioso estudo sobre versos gravados nos cemitérios.
Colabora ainda em:
"Aveiro e o seu distrito" ("As Janeiras, as Pastoras e os
Reis", "Júlio Dinis, o Médico das Almas Simples", "Novas achegas para a
personalidade literária de Júlio Dinis"); "Aqua Nativa" – Anadia
("Recordar e registar... É vida actualizada", "A cozedura do pão");
"Boletim da ADERAV" ("A propedêutica infantil do Jogo do
Bichorro", "A família Aldeã e a Cultura Infantil", "Uma página dos
meados do século XVII (1658) sobre a Mamarrosa");
"Mundo da Arte" - Coimbra ("Estudo comparativo de uma
pequena composição popular"
Colabora nos jornais:
"Diário da Beira", Moçambique, – "Diário de Moçambique,
Beira, idem – "Voz do Norte", Nampula, idem – "Litoral", "Correio do
Vouga", "Jornal de Aveiro", "O Ilhavense", "Jornal da Bairrada", "o
Comércio do Porto", etc.
Colaboração na Rádio Oceano, Aveiro, sobre Vultos
intelectuais de Aveiro e da sua região, como Fernão de Oliveira, José
Pereira Tavares, Jaime Magalhães Lima, Marques Gomes, António da Rocha
Madahil, Ferreira de Castro, José Estêvão, Homem Cristo, D. João
Evangelista de Lima Vidal.
Na Rádio Bairrada, de Oliveira do Bairro, 'iradições" –
entrevista;
Na Rádio Moçambique, Nampula, sobre assuntos literários e
outros.
É autor e organizador dos seguintes livros: Contribuição
para a monografia da Palhaça, edição do Centro Paroquial da Palhaça.
1977. Carta de Foral da Vila de Frossos, Paisagem Editora, 1984
As Cartas de Foral de Miranda do Corvo, edição de
Mirante, Cooperativa de Informação e Cultural
José de Melo |