Conheci
a "Labor – Revista do Ensino Liceal" como aluno do Liceu de Aveiro, já
nessa altura designado por Liceu de José Estêvão. O Dr. José Pereira
Tavares, então seu reitor, costumava oferecer a alguns dos seus alunos
de Latim e Português uma ou outra separata da "Labor". Daqui, os meus
primeiros contactos com esta Revista, à altura largamente difundida e
muito cotada entre os professores do Ensino Liceal a nível do país
inteiro.
No
primeiro período de publicação, de Janeiro de 1926 a 1940, teve como
directores José Tavares e Álvaro Sampaio e por administrador
Armando
Coimbra. Dizia-se aberta a estudos de carácter científico nas várias
áreas do saber humano e, por isso, permitia aos professores dos vários
grupos a publicação dos seus artigos; apresentava-se como Revista
trimestral de educação e extensão cultural e como propriedade de um
grupo de professores do Liceu Vasco da Gama, de Aveiro.
No segundo período, de 1951 a 1958, os seus directores
foram José Tavares e José Augusto Teixeira, sendo administrador
António
Marques da Rocha.
De 1958 a 1972, mantiveram-se os directores do 2.º
período, mas o administrador passou a ser José Gomes Bento.
De 1972 a 1973, director José Pereira Tavares e administrador
José Gomes Bento.
Como vemos, ao longo dos vários períodos de publicação,
houve um director que sempre se manteve e que foi, praticamente, a alma
da revista "Labor", durante toda a sua existência.
Podemos informar que a "Labor" chegou ao fim com a
publicação dos "Índices", organizados pelo Prof. Falcão Machado, em
Junho de 1974, que afirmou, em carta então dirigida ao Dr. José Pereira
Tavares, que "o conhecimento do conteúdo da "Labor" é, sem dúvida, uma
excelente contribuição para o conhecimento da mentalidade pedagógica
nacional, num país onde o que há é, praticamente, história da Pedagogia.
Talvez valha a pena passar os olhos pelos volumes da
Revista ou, pelo menos, pelo volume dos Índices, para se poder verificar
que grandes nomes da cultura, da investigação e do ensino em Portugal
colaboraram nela, prestigiando-a, e aí publicaram estudos, opiniões e
críticas que ainda hoje são dignos de menção.
Uma possível História do Ensino na cidade de Aveiro não
poderá, sem incorrer em graves lacunas, alhear-se dos conhecimentos, das
críticas e das informações incluídos na "Labor", seja com que intenção
for, porque daí resultará o reforço positivo da avaliação que dela se
veio fazendo ao longo dos tempos.
António Capão |