É
para mim uma honra poder falar em nome dos Conselhos Directivos da
Área Educativa de Aveiro. Quem me dera que o pudesse fazer bem. Falo
das escolas nos tempos de hoje, tempos de passagem entre os
constrangimentos resultantes da massificação e democratização do
ensino e as liberdades do futuro que queremos de consagração da
democratização do ensino nas melhores condições do presente,
condições consagradas pela construção dos novos edifícios, pela
fixação dos quadros dos professores, e em geral pela reforma do
sistema educativo. Podemos ter muitas discordâncias e dúvidas sobre
diversos aspectos das reformas em curso, mas é bem verdade que elas
consagram em letra de lei uma escola como comunidade dentro da
comunidade. As escolas sempre prestaram serviços inestimáveis à
população. E é verdade que sempre contaram com o apoio ou pelo menos
com a compreensão da população para as grandes dificuldades que foi
preciso viver.
Se
foi difícil o combate travado para responder com pobreza, mas com
dignidade, à procura de escolaridade pela população que cresceu a um
ritmo muito superior à capacidade de crescimento do sistema, mais
difícil foi o combate contra a insensibilização dos professores, dos
estudantes e dos pais. Nas grandes cidades, mas também nas pequenas
povoações uma geração de professores, de estudantes e de pais não
conheceu outras escolas senão aquelas que não eram mais do que uma
cadeira, uma mesa, um quadro, um professor por cada e para algumas
horas do dia.
Preciso foi, preciso é mostrar uma outra escola feita de outras
realidades para além das aulas e das correrias para o vazio fora das
aulas.
Este
ponto de encontro consagra as escolas que, apesar de todas as
dificuldades, foram construindo as diversas construções que uma
escola é. Hoje posso falar de escolas que, antecipando o preto no
branco da lei, procuraram ser escola na comunidade e ter a
comunidade na escola, ser banco de escola e ser banco de artesão
para recuperar para a comunidade o que a comunidade corre o risco de
perder, ser palco de escola e ser uma escola no palco da cidade.
Estas escolas, estes magníficos estudantes que, eles mais do que
ninguém, travaram tais combates merecem ser destacados da penumbra
das actividades outras (quem disse menores?) em que se movem. Eles
merecem o passo para a luz do dia claro que este ponto de encontro
é.
E
merecem ganhar esta luz todas as instâncias da Administração, desde
a Coordenação da Área Educativa, que nos acompanharam, dando ajuda e
compreensão que podiam dar. E como o caminho é para ser percorrido
pelas escolas... ... Esperamos que, assim possam! Que nos acompanhem
na caminhada, nos dêem amparo e ânimo, quando for caso disso.
Pelo
nosso lado, que acompanhámos o sistema desde o tempo da 3.ª classe
para a imensa maioria dos meus companheiros de infância de aldeia
até estes tempos de hoje (que fazem os filhos dos meus companheiros
marnotos de então?), vivendo, como professor, períodos de grandes
sacrifícios e incertezas e vivendo as debilidades das crises de
crescimento do sistema, só posso dizer que tenho orgulho de ter sido
um professor para este tempo e manifestar o meu profundo optimismo
em relação ao futuro, que eu quero melhor e mais bonito e o quero
para viver hoje. Quem hoje é chamado a dar o passo em frente neste
ponto de encontro constitui um "presente" para o futuro que queremos
construir. Para os que hão de vir. Mas também para nós que
tardaremos em morrer, em partir deste encontro com o nosso tempo.
Muito menos morrerá a nossa esperança.
Aveiro tem muitas águas. Para afogar mágoas e, por nossa tradição,
para arribar à Terra Nova. As nossas escolas pescam uma esperança de
Terra Nova e quem nos dera que pudéssemos ajudar a construir uma
Terra Nova, construindo o novo e reconstruindo a eterna novidade do
"velho".
Assim
faremos. Está prometido. (A.M.) |