Primeiro passo...
No
dia 10 de Dezembro de 1948, ainda quente a barbárie da segunda
guerra mundial, é aprovada pela Assembleia Geral da ONU, a carta
da Declaração Universal dos Direitos Humanos «como ideal a
atingir por todos os povos e nações».
Hoje, 10 de Dezembro de 1998, ao comemorar-se o
50.º aniversário da promulgação deste ideal, no Brasil agentes
policiais matam crianças tidas por criminosas, porque sem eira
nem beira se tornaram marginais à ordem da sociedade dominante e
roubam para sobreviver; em África assiste-se à violência entre
etnias rivais, porque aos senhores da guerra lhes interessa
recriar a irracionalidade contida nos ódios para continuarem a
acumular e a concentrar o capital, do qual já se perdeu o rosto;
na Rússia professores sem salário há seis meses morrem de fome
em liberdade... Crianças, idosos, homens e mulheres ninguém
escapa às diferentes formas de violência que se vão banalizando
porque nos tomámos indiferentes a ela.
Já nada nos parece fazer levantar o grito da
indignidade.
Sabemos da distância entre a afirmação dos
princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos e a
realidade das suas práticas, o que, no meu entender, reforça a
necessidade de uma educação para os "Direitos Humanos".
Não pondo em causa as comemorações deste dia
pelas causas nobres que lhes estão subjacentes, ouso, no
entanto, perguntar:
– Reiterámos o respeito pelos direitos
consignados na Declaração Universal dos Direitos Humanos e,
portanto, assumimos os deveres que lhe são inerentes?
– Que passos podemos nós, estudantes, dar já
hoje?
– Não terá a escola silenciado aquilo porque não
foi capaz de se empenhar – educar para os direitos humanos?
–
Construir um mundo melhor, através da educação, como fazê-lo,
professor?
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