Introdução
Em 1997/98, para além da actividade normal e
daquela que especialmente ficou definida pelo seu plano de
actividades, os órgãos da escola começaram a preparar ou a
estudar o futuro – em especial, o projecto educativo da escola.
Uma parte importante do Conselho Pedagógico – secção do projecto
educativo dividida em comissões especializadas de estudo e de
recolha de dados e informações dedicou todo o seu tempo a esse
estudo. Enquanto isso, a escola cumpria o seu papel e um outro
plano todo em tomo do tema dos Direitos Humanos. As
apresentações feitas pelas turmas e pelos clubes nos dias 2 e 3
de Abril passados mostraram como o plano foi bem sucedido. O
conjunto dos pareceres da secção de formação sobre os estágios,
bem como a sua intervenção nas reuniões do Centro de Formação
deixou um rasto de evidência sobre o que pode ser feito bem
nesse domínio. Ao mesmo tempo, demos vida a vários serviços que
confirmaram a possibilidade de prestar serviços de educação e
ensino a outros níveis - o pólo de S. Jacinto aí está como
retrato da outra face possível para a escola e como pista para
futuros desenvolvimentos de serviços à medida das necessidades
das comunidades da área de influência da escola.
O estudo das Comissões especializadas veio
demonstrar que não era possível cumprir no prazo de um ano as
expectativas relativas ao conhecimento da escola e às definições
do seu futuro. Em Março, o Conselho Pedagógico desistia de
considerar possível iniciar, num nível superior de instalação, o
processo de transição para o novo modelo de gestão e adiava para
o ano que vai começar a apresentação, para discussão na
comunidade escolar, das definições de futuro. O próximo ano é,
portanto, o ano da instalação do novo modelo de gestão mas na
base dos órgãos existentes em funcionamento.
Ao mesmo tempo, as alterações políticas
decorrentes das eleições autárquicas vieram trazer algumas
novidades ao nível da relação da escola com as autarquias.
Principalmente, trouxe um novo tipo de relacionamento: para além
das relações habituais, a Junta de Freguesia da Glória passou a
chamar as escolas para o desempenho do papel de parceiras de
política, de definição e execução de políticas de animação
cultural da comunidade envolvente da escola. A participação
activa da Junta promoveu a necessidade de localizações temporais
das iniciativas da escola e o imperativo de tomar públicas as
suas intenções para a Junta, para as outras escolas e
instituições. É esta dinâmica bem expressa em documento da Junta
que tomou necessária esta definição de plano anual bem mais cedo
do que o habitual. As organizações da escola viram-se obrigadas
a pensar a sua actividade para o ano seguinte num tempo em que
as suas preocupações estão todas viradas para O encerramento de
actividades do ano que finda. Este exercício teria de vir a ser
feito mais tarde ou mais cedo: sem dúvida que é necessário para
as escolas antecipar as suas intenções e iniciativas de modo a
torná-las viáveis, começando pela determinação dos temas de
trabalho, o que já se fez em anos anteriores, mas também pela
aceitação de um quadro de resposta e exposição à comunidade (o
que raramente se fez e se faz).
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O tema geral
Há alguns anos atrás, defendeu-se que o tema
geral prejudicava a iniciativa das turmas. No que respeita à
actividade dos alunos interessava preservar o mais possível a
autonomia da decisão relativa ao que fazer, bem assim como a
possibilidade de fazer para as diferentes ambições ou
capacidades. O ano passado veio demonstrar que as duas coisas
são compatíveis: deixar que as turmas e dos estudantes ou mesmo
alguns professores tenham o máximo de iniciativa e propor um
tema geral, tão geral que diferentes grupos nele possam encaixar
o seu nicho de interesse particular, tão geral que só ganhe
sentido e profundidade com a produção das diversas intenções. Os
direitos humanos constituiu uma escolha acertada. Cada turma, de
acordo com a área de estudos ou interesses, encontrou formas de
trabalho e subtemas mobilizadores: desde a bioética (clonagem,
aborto, eutanásia...), malefícios da deriva industrial e
direitos na arte ou na comunicação até à simples divulgação dos
direitos da criança e denúncia das suas violações, os estudantes
encontraram temas de estudo e reflexão que melhoraram a sua
formação cívica e científica. E foi possível à escola, enquanto
organização, influenciar o sentido das preocupações e preparar
um clima favorável e compreensivo à comemoração dos 50 anos da
Declaração universal dos Direitos do homem e os 25 anos do 25 de
Abril. Sem constrangimentos, alunos do ensino básico e
professores continuaram o seu trabalho dentro do projecto
educativo europeu – sobre a indústria e as tradições culturais
das zonas costeiras – tendo a escola recebido vários visitantes
nacionais e estrangeiros – gregos, italianos, irlandeses e
noruegueses – para assistir e participar na apresentação à
comunidade das actividades desenvolvidas fora das aulas por
todos os estudantes.
Para o ano que vai começar, volta a apresentar-se
um tema geral e agora aparentemente muito limitado – a nossa
escola.
As comissões especializadas do Conselho
pedagógico recolheram dados e vão apresentar os seus estudos
sobre a escola à comunidade. Necessário se torna que no próximo
ano haja uma mobilização razoável para a participação nas
definições da escola desde o projecto educativo geral até ao
regulamente interno e outras definições mais finas.
O esforço de definição da escola não será
conseguido se não houver uma mobilização da comunidade educativa
para o que a escola é, o que faz, o que pode ser. É preciso, por
isso, que os pais, encarregados de educação, personalidades e
instituições da comunidade interessadas no desenvolvimento da
escola e na melhoria dos serviços de educação da cidade foquem
toda a sua atenção na própria escola e no seu papel.
Grande parte deste trabalho tem prazos bem
apertados para ser feito. De facto, para que a transição se
realize sem quaisquer sobressaltos é necessário regulamentar, em
prazos certos, o funcionamento interno da escola, bem como
produzir, discutir e fazer aprovar documentos orientadores da
escola, com participação o mais ampla possível. Mas a produção e
aprovação de documentos não significa apropriação pelos
intervenientes do seu significado e muito menos a incorporação
nas práticas. Vai ser necessário realizar um imenso trabalho de
iniciação das partes às cartas dos direitos e deveres
democráticos da participação na vida da escola. Vai ser
necessário esclarecer e aprofundar cada um dos aspectos da
actividade conhecida da escola, bem como desocultar aspectos que
podem não ter estado visíveis até agora.
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