Comenius – Acção I – Projecto
Educativo Europeu:
Pesca, Indústria e Tradições Pesqueiras
José Manuel Reis Caseiro
"É uma boa ideia".
E quantos projectos não nascem assim, de uma conversa, da aceitação de
uma ideia?
O Projecto "Pesca, Indústria e Tradição
Pesqueira" é pois uma boa ideia entre escolas da Noruega, Itália,
Grécia, Irlanda e Portugal. Que vai tomando forma.
Este
projecto iniciou-se com um encontro de professores na escola norueguesa
de Indre-HerØy e nele se acertaram as tarefas
comuns para o corrente ano lectivo. E falou-se muito: dos respectivos
sistemas de ensino, dos enquadramentos do projecto nas respectivas
orgânicas escolares, das carreiras docentes, etc. Criaram-se amizades,
daquelas que nascem na hora, espontâneas, e manifestou-se a vontade de
espírito cooperativo. A localidade, TjØvâg, de
beleza serena, única, também contribuiu para isso.
Do
programa do encontro constavam visitas a empresas e instituições locais.
Nas primeiras, pôde observar-se quanto estão atentas à realidade
escolar, quanto estão informadas sobre ela, como a discutem e a integram
na actividade empresarial. Nas segundas, notou-se a mesma atenção, a
cooperação, o apoio directo. Tratando-se de uma região de predominante
actividade pesqueira e suas correlatas, construção naval e aprestos
marítimos, as escolas estão vocacionadas para a formação dos alunos
nessas actividades. Predominam as escolas de componente técnica: pesca,
mecânica, electricidade e electrónica de manutenção. A escola prepara
para a formação básica, a empresa fornece a formação complementar. E
talvez esteja aí a chave do seu sucesso: o triângulo comunidade, escola
e empresa funciona, conhecendo-se mutuamente, adaptando-se e perseguindo
objectivos discutidos em conjunto.
Pretende-se neste projecto unir escolas com uma característica comum:
são todas de cidades costeiras (excepto a italiana, mas vizinha de um
lago onde se pratica aquacultura intensiva), com tradições pesqueiras,
algumas centenares. E é essa ligação ao mar, à actividade piscatória e à
tradição que se pretende em primeiro lugar identificar, depois
impulsionar e finalmente partilhar com as outras escolas. Neste contexto
surgem actividades de reconhecimento das espécies marinhas mais
importantes para as respectivas comunidades, dos métodos e locais de
captura, do seu tratamento industrial e comercial, do seu consumo.
Tradições associadas a esta actividade, integração na comunidade,
impacto económico e social, políticas de pesca, etc., são outros
assuntos que hão de tratar-se ao longo dos três anos de projecto,
tentando também envolver empresas e instituições, na dimensão possível
da sua participação.
A turma C
do 7º ano acolheu este projecto. É o seu tema de Área-Escola para o
corrente e próximos anos lectivos. Encontrou-se um tempo e um espaço
para pôr este projecto em movimento, integrado por vezes em actividades
lectivas, outras em horas extra-lectivas, de acordo com o espírito de
interdisciplinaridade da Área-Escola. E não queremos queixar-nos do
sufoco dos programas nem pensar que os outros países têm, na realidade,
20% das horas lectivas totais para dedicar a projectos educativos,
porque os professores, DT, alunos e coordenadores, estão empenhados em
levá-lo até ao fim.
Em todas
as disciplinas haverá assuntos para discutir, materiais para preparar e
partilhar com as escolas envolvidas. Mesmo que sejam canções de Natal,
ensaiadas à pressa e cantadas com muita alma natalícia. Será pois
necessário comunicar, levar ao conhecimento dos outros parceiros a
identidade de cada escola, de cada localidade, das actividades e
tradições próprias de cada uma. E talvez chegar à conclusão que somos o
mesmo povo, do mesmo mundo. ■
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