Escola Secundária José Estêvão, n.º 18, Fevereiro de 1997

Comenius – Acção I –  Projecto Educativo Europeu:

Pesca, Indústria e Tradições Pesqueiras

 
José Manuel Reis Caseiro

"É uma boa ideia".

E quantos projectos não nascem assim, de uma conversa, da aceitação de uma ideia?

O Projecto "Pesca, Indústria e Tradição Pesqueira" é pois uma boa ideia entre escolas da Noruega, Itália, Grécia, Irlanda e Portugal. Que vai tomando forma.

Este projecto iniciou-se com um encontro de professores na escola norueguesa de Indre-HerØy e nele se acertaram as tarefas comuns para o corrente ano lectivo. E falou-se muito: dos respectivos sistemas de ensino, dos enquadramentos do projecto nas respectivas orgânicas escolares, das carreiras docentes, etc. Criaram-se amizades, daquelas que nascem na hora, espontâneas, e manifestou-se a vontade de espírito cooperativo. A localidade, TjØvâg, de beleza serena, única, também contribuiu para isso.

Do programa do encontro constavam visitas a empresas e instituições locais. Nas primeiras, pôde observar-se quanto estão atentas à realidade escolar, quanto estão informadas sobre ela, como a discutem e a integram na actividade empresarial. Nas segundas, notou-se a mesma atenção, a cooperação, o apoio directo. Tratando-se de uma região de predominante actividade pesqueira e suas correlatas, construção naval e aprestos marítimos, as escolas estão vocacionadas para a formação dos alunos nessas actividades. Predominam as escolas de componente técnica: pesca, mecânica, electricidade e electrónica de manutenção. A escola prepara para a formação básica, a empresa fornece a formação complementar. E talvez esteja aí a chave do seu sucesso: o triângulo comunidade, escola e empresa funciona, conhecendo-se mutuamente, adaptando-se e perseguindo objectivos discutidos em conjunto.

Pretende-se neste projecto unir escolas com uma característica comum: são todas de cidades costeiras (excepto a italiana, mas vizinha de um lago onde se pratica aquacultura intensiva), com tradições pesqueiras, algumas centenares. E é essa ligação ao mar, à actividade piscatória e à tradição que se pretende em primeiro lugar identificar, depois impulsionar e finalmente partilhar com as outras escolas. Neste contexto surgem actividades de reconhecimento das espécies marinhas mais importantes para as respectivas comunidades, dos métodos e locais de captura, do seu tratamento industrial e comercial, do seu consumo. Tradições associadas a esta actividade, integração na comunidade, impacto económico e social, políticas de pesca, etc., são outros assuntos que hão de tratar-se ao longo dos três anos de projecto, tentando também envolver empresas e instituições, na dimensão possível da sua participação.

A turma C do 7º ano acolheu este projecto. É o seu tema de Área-Escola para o corrente e próximos anos lectivos. Encontrou-se um tempo e um espaço para pôr este projecto em movimento, integrado por vezes em actividades lectivas, outras em horas extra-lectivas, de acordo com o espírito de interdisciplinaridade da Área-Escola. E não queremos queixar-nos do sufoco dos programas nem pensar que os outros países têm, na realidade, 20% das horas lectivas totais para dedicar a projectos educativos, porque os professores, DT, alunos e coordenadores, estão empenhados em levá-lo até ao fim.

Em todas as disciplinas haverá assuntos para discutir, materiais para preparar e partilhar com as escolas envolvidas. Mesmo que sejam canções de Natal, ensaiadas à pressa e cantadas com muita alma natalícia. Será pois necessário comunicar, levar ao conhecimento dos outros parceiros a identidade de cada escola, de cada localidade, das actividades e tradições próprias de cada uma. E talvez chegar à conclusão que somos o mesmo povo, do mesmo mundo.
 

 

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