Em Junho, Julho e Setembro deste ano, realizaram-se os
exames nacionais do ensino secundário. Os primeiros alunos da reforma
(da sua generalização, pelo menos) atingiram o 12.º ano e foram
submetidos a exames nacionais. Estão a começar a ser divulgados os
estudos sobre os resultados dos exames e preparam-se algumas adaptações
para o futuro que levem em conta os resultados obtidos. Foi também a
primeira vez, em muito tempo depois de 1974, que para os alunos no
sistema, para além de haver aferição do aprendido em algumas
disciplinas, os exames nacionais foram aplicados à generalidade das
disciplinas e passaram a contar na conclusão ou não dos cursos do ensino
secundário. Por ser assim, pela primeira vez, também cedo se tornou
necessário esclarecer quais os núcleos significativos fundamentais dos
programa de cada disciplina e esclarecer que em cada um dos exames não
haveria compensação para programas não leccionados. Por um lado, o
Departamento do Ensino Secundário realizou adequações nacionais (cortes,
há quem diga) dos programas, tendo em conta o que se ia passando nas
escolas, incluiu orientações de gestão de programas para além de avisos
avulsos, e os professores tiveram de abordar todos os temas previsto no
programa (ou nas orientações de gestão). Isto pouco trouxe de novo à
prática lectiva dos professores que leccionam disciplinas desde sempre
submetidas a exames nacionais, a não ser um novo clima de exigência e
redução do campo das desculpas e das culpas. Já para os professores que
nunca tinham enfrentado a prova nacional dos seus alunos, a novidade foi
total: tiveram não só de procurar abordar todos os temas previstos, mas
tiveram sobretudo de organizar a sua prática e conformar as suas ideias
à inevitabilidade da prova que, se avalia os alunos, avalia e questiona
a prática dos professores. Como já foi afirmado, e por várias vezes, nas
páginas deste jornal eco, os resultados da avaliação contínua e os
resultados dos exames nacionais podem ser coisas incomparáveis. Mas
ninguém resiste à tentação de fazer as comparações e os professores
estão na primeira fila daqueles que fazem essas comparações e procuram
explicações e justificações para as tremendas diferenças que na maior
parte das vezes e dos casos há entre esses resultados. O Departamento do
Ensino Secundário continua a produzir adequações dos programas e o
Ministério vai produzir alterações ao sistema de exames nacionais. Mas
não vai abolir os exames nacionais. E essa certeza faz da questão do
cumprimento (e do comprimento) dos programas o centro da actividade de
reflexão, planificação e execução nos grupos de docência e nas diversas
organizações da escola que vão tomando decisões atrás de decisões que
mais não fazem do que chamar à responsabilidade os docentes e os alunos.
Isto pode ver-se nas actividades do grupos de docência, mas também nos
Conselhos de Turma, quando estes fazem aprovar medidas restritivas, como
sejam, as da moralização na justificação das faltas dos alunos. Neste
ano que começa, entre reuniões e reuniões, todos os responsáveis estão a
ser chamados a disciplinar a actividade de todos. E parece-nos que há o
cheiro dos exames a influenciar esta súbita vontade de construir uma
teia de restrições à quase libertina iniciativa dos professores e à
libertinagem dos alunos, a começar pela assiduidade. Em anterior
"Aliás", publicámos um texto do Departamento do Ensino Secundário sobre
as Orientações de Gestão dos Programas. Estamos agora a transcrever, com
a devida vénia, um texto que Fernando Diogo (dirigente do DES e do
Júri Nacional de Exames) escreveu para a revista "Rumos" em fins do ano
passado e que foi lembrado em recente reunião sobre gestão dos
currículos, convocada e conduzida pelo DES. ■
(Arsélio Martins)
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Aliás, Escola Secundária José Estêvão
N.º 17 – Outubro de 1997
Voluntária ou involuntariamente colaboram neste
número: ArséIio Martins, Delfim Rodrigues, Fernando Diogo, José
Caseiro, Kjartan Rabben, Manuel Arcêncio, Susana Santos.
Dactilografia e Composição: Arsélio
Martins
Edição e Impressão: Escola Secundária José
Estêvão, Aveiro, Outubro de 1996 (200 exemplares)
ISSN: 0873-3082 [17] |
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