Escola Secundária José Estêvão, n.º 6, Jan.-Maio de 1992

A recente recepção nesta Escola duma publicação do Ministério da Educação (ME) sugeriu-nos uma reflexão sobre os "Princípios Orientadores da Acção Pedagógica", inseridos naquele texto:

«...As aquisições cognitivas deverão proporcionar uma formação de base organizada em contextos significativos e estimuladora da auto-formação...

A adequação das experiências ao nível dos alunos é condição necessária da construção de APRENDIZAGENS ESTRUTURADAS E SIGNIFICANTES…»

A aprendizagem considerada como um sistema cibernético é dotada de dinâmica, auto-regulação dentro dos próprios limites, obedecendo a leis próprias dessa totalidade, que lhe conferem o sentido de "todo", SIGNIFICATIVO E SIGNIFICANTE, expresso naquela publicação.

A APRENDIZAGEM, enquanto SISTEMA, julgamos não se poder reduzir à soma dos seus elementos. Deverá apresentar as três características seguintes:

1 – "Organização Sistémica", isto é, apresentar-se como um todo.

A propósito parece-nos vantajoso destacar naquele documento do ME: «...Tais contextos educativos podem desenhar-se no quadro de qualquer área disciplinar, todos os programas apresentam uma grande afinidade no que respeita ao enunciado no domínio do atitudinal e do axiológico, garantindo assim o reforço constante, em todos os níveis e segmentos do currículo, da mesma intenção educativa.»

2 – "Organização Dinâmica" e portanto susceptível de transformação nos educandos.

3 – “Organização Cibernética" e deste modo capaz de auto-regulação.

Ainda na referida "Organização Curricular e Novos Programas" se escreve: «O professor será antes de tudo um problematizador...

Mais atento ao modo como se desenvolvem, utilizam e iniciam tais processos do que ao conhecimento memorizado...

O que se afirma relativamente ao plano lógico é facilmente transponível para o plano de expressão criativa e mesmo, de maneira genérica, para o plano das destrezas físicas e manuais.»

Não será a tão esperada e necessária articulação horizontal?!

Decorria o início do ano escolar, de 1991/92 e reflectindo sobre os então "Programas em Regime de Experiência Pedagógica", surgiu a necessidade de seleccionarmos "TEORIAS de EDUCAÇÃO" para a nossa Prática Pedagógica.

Talvez nos tenha proporcionado aquilo que agora o ME escreve:

«...A metodologia recomendada na abordagem desses conteúdos permite, por sua vez, aumentar a sua compreensividade e convertê-los em elementos cognitivos dinâmicos.

É possível emprestar ao conhecimento um grau elevado de significado e pertinência se os conteúdos se apresentarem inseridos em campos estruturados de relações...»

Estas palavras parecem continuar a apoiar alguma justeza para aquela nossa selecção de Joseph Novak e, consequentemente, Ausubel:

«APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA ocorre quando nova informação é armazenada de forma um tanto alterada e modificada.»

Parece-nos ser aquilo que na actual "Organização Curricular e Novos Programas" se afirma com as expressões:

«...Alicerçada em CONTEXTOS SIGNIFICATIVOS (…) construção de APRENDIZAGENS ESTRUTURADAS E SIGNIFICANTES.»

Havíamos adoptado no início deste ano, fundamentalmente, os princípios de Ausubel-Novak para a nossa actividade pedagógica.

Da "Psicologia Educacional" de Ausubel ressaltam 7 princípios básicos:

1 – APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA

2 – Aprendizagem Mecânica

3 – Integração

4 – Diferenciação Progressiva / 9 /

5 – Aprendizagem de Ordem Superior

6 – Reconciliação Integrativa

7 – Organizador Prévio (…) e que vieram a constituir o nosso "Creio Pedagógico"

Na "Planificação Longo Prazo" (PLP) foram definidos os grandes "Esquemas Conceptuais" e deste modo perspectivadas as diferentes "Unidades de Ensino" (UE), interligadas por "pontes unificadoras".

Terminada a PLP fomos efectuando as "Planificações Médio Prazo" (PMP) sempre de acordo com aqueles princípios" Ausubel-Novak" e portanto, numa sequência hierarquizada de conceitos.

Os "Conceitos Mais Gerais" foram inicialmente apresentados, pois assim ocorre com maior frequência uma aprendizagem que propicia a integração.

Para Ausubel há uma hierarquia conceptual, se conceitos mais gerais são ligados a conceitos menos inclusivos.

Assim, a estrutura cognitiva representa um esqueleto de conceitos hierarquicamente organizados.

Nesse PMP, os conceitos serão sempre apresentados numa perspectiva conceptualizante: «... é possível emprestar ao conhecimento um grau elevado de significação e pertinência se os conteúdos se apresentarem inseridos em campos estruturados de relações, como se pode obter sob a forma de "Mapas de Conceitos.»

Exemplo de um mapa de conceitos elaborado para uma PMP do 7.º ano de escolaridade: (Ano lectivo de 1991/92):

/ 10 / Mas o início de cada "Terna Programático" implicou-nos sempre no prévio diagnóstico da "Estrutura Cognitiva" do/s aluno/s, pois o professor terá, não apenas de identificar as estruturas e mecanismos inerentes a cada "estádio do desenvolvimento", mas também reconhecer em qual dos "estádios" se situa o aluno... e tão frequentemente não coincidente com a sua "fase etária".

Só assim é possível "a adequação das estratégias ao nível do desenvolvimemo do aluno, a qual constitui condição necessária à construção de APRENDIZAGENS ESTRUTURADAS SIGNIFICATIVAS E SIGNIFICANTES".

"O aluno deve fazer um esforço consciente para identificar os conceitos chave nos novos conceitos e relacionar estes com os que já possuía". Assim a utilização de recursos apropriados conduzirá a uma progressiva transferência para a estrutura conceptual do aluno, enriquecendo-a através de uma aprendizagem significativa (...) actuando sempre o professor como organizador e orientador.

É o professor problematizador".

Da actual "Organização Curricular e Novos Programas" transcrevemos: «Este entendimento evidencia a linha cognitivista que, de modo não sistemático mas todavia marcante, informa o conjunto dos programas.»

Ainda na mesma publicação do ME: «Numa pedagogia individualizada como a que a AVALIAÇÃO FORMATIVA pressupõe, não impede a existência de pedagogias universalizantes que, para cada grau de ensino, fixem objectivos globais de aprendizagem ao conjunto do mesmo grupo de idades...»

A AVALIAÇÃO, no nosso entendimento, continuará a assumir um papel decisivo no processo de aprendizagem pois "constitui o elemento integrador da prática educativa; é o elemento regulador que permite ao professor introduzir mecanismos de correcção e reforço e ao aluno, controlar em pequenos espaços, a sua aprendizagem.

Pelo seu carácter sistemático e contínuo, "a avaliação implica frequentes paragens para efectuar o balanço do que se está a fazer, através de momentos de diálogo com os alunos". Não negligenciando a recolha de informações sobre os resultados, de aprendizagem, têm especial interesse os dados relativos aos processos utilizados pelos alunos na sua obtenção.

Os "erros" devem ser interpretados como um eventual sintoma de falta de domínio das operações requeridas para a resolução daqueles problemas. Deste modo os resultados podem ser "reveladores da natureza das representações" ou das "estratégias utilizadas no ensino", e não a tradicional, na perspectiva de sancionar o aluno.

A recolha dos dados que a AVALIAÇÃO proporciona através duma observação sistemática e contínua, exige o recurso à diversificação nos instrumentos de controlo: "Mapas de conceitos elaborados pelos alunos"; "Listas de verificação"; "Provas formativas"; "Provas sumativas"; "Grelha de análise dos resultados"; etc., concedem "ênfase ao processo", como é preconizado na "Actual Reforma Curricular e Novos Programas".

* Professoras estagiárias do 11.º Grupo B

 

Aliás, Escola Secundária José Estêvão

 

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