Aliás,
Esta publicação tem surgido como uma intenção do Conselho
Pedagógico da Escola Secundária de José Estêvão. Temos mantido o título,
em experiência, a encimar algumas folhas de informações avulsas, para
que a intenção do Conselho Pedagógico se transformasse numa ameaça. Ao
tomar pública uma intenção, cria-se uma responsabilização de nível
superior que não pode resolver-se pela sua proclamação.
Com muita dificuldade, publicamos agora o número 1,
relativo aos meses de Outubro a Dezembro de 1990. E pensamos que é
possível publicar um número por trimestre.
Como é evidente, esta publicação não é um jornal de
estudantes para estudantes, nem é um jornal de professores para
professores ou de professores para alunos. Pretende-se criar um espaço
de convívio da escola para as várias leituras que ela proporciona.
Publicamos aqui trabalhos de professores, sobre as suas experiências,
como publicamos trabalhos de estudantes. Do mesmo modo, publicaremos
trabalhos de funcionários ou de membros da comunidade educativa em que a
escola se insere.
Aliás, ficamos à espera que passem das intenções aos
actos.
Ao mesmo tempo vamos publicando alguns dados da
actividade da escola, algumas decisões/orientações, para que, de certo
modo, se constitua uma "memória da escola".
Neste número ainda há poucos colaboradores. Esperamos que
outras colaborações apareçam. A redacção não devolve originais que lhe
sejam enviados e reserva-se o direito de não os publicar. Todos os
originais assinados responsabilizam exclusivamente os autores.
Teremos a preocupação de escolher materiais que podem ser
usados com proveito por professores e alunos.
Bom proveito.
De boas intenções está o inferno cheio…
Sobre as directivas de orientação
O Conselho Pedagógico aprova todos os anos formas e
regras de funcionamento. Entre outras coisas, de acordo com o que tem
sido hábito e baseado nas disposições legais, dividiu-se em Secções que
estudam temas e problemas e produzem orientações para diversos aspectos
da vida da escola. A primeira das secções a reunir para produzir
directivas foi a Secção de Orientação Pedagógica. No primeiro período de
90/91, foram tornadas públicas directivas dessa Secção (aliás, já
ratificadas pelo plenário do Conselho Pedagógico) sobre procedimentos a
adoptar para a avaliação e classificação do rendimento escolar e para as
visitas de estudo.
Há sempre quem pense que essas directivas não passam de
simples indicações e frequentemente não as respeitam. É preciso, por
isso, esclarecer que as directivas das Secções constituem lei interna da
escola e são para seguir. Só o plenário do Conselho Pedagógico as pode
alterar, o que não aconteceu com as directivas produzidas no primeiro
período. Também o Presidente dos Conselho Directivo e Pedagógico as pode
contrariar se, por exemplo, considerar que elas contrariam a lei geral.
Quem não concorda com as directivas, pode sempre reclamar
e apresentar alternativas para o Plenário do Conselho Pedagógico. Mas
não pode deixar de cumprir as directivas, assim como não pode deixar de
responder às convocatórias e distribuição de serviço das Secções, dos
Conselhos de Grupo ou
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Disciplina e dos Conselhos de Turma. E é nesses conselhos (todos eles
representados no Conselho Pedagógico e que constituem também eles órgãos
de apoio do Conselho Pedagógico) que devem ser estudados todos os casos
excepcionais que impliquem o não cumprimento das directivas. Em primeira
instância, esses órgãos de apoio avaliam do carácter de excepcionalidade
das diversas situações e é a eles que compete responsabilizar-se pela
excepção criada por ou para algum dos seus membros.
Há pessoas que não cumprem as directivas ou criam
situações excepcionais (face às directivas) e não aceitam sequer
discuti-las, com o argumento de que não está explicitado em lei alguma o
que as directivas explicitam. Nada é pior do que isto. Estes membros da
comunidade, desvalorizam os órgãos da comunidade que elegeram e para
cujas decisões contribuem ou deviam contribuir) e nessa acção
desvalorizam os corpos sociais e escolares em que se integram. Embora
não pareçam, esses membros da nossa comunidade são os verdadeiros e
malsãos "marginais", não se integram na comunidade de que orgulhosamente
afirmam fazer parte. Para alguns dos casos, não é a comunidade que é boa
e que os honra, são eles a honra deste "convento" e a comunidade só é
boa na medida em que os recebe. Para esses membros, a comunidade "devia"
considerá-los como boas "excepções" em si mesmos e nunca submeter a
qualquer controvérsia os seus actos.
Para desgosto das "personalidades", muitas das
reclamações dos pais e encarregados de educação têm por base a falta de
cumprimento das determinações do Conselho Pedagógico e dos seus órgãos
de apoio.
O corpo docente desta escola é, no fundamental, estável
no que respeita aos vínculos profissionais. Mas não é um corpo estável
no que respeita ao respeito que o corpo merece. Um corpo a que os seus
membros não estão devidamente articulados (participantes) e que não lhe
obedecem (embora mantendo a sua forma típica, claro) é um corpo doente e
ridículo nos seus gestos desatinados.
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