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Na madrugada das nossas vidas,
Liderados por duros tiranos,
Encetamos aqui, de modo inseguro,
Um calendário de cinco anos
Onde cada folha arrancada
Era mais um salto no escuro
Para atravessar o deserto
Que por sorte nos calhava
Por não haver mais nada
Além de um futuro incerto
Onde o acaso espreitava.
Um mundo tão fero e duro,
Tão marginal e sem história
Onde ditadores, sem pilhéria
Eram o seu núcleo duro;
E, enquanto nisto meditava,
Desloquei, sorrateiro,
A lápide de cobertura da memória
E libertei a minha amnésia. |