Acesso ao menu inicial.

Bombeiros, uma exemplar humanidade

 
           
 

 

 

uidamos não haver galardões que paguem devidamente a coragem indómita, a abnegação total e o próprio heroísmo, a cada passo demonstrado, dos nossos bombeiros.

Ao longo da existência, já tão dilatada, assistimos a tragédias inenarráveis e sem conta, designadamente a incêndios, sempre calamitosos por devastadores, inclusivamente àqueles que tornaram num archote o antigo edifício do Governo Civil e, mais tarde, num fantasmagórico oceano de labaredas, extensas zonas viridentes do Baixo-Vouga. E podemos testemunhar, por quem somos, que jamais um "soldado da Paz" deixou de fazer guerra, sem sombra de tergiversações, até à exaustão, contra o mil vezes traiçoeiro inimigo.


Na sua maioria de raiz humilde – se é que a raiz humana não é toda a mesma... –, os bombeiros sempre por sempre souberam honrar a nobre farda, como descendentes que são, afinal, dos barrigas ao léu de que nos fala um dos maiorais da língua portuguesa, mestre Fernão Lopes.

Quem teve ensejo de presenciar a saída de bombeiros do quartel, empoleirados nos carros, nervosos mas plenos de querer, insensíveis ao próprio perigo no fito único de conjurarem riscos alheios, não haverá deixado de sentir desde logo uma férvida admiração por tanta filantropia.

Num país onde muitas e muitas coisas correm ao Deus dará, desarticuladamente, quando não ronceiramente, os núcleos formados por tais homens, completamente estranhos a egoísmos ferozes e outros quejandos sentimentos, constituem quase paradigmática excepção. Céleres, determinados, sem olharem para trás nem a quem, vencendo todo e qualquer obstáculo, logram ser eficientes, inequivocamente úteis.

Ao passarmos por um quartel de bombeiros, descobrimo-nos, íntima e instintivamente, numa saudação. Melhor, talvez, num enternecido agradecimento. O mesmo sucede, aliás, consintam que refira, quando deparamos com o monumento perpetuativo de José Rabumba (O Aveiro), bombeiro glorioso, bombeiro ele também da nossa terra, porque não tendo dominado, embora, mares de chamas, venceu serras de água.

Na longa gesta dos bombeiros aveirenses abundam as páginas fúlgidas, escritas com luz estelar. Diz-se, e é certo, que amor com amor se salda. Simplesmente, só temos palavras de cutiliquê para exalçar os tesoiros de humanidade, de bem querer ao semelhante, de tão magníficos e pacíficos heróis. Essa a nossa mágoa, a nossa grande lástima.

 
 

João Sarabando

 
 

pág. 41

   

índice

 

anterior

seguinte