Um elemento do Clube de Jornalismo decidiu efectuar uma entrevista
a antigos alunos desta escola, para lhes perguntar o que
pensavam ou sentiam acerca do mais antigo edifício de ensino
secundário do distrito de Aveiro. Infelizmente, não
conseguimos contactar muita gente. Mas pudemos obter as
respostas de dois antigos alunos, actualmente estudantes do
Ensino Superior. São eles o Luís Miguel, aluno do segundo
ano do curso de História da Universidade do Porto, e a Filipa
Helena, aluna do segundo ano do Curso de Gestão e Marketing
do I.P.A.M. - Porto. À pergunta «Por que motivo escolheu a
Escola Secundária Homem Cristo para aí estudar?», deram-nos
as respostas que passamos a transcrever
LUÍS MIGUEL: «Houve
vários motivos. Entre eles, minha mãe, que trabalhava perto,
e o meu irmão, que já andava nesta escola. A maior parte dos
meus amigos não foram para a Escola Homem Cristo. Lembro-me
deles dizerem: «Andas no convento? Deve ser uma seca». A
princípio era só uma escola por onde eu ia passar, isto
porque talvez viesse a mudar. Foi passado dois anos que
comecei a sentir prazer em estudar num edifício tão antigo
como esta escola. Sempre gostei daquelas paredes antigas, das
janelas e daquelas portas monstruosas, da fachada principal do
liceu e, sobretudo, do átrio da entrada e das escadas tão
antigas como os nossos avós. Foi durante o meu segundo oitavo
ano (já tinha chumbado), que decidi não deixar nunca mais a
minha escola Homem Cristo. Hoje posso dizer que conheço todos
os cantinhos deste liceu.
FILIPA HELENA: Escolhi
aquela escola porque era recomendada e tinha professores
exigentes. O ambiente era bom e diferente dos outros liceus.
Gostei muito dos anos que ali passei e não esqueço nenhum
dos professores que tive. Foram os melhores sete anos (eu
chumbei no oitavo ano!) da minha vida.
Quando estou com alguns dos meus antigos colegas, lembramo-nos sempre e
falamos durante longas horas das peripécias que aqui passámos.
LICEU
HOMEM CRISTO,
ESCOLA DO MEU CORAÇÃO...
Durante sete anos frequentei esta escola. Chumbei no 8º ano. (Hoje
reconheço que me fez bem). Aqui entrei, criança ainda,
assustado com tudo e com todos. Daqui saí, homem feito, de lágrimas
nos olhos, já não assustado, mas com as saudades que levei
no coração.
É de facto pequenino o meu antigo liceu, mas tem algo de
grandioso, de gigantesco, que é a sua história. E que história!!
São quase dois séculos! É por isso que nunca este liceu
morrerá.., ele é imortal; note-se: Imortal!!
Os professores que tive? Perdi-lhes a conta. Mas há alguns que
conseguiram o meu eterno respeito e profunda admiração.
Esses, guardá-los-ei no coração até ao fim dos meus dias.
Lembro-me de vocês, Professoras Manuela Osório e Manuela Salomé,
que tornaram as aulas de francês alegres e me ensinaram que
uma língua estrangeira não é só a malfadada gramática,
mas também outras coisas deveras interessantes...
Lembro-me de si, Professora Maria Júlia, que apesar do seu bom
esforço para me incutir o gosto pela Matemática, não o
conseguiu... No entanto, conseguiu o meu respeito.
Lembro-me de vocês, Professoras Luísa Pelaio e Graça Rogado, que
me ensinaram o bom inglês e conseguiram o respeito de todos
os alunos que eram meus colegas.
Lembro-me de si, Professor Francisco Messias, da sua constante boa
disposição, alegria, e sempre, mas sempre, da
disponibilidade para ouvir e ajudar os alunos com problemas...
Lembro-me de si, Professor António Magalhães e de como foi bonito
aprender a filosofar consigo. Foi bom filosofar...
Lembro-me de si Professor (Padre) Miguel, que deu as aulas mais
belas de Português que alguma vez tive. Consigo, aprendi
verdadeiramente a gostar da língua mátria, a admirá-la e a
amá-la. E não foi só o Português que aprendi... outras
coisa me ensinou: música, poesia, teologia, latim, mitos,
lendas e narrativas várias...
E lembro-me de si, Professora Lurdes Primo, que fez com que eu
descobrisse a verdadeira paixão da minha vida: a História,
com que me “casei”, e a quem dedicarei parte da minha
vida...
Que saudades de tempos que já não voltam...
A ti, minha escola do coração, só mais umas palavras: Viva a
Escola Secundária Homem Cristo!
Luís Miguel (Estudante de História da Universidade do Porto – 2º
ano, antigo aluno da Escola Secundária Homem Cristo.
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