|
|
Escrever é pensar em voz alta: é este o apanágio do «animal
scriptionis», vulgo, Escritor, a mais bizarra criatura dentre a
fauna artística. Cidadão do mundo, à boa moda Russelliana,
damos-lhe perpétua licença para cativar essa realidade que esculpe
a esferográfica, cinzel e fantasia. E cada seu verso & verbo
afogueados são uma conspiração de letras, esbofeteadas na máquina
de escrever, à custa de bons puxões de orelhas na inspiração.
Assim, porque nada do que é humano lhe é alheio, vai página a página
sofrendo de «scriptofobia», essa doença incurável que matando,
faz viver. E o mal é contagioso e galopante: obriga-o a tatuar
rascunhos, papelinhos, papéis e papelada com fantasias tão
materiais e metafísicas, que o Escritor chega a ter ciúmes da
tinta da esferográfica.
Talvez por isso ele seja uma criatura lunática, marciana ou
saturnina, raras vezes terráquea. E o mais socrático dos
passageiros de autocarro, todo ele um caderno de notas, desde os óculos
à ponta dos dedos. Lexias, dislexias, lexemas & outros que
tais, arrebatados ao supermercado da língua, são o seu
conhecimento. E ele, Arquitecto da Esferográfica, rabisca letras e
lirismos, vergasta as sílabas ao sol, irrita-se, vocifera a
empreitada. Em ocasiões de neónico sucesso, ao escrever histórias,
faz a História. Outras, lamuria-se da inspiração que faltou ao
encontro marcado. Critica, acidamente. Uns chamam-lhe tratadista,
outros tratante. Mas o escritor, ri-se baixinho, esfrega as mãos,
qual mosca satisfeita, e lá vai passando e vivendo. Ao envelhecer,
torna-se sorumbático e deixa crescer as patilhas (não
necessariamente por esta ordem).
Mas, como é a nossa voz pluralizante, é difícil não gostar
dele. Talvez por nos desafiar a um duelo de sonho ou de mortal
aborrecimento em cada livro. Provavelmente, porque se pespega às
nossas existências como uma pastilha elástica ao sapato. E porque
ao ser tão insuportável, não há outro remédio senão tolerá-lo
até ao próximo livro.
Ou talvez por ele ser mesmo assim: colhendo lexias nos jardins da
palavra. Sempre Nosso... Até ao dia sonhado por Saramago, em que
deixará de haver Poesia, porque todos seremos Poetas.
JOÃO DE MANCELOS
|
CRÍTICA
DE CINEMA
O
Cabo do Medo |
|
Este filme de Martin Scorsese é mais um apelo às nossas emoções,
entre as quais se destaca o medo, pondo à prova a nossa capacidade
nervosa.
Uma vez mais Robert DeNiro e Nick Nolte nos dão um bom momento de
cinema. Robert DeNiro, diferente e aterrador, e Nick Nolte, com o
melhor da sua carreira, só comparável ao seu desempenho em “O Príncipe
das Marés”.
O realizador M. Scorsese consegue renovar um tema banal (a vingança
do ex-condenado ao seu advogado, que ocultou provas que o poderiam
ilibar de 14 anos de cadeia) com uma nova concepção de thriller
psicológico.
De invulgar intensidade, o jogo de nervos tem dois protagonistas:
os actores e o público. Este último vai adquirindo o medo e o
nervoso ao longo do filme que termina com algumas sequências
violentas, aterradoras, mas ao mesmo tempo fascinantes.
Se tens mais de 16 anos, não percas este filme. Vem ver este Vilão
que vem da Floresta Negra e quer levar o seu advogado às portas do
inferno. Será que vai conseguir?
O responsável do Projecto Verde, Tiago 10º A
PROJECTO
VERDE
Um grupo de alunos, interessados nas coisas do cinema, criou o
PROJECTO VERDE, que se propõe apresentar um filme por semana na
nossa Escola em colaboração com a D.A.E. Neste momento estão a
ser tratados os pormenores com o Conselho Directivo. No próximo número
vamos dar-te mais informações.
O GRUPO: Tiago; Rui; Gustavo;
Renato(10º A)
|
FEIRA DO LIVRO |
Vai-se realizar nos dias 7, 8 e 9 de Abril uma FEIRA do LIVRO na
Biblioteca da nossa Escola. Aparece. Encontrarás muitas novidades a
preço... não da chuva, mas mais acessível.
EXPOSIÇÃO DE TEATRO |
|
|
Vai-se realizar na Biblioteca da nossa Escola uma Exposição de Teatro
de 24 a 31 de Março. Visita-a. Encontrarás coisas interessantes.
|