Ó bruma densa, cortante, cerrada,
que vens p'las escarpas com teu escuro manto,
eu fico tremendo,
de suor gelada,
mas tu cruelmente me vais arrastando...
Minh' alma está muda, inerte, parada
e há rios d' orvalho formados de pranto,
pois és o vampiro da hora calada
que seduz meu corpo
com luzente encanto...
Como ave que foi tristemente imolada,
eu choro a dor dos sonhos perdidos
num dolente e débil carpir...
Mas, por entre a bruma cortante, cerrada;
volúpia, loucura, desses doidos sentidos,
eu sigo meu corpo... embora aterrada,
a esse abismo que o vai submergir... |