RECUPERAR A 'ARCA PERDIDA'
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Este terceiro
volume é uma cúpula: dá maior profundidade aos dados de enquadramento
histórico e remata aspectos do conteúdo poético-musical do primeiro e
segundo volumes do GRANDE CANCIONEIRO DO ALTO DOURO. O texto de
carácter histórico-literário e musical que introduz o primeiro volume
e as resumidas observações culturais que acompanham muitas cantigas
têm aqui um acabamento mais panorâmico e sistematizado. |
Assim, as quase 1200
cantigas, aí apresentadas de forma sincrónica, têm agora uma visão
diacrónica e abrangente, que situará o Alto Douro não só nas suas origens
musicais, etnográficas e poéticas, mas também políticas, culturais e
históricas – borgonhesa, compostelana, ibérica... além de românica.
Por isso, tem de ser
pluridisciplinar esta panorâmica final:
– Para além das músicas
e das letras, o cancioneiro pressupõe um mundo de cultura e actividades,
desde a dança aos instrumentos musicais, desde os trabalhos às romarias,
desde os rituais de sedução às crenças, desde a métrica à simbologia...
– Retrato ancestral e
íntimo da alma do nosso Povo, as cantigas revelam magicamente a
esperançada ou angustiada Hora do homem do Douro – de algumas alegrias e
de muitos desesperos.
– Saber 'ler' em
profundidade essa Hora é uma exigência cultural da nossa época, em que a
Epopeia duriense é reconhecida como Património da Humanidade.
Toma-se indispensável
recordar Egas Moniz e os Pioneiros (ibéricos, galegos, portucalenses,
durienses, borgonheses...) à luz da história político-militar; recordar a
Ordem de Cister ("ora et labora") à luz da religião, da cultura, da
arquitectura e da organização empresarial das quintas; recordar os
cavadores, os lavradores e os artífices... os sonhadores e os artistas...
os poetas, pintores, pedreiros-escultores, músicos... que, nos jacobeus,
iam a Santiago de Compostela procurar o sentido e a força da Vida, que é
Espírito e Matéria.
O Alto Douro é um
Projecto e uma Herança – de carácter nacional, ibérico e europeu – que
nós, durienses de hoje, nos honraremos de conhecer, preservar, partilhar e
difundir, numa permanente tentativa de recuperação da nossa 'arca perdida',
da aliança entre a Montanha e a Água, o Suor e a Poesia, a Música e o
Vinho. |