Ao todo, são lançados
três sistemas concorrentes: o Vídeo 2000, da Philips; o Betamax, da Sony;
o VHS, comercializado por várias marcas. Em
termos económicos, o sistema mais favorável para o consumidor seria o
Vídeo 2000, devido ao elevado número de horas de gravação por cassete.
Cada uma, semelhante às cassetes de som lançadas pela Philips na década
de 1960, delas diferindo pelo maior tamanho e maior largura da fita,
permite cerca de quatro horas de gravação de cada lado. À semelhança
das cassetes de som, a gravação faz-se nos dois sentidos. Gravada a face
A, retira-se a cassete e volta-se a inserir no lado B, dando mais quatro
horas de gravação. Se
o Vídeo 2000 é económico e amigo dos utilizadores, não o é dos
vendedores. Cada cassete dá para demasiado tempo de gravação.
Interessam mais as cassetes que durem menos e que obriguem a adquirir um
maior número. Quanto mais vendas, maior o lucro. À partida, um sistema
económico acaba por nascer com os dias contados, porque não é
comercialmente rentável. Por isso, ficaram dois sistemas em concorrência
durante alguns anos. Perante
a questão de saber qual adquirir, optei por aquele que ainda hoje
consegue agradar-me mais que o VHS, apesar de há já alguns tempos ter
passado para os sistemas digitais. Optei pelo sistema Betamax, porque
apresentava melhor qualidade de imagem e um formato mais compacto e
mais fácil de arquivar. E para me ajudar a tomar a decisão final, a Sony
acabara de lançar no mercado modelos de videogravadores funcionais e
compactos no sistema Betamax. Ao contrário dos primeiros videogravadores,
que eram máquinas pesadas e de grandes dimensões, com as cassetes
inseridas pela parte superior, os novos modelos eram compactos e
semelhantes aos actuais sistemas modernos de VHS e vinham dotados de
funcionalidades já bastante avançadas para a época. Hoje,
o sistema que adoptei, à excepção da utilização profissional, está
completamente posto de lado. Ironicamente, venceu o sistema VHS, um
sistema de menor qualidade, mas economicamente mais lucrativo para os
produtores de aparelhagens e de suportes magnéticos. Durante
mais de dez anos, fui constituindo um arquivo videográfico de filmes e
documentários educativos, tudo devidamente registado e lançado numa base
de dados, que permitia, em poucos segundos, localizar os temas
pretendidos. Mas, como quase sempre acontece, e dizemos quase para não
ficar apenas o sempre, a «febre» de gravar e arquivar foi
progressivamente baixando. Hoje,
nos começos do século XXI, possuo umas largas centenas de cassetes
arrumadas nas estantes, à espera que alguém decida retomá-las e
desvendar-lhes os conteúdos. É
a lei da vida moderna. Novos sistemas estão permanentemente a substituir
os anteriores e a tornar o material arquivado pelo Homem completamente
obsoleto, sem qualquer utilidade. O único sistema que se vai mantendo
fiável e útil ao longo dos séculos são os registos escritos, os
livros, que permanecem sossegados nas nossas estantes e sempre
disponíveis para, em qualquer momento, nos fornecerem os seus conteúdos,
sem necessidade de energia eléctrica e de sofisticados aparelhos de
leitura. Apenas exigem a utilização dos nossos olhos e a vontade de lhes saborear os conteúdos.
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