Texto
Justificativo referido na alínea a) do artigo 13.º do Regulamento do
Concurso
A candidatura
de Arsélio de Almeida Martins ao Prémio Nacional de Professores
justifica-se, na opinião da Escola Secundária c/ 3.º Ciclo de José
Estêvão de Aveiro, pelas razões mais diversas. Perto de completar os
sessenta anos de idade, mais de metade dos quais dedicados à causa da
Educação Pública, sempre serviu com denodo a profissão que abraçou.
Nascido em
Vagos, em 1947, licenciou-se em Matemática Pura, na Faculdade de
Ciências da Universidade do Porto, em 1972. Fez estágio pedagógico no
Liceu Garcia de Orta, Porto, em 1977. Foi sucessivamente, antes e depois
desta última data, professor do Liceu Nacional de Espinho, Escola
Comercial Filipa de Vilhena, Liceu Nacional Garcia de Orta, Liceu
Nacional de Santo Tirso, Escola Secundária de Aveiro, Escola Secundária
N.º 2 de Aveiro. Antes de definitivamente ancorar nesta Escola, ainda
esteve durante três anos em missão em Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe na
cooperação, dando mais sentido a uma formação marcadamente
universalista. É, desde 1980, professor da Escola Secundária de José
Estêvão.
Foi Presidente
do Conselho Directivo e Executivo da sua Escola e Orientador de Estágio
de Matemática. Nas décadas de oitenta, noventa e no que decorre do novo
milénio, fez de tudo um pouco no sector da Educação: tem sido competente
professor de Matemática, alma e rosto da Escola Secundária de José
Estêvão, passando cerca de quinze anos com Presidente do Conselho
Directivo ou Executivo, Presidente do Conselho Pedagógico em igual
período, colaborador do Ministério da Educação nas mais diversas
missões, Orientador de Estágio, Director do Centro de Formação José
Pereira Tavares, co-autor dos Novos Programas de Matemática, Formador
acreditado, palestrante reconhecido, fundador da Associação da
Comunidade Educativa Aveirense, activista científico na APM e SPM,
sindicalista, cidadão de corpo inteiro com intervenção cívica e política
activa
Ao longo da sua
carreira de docente, Arsélio de Almeida Martins contribuiu de forma
notável para a melhoria do sistema de ensino, nomeadamente nos aspectos
que a seguir descrevemos.
Como professor
de Matemática, que nunca deixou de ser, mesmo quando Presidente do
Conselho Directivo/Presidente do Conselho Executivo. A excelência do seu
trabalho é demonstrada pelos resultados escolares dos seus alunos e pela
qualidade das aprendizagens que estes revelaram.
Como professor
e investigador na sua área específica tem trabalho que fala por si. A
dinamização de acções de formação ao longo dos anos, a sua acção na SPM
e na APM, a criação de instrumentos de trabalho específicos da sua área
científica, os trabalhos realizados para o Ministério da Educação, de
que foi colaborador assíduo, são exemplos de qualidade, empenho e
espírito de missão que o caracterizam. Dinamizou, entre mais de uma
centena, as seguintes acções de formação: de 11 a 14 de Outubro de 1989,
Viana do Castelo, Programas de Matemática no Encontro Nacional de
Professores de Matemática, promovido pela Associação de Professores de
Matemática; de 20 a 21 de Setembro de 1990, Funchal; Novos Programas de
Matemática nas Jornadas Pedagógicas promovidas pelo Sindicato dos
Professores da Madeira; 15 de Março de 1995, Sever do Vouga;
Demonstração de materiais informáticos para o ensino da matemática.
Possíveis alterações aos programas de Matemática, na Escola Secundária
de Sever do Vouga; 24 de Março de 1995, Coimbra; Seminário: As
tecnologias de Informação e Comunicação e Aprendizagens Escolares, na
Apresentação do Projecto "Apple Classroom of Tomorrow" do Instituto de
Inovação Educacional; 19 a 21 de Abril de 1995, Coimbra; Avaliação em
Matemática no Encontro de Professores de Matemática promovido pela
Sociedade Portuguesa de Matemática e Associação de Professores de
Matemática; 12 e 13 de Setembro de 1995, Maia; A Reforma e a Matemática
no Encontro Regional de Professores de Matemática, promovido pela
Associação de Professores de Matemática; 31 de Outubro de 1995, Guarda;
Oficina de Matemática "Máquinas. Artes & Manhas" no Encontro de
Professores de Ciências da Beira Interior; de 15 a 16 de Fevereiro de
1996, Vila Nova de Famalicão; Uma lógica para a organização do
raciocínio matemático no ensino secundário de Matemática no Encontro de
Professores de Matemática do Distrito de Braga, promovido pela
Associação de Professores de Matemática; 10 de Abril de 1997, Porto; (IN)Formação
dos delegados do 1º Grupo sobre os programas a entrar em vigor no ano
lectivo de 97/98 do Programa de Apoio ao ensino de Matemática, promovido
pelo Departamento do Ensino Secundário; 20 de Junho de 1997, Covilhã,
Entre o Programa e o Manual, o professor deve escolher o programa único
e pode utilizar um ou outro manual na Escola Secundária Campos de Meio,
promovido pela Sociedade Portuguesa de Matemática; 23 a 25 de Setembro
de 1997, Cidade do México, México; Formação Permanente de Professores de
Matemática do Departamento do Ensino Secundário, uma Organização dos
Estados Ibero-americanos; 18 de Março de 1998, S. João da Madeira;
Geometria para alunos do 9° ano. Encontro com professores sobre os
programas ajustados, na Escola Secundária Serafim Leite; 6 de Maio de
1998, S. Romão; Áreas e Volumes - Estratégias para os professores na
Escola Evaristo Nogueira; 15 de Julho de 1998, Lisboa; Formação nos
Programas de Matemática, na Escola Josefa de Óbidos no âmbito do
Acompanhamento de Programas; 21 e 22 de Setembro de 2000, Ponte da
Barca; A Matemática no Ensino Secundário - que futuro?, Encontro
Regional de Professores de Matemática, promovido pela Associação de
Professores de Matemática; 21 e 22 de Setembro de 2000, Ponte da Barca;
Grafos no Ensino Secundário de Matemática, Encontro Regional de
Professores de Matemática, promovido pela Associação de Professores de
Matemática; 2 de Abril de 2001, Castelo da Maia; Matemática Dinâmica,
Universidade Portucalense e Escola Secundária de Castelo da Maia; 19 de
Abril de 2001, Mealhada; Geometer's SketchPad no Ensino Básico , Escola
EB23 da Mealhada; 10 e 11 de Setembro de 2001, Coimbra; Modelos
Financeiros e de Grafos, Núcleo Regional de Coimbra da Associação de
Professores de Matemática; 13 e 14 de Setembro de 2001, Funchal;
Matemática A e B; Matemática Aplicada às Ciências Sociais na Secretaria
Regional de Educação – Acompanhamento Local/Departamento do Ensino
Secundário.
Foi Director de
Centro de Formação da Associação de Escolas do Concelho de Aveiro e,
enquanto seu Director:
. preparou e
organizou planos anuais de formação, acções de formação, bem como fez
intervenções sobre formação contínua, etc.,
. participou em
seminários e encontros sobre formação;
. interveio
como formador no 1º módulo da acção "Sala de Aula com computadores"
Como Presidente
do Conselho Pedagógico de uma escola associada do Centro de Formação
José Pereira Tavares, Arsélio Martins foi membro da sua Comissão
Pedagógica. Nessa qualidade, apoiou a concepção e execução dos planos de
trabalho do Centro, quer ao nível dos projectos de formação e da
formação propriamente dita (em particular, Trends e didáctica da
Matemática), quer ao nível da informação e divulgação. Como coordenador
da secção de informação e divulgação da comissão pedagógica tornou-se
responsável pela elaboração de planos e pela execução de acções
específicas, como sejam as publicações: textos de apoio, textos-produto;
Incentro de formação; Labor (revista publicada em colaboração com a
Associação Cultural de Professores LABOR); Exame de Consciência de José
Pereira Tavares (livro que inaugura a colecção VIDAS & IDEIAS, publicado
em colaboração com a Associação Cultural de Professores LABOR); Nação,
Nacionalismo e Democracia em Jaime Magalhães Lima de Manuel José
Gonçalves Carvalho (volume 2 da colecção VIDAS & IDEIAS, publicado em
colaboração com a Associação Cultural de Professores LABOR).
Foi ainda o
redactor/relator das conclusões finais do II Congresso dos Centros de
Formação de Associações de Escolas, realizado em Aveiro e membro do
Conselho Coordenador de Formação Contínua de Professores (CCFCP).
Enquanto
professor e responsável pela gestão da Escola Secundária de José Estêvão
sempre pautou as suas práticas pela promoção da qualidade do sistema de
ensino público. Os bons resultados escolares e o baixo nível de
abandono, que sempre se verificaram nesta Escola, são o melhor exemplo
disso mesmo. Mas, em abstracto, enquanto causas, esses dois desideratos
máximos da Educação sempre estiveram nos seus horizontes mais próximos.
Prova disso é a sua intervenção cívica em defesa da Escola Pública:
conferências, artigos de opinião, programas de rádio atestam-no
publicamente. Mais importante ainda que tudo isso foi (é) a sua prática
de todos os dias, dialogando com os alunos, falando com as famílias,
intervindo onde a sua opinião avalizada é necessária.
Se tivermos em
linha de conta a sua actividade profissional, tendo em conta processos
de avaliação e reflexão sobre as práticas de ensino, a sua experiência é
significativa. Enquanto activista da SPM, representou a Sociedade no
Encontro da Associação de Professores de Matemática (PROFMAT 89) de
Viana do Castelo para a discussão dos novos programas; integrou a
Comissão Organizadora do Encontro Nacional de Discussão dos Novos
Programas, realizado pela SPM, em Coimbra; organizou actividades,
realizou acções (sobre novos e velhos programas) e teve intervenção nos
Encontros da SPM; foi editor do Boletim da SPM para as questões do
ensino primário e manuais escolares; realizou acção de formação sobre os
novos programas de Matemática na Madeira, Sindicato dos Professores da
Madeira; foi o organizador, responsável e relator do VI Encontro
Nacional da SPM, Aveiro, 1992; realizou sessões sobre selecção de
manuais escolares de Matemática em escolas integradas na iniciativa
Tardes da Matemática da Região Centro (1997). Como membro da Equipa
Técnica e da Comissão de Acompanhamento do Programa do Ensino Secundário
de Matemática, participou em painéis de Encontros, sessões de formação,
reuniões e sessões um pouco por todo o país; como formador acreditado
para efeitos da formação contínua de professores, concebeu e orientou
Conceitos de Matemática (Seminário), nos CFEC Ílhavo e CFAE Águeda;
Tópicos de Matemática Contemporânea (Seminário), Centro de Formação José
Pereira Tavares; uma Oficina para um laboratório de Matemática (Oficina
de Formação), Centro de Formação José Pereira Tavares; Iniciação à
Teoria de Grafos — via Internet, TRENDS, Centro de Formação José Pereira
e Centro de Estudos de Telecomunicações.
Dinamizou
intensamente a comunidade educativa aveirense, não só estando na origem
da ACEAV (Associação da Comunidade Educativa Aveirense) que deu corpo a
uma associação que pretende pôr em diálogo e utilizar as sinergias de
diversas escolas de diferente graus de ensino – foi, ao longo dos
últimos anos Presidente da Assembleia Geral da Associação. Na sua Escola
promoveu a redinamização da Associação de Pais e Encarregados de
Educação do Liceu de Aveiro e trabalhou sempre com o associativismo
juvenil, dando toda a ajuda necessária para a existência da Associação
de Estudantes da Escola.
Como membro do
Conselho Directivo/Executivo (foi vogal do Conselho Executivo em 1982/83
e presidente deste órgão desde 1983 até 2002, com interrupções entre
1986/88 e 1991/95) sempre orientou a sua prática pelo justo equilíbrio
entre a colegialidade e a responsabilização individual, defendendo o
exercício autónomo das competências como política para o trabalho de
direcção da escola.
O modelo de
trabalho colectivo dos conselhos directivo/executivo, assente na
responsabilização individual, foi reproduzido para as coordenações dos
directores de turma e para os coordenadores de departamento e delegados
de grupo ou disciplina. Procurou, assim, dotar a escola com
profissionais capazes do exercício de cargos de gestão intermédia com
grande autonomia e independência.
Foi durante a
sua gestão que a Escola se abriu de forma significativa a comunidade
envolvente. Desde finais dos anos noventa, por sua iniciativa, A Escola
começou a prestar serviços à comunidade educativa, em especial com a
abertura de serviços de educação e ensino de adultos em pólos de
animação comunitária (S. Jacinto - Área Militar e Paróquia/Junta; Nariz
- Junta; Santiago - projecto da Câmara; Santa Joana - Junta;
Estabelecimento Prisional). Por tudo isto podemos considerar que a
prática de Arsélio Martins, enquanto Presidente do Órgãos de Gestão, foi
inovadora, funcional e, a nosso ver, fez escola, contribuindo para a
formação de uma nova fornada de pessoal dirigente.
O seu
contributo para a formação e integração de novos professores fez-se,
fundamentalmente, como Orientador de Estágio. Foi cargo que ocupou em
duas épocas distintas: entre 1986 e 1988 foi Orientador da prática
docente e professor de Didáctica da Matemática da Formação em Serviço do
ClFOP da Universidade de Aveiro; entre 2003 e 2006 foi Orientador de
Estágio de Matemática na sua Escola, tendo representado os Orientadores
de Estágio no Conselho Pedagógico em 2005/2006. As suas práticas
inovadoras são do conhecimento de toda a comunidade educativa e a
preparação que os seus formandos obtiveram é reconhecida. Mas mesmo em
tempo de ocupação de outros cargos a formação inicial de professores
esteve sempre nos seus objectivos. Algumas das acções de formação já
citadas são disso exemplo. Outras cumpririam, também, esse objectivo e
podem ser consultadas quer no seu curriculum vitae, quer no seu
“portfolio”
A difusão de
boas práticas educativas foi sempre um dos seus objectivos. Ao nível
pessoal – a imensidão das suas publicações nos mais diversos meios de
comunicação assim o comprovam, mas também ao nível da comunidade
educativa: a dinamização de publicações como o Aliás, a Labor e a
Incentro, com repetidos pedidos para a publicitação das boas práticas a
todos os docentes da Escola, são disso exemplo. Hoje nos jornais, ontem
na rádio, desde algum tempo a esta parte no ciberespaço, sempre Arsélio
Martins se tem dado à cidadania e aberto e à participação. Nos últimos
tempos as novas tecnologias da comunicação transformaram-se quase numa
obsessão. Transformar e espaço didáctico num espaço interactivo,
recorrendo às novas tecnologias, quase sempre a expensas próprias, tem
sido o seu último (mas não derradeiro) combate. Os alunos agradecem, os
pais reconhecem, o país ganha. É assim que a educação acontece.
Por todos estes
contributos para a Educação, candidatar Arsélio de Almeida Martins a
este Prémio é uma obrigação do actual Conselho Executivo da Escola. O
reconhecimento de 35 anos de trabalho capaz como poucos é o que se
espera. |