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COMO
ERA A SEC.ª HOMEM CRISTO NOS ANOS VINTE
Por
altura de 1920/30, a actual Escola Secundária Homem Cristo era o único
edifício de ensino secundário de Aveiro. Claro está que não era
uma escola secundária. Era então conhecida por Liceu José Estêvão.
De acordo com os elementos obtidos no «Anuário do Liceu de José
Estêvão (1916-1917 a 1926-1927)», apresentava uma estrutura
diferente da actual. Era uma escola mais pequena, constituída pelo
corpo principal e por um edifício anexo, adquirido em 1919.
O
corpo principal, que constitui o edifício original, tal como
agora, está voltado para a Praça do Município que, então, era
ainda em terra batida e com árvores, tal como nos é mostrado na
imagem incluída nos passatempos deste número especial de A FOLHA.
A rua em frente era muito mais estreita do que actualmente e o
passeio, com um bonito empedrado, igualmente estreito. Encostado
ao Liceu, o Cinema Aveirense apresentava um aspecto totalmente
diferente do actual.
No
edifício anexo ao liceu e sem ligação interna com o corpo
principal, funcionavam as aulas das duas primeiras classes. O acesso
a este edifício fazia-se por um pequeno portão com duas portas de
madeira, tal como se vê na segunda figura que ilustra este artigo.
Observa o espaço circundante. Repara na largura da rua e nas casas
existentes então e compara com o aspecto actual. Poderás constatar
que as casas da imagem já não existem e que a rua, actualmente, é
muito mais larga, por ela se fazendo a circulação no centro da
cidade. Na área correspondente à das casas ergue-se hoje o edifício
da Caixa Geral de Depósitos.
Tendo
em conta as palavras do Reitor do Liceu, em 1927, o
Dr. José Pereira Tavares, para além das salas de aula, o liceu era
constituído por diversas secções, quase idênticas ao que actualmente
encontramos: Secretaria, Biblioteca, Gabinete de Física, Laboratório
de Química, Gabinete de Geografia, Sala de Desenho, Ginásio,
Gabinete do Médico Escolar,
Sala de Canto Coral e edifício principal. As diferenças
relativamente àquilo que hoje podemos encontrar residem
essencialmente no Gabinete do Médico Escolar, actualmente
inexistente, e na Sala de Canto Coral, disciplina hoje desaparecida
do currículo do ensino secundário. Ouçamos o que nos diz o Reitor
acerca destes dois elementos desaparecidos:
«Gabinete
do Médico Escolar: Montagem do Gabinete, devidamente mobilado e
apetrechado. Além do absolutamente indispensável para uma provável
intervenção clínica, é necessário adquirir uma craveira, uma
balança e bem assim todos os demais aparelhos para a inspecção
científica dos alunos.
Sala
de Canto Coral: É preciso rodear de carinho esta disciplina,
construindo um pavilhão completamente isolado dos edifícios do
Liceu, destinado às aulas de Canto e aos ensaios do orfeão, -
pavilhão cheio de luz e ar, cercado de trepadeiras e flores, tudo
em harmonia com os fins educativos e estéticos que determinaram a
inclusão dessa disciplina no plano do Liceu.»
Relativamente
ao edifício principal, apenas desapareceu uma sala em anfiteatro.
Claro está que não referimos aqui algumas pequenas alterações
feitas hodiernamente. É preciso também salientar que nem todas as
salas e gabinetes foram referidos. Limitámo-nos a indicar aquelas
partes do Liceu que, segundo o Reitor, apresentavam na altura
algumas deficiências, necessitando de melhorias. Não referimos,
por exemplo, a existência da Sala de Professores, o Gabinete do
Reitor, correspondente ao actual Conselho Directivo, o Gabinete de
Ciências Naturais, etc. Se prestares atenção à imagem do Gabinete de Ciências Naturais, poderás talvez facilmente
identificar essa sala. Como podes ver, a sala aí mostrada apresenta
bastantes semelhanças com a actualidade, existindo ainda muitos dos
elementos aí representados.
A
grande diferença entre os anos 20 e os anos 90 reside na existência
de toda uma nova ala, com dois pisos e com diversas salas modernas,
tendo no piso térreo um Refeitório espaçoso e agradável, com uma
cozinha funcionalmente apetrechada.
A
população do Liceu era constituída, por alturas de 1926-27, por
31 professores, 3 funcionários da Secretaria, 13 Auxiliares da Acção
Educativa e apenas 476 alunos. Actualmente, a população da Escola
quase duplicou, sendo constituída por 113 professores, 11 funcionários
da Secretaria, 24 Auxiliares da Acção Educativa e 1029 alunos.
Henrique
J. C. de Oliveira
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