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Henrique J. C. de
Oliveira, Gramática da Comunicação, Col. Textos ISCIA, Aveiro,
FEDRAVE, Vol. I, 1993, 311 pp., Vol. II, 1995, 328 pp. |
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À maneira de prefácio –
Vols. I e II |
– Vol. I – |
Comecemos por reflectir acerca do programa de Gramática da
Comunicação, transcrito ao lado e dividido em duas partes:
objectivos gerais e síntese programática. Consultando‑o, verificamos
que o objectivo fundamental da disciplina não será, logicamente, o
de ensinar ao aluno a língua que utiliza de há longa data, mas sim o
de o levar à aquisição de conhecimentos ou à reflexão sobre
conhecimentos há muito adquiridos, que lhe permitam ter uma ideia
mais clara e profunda da língua que utiliza diariamente, quer na sua
vida particular e de relação com familiares e amigos, quer em
situações ligadas à vida profissional.
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1 –
Objectivos gerais:
1.1
– Levar os alunos ao conhecimento aprofundado do sistema
linguístico que utilizam para realizarem actos de comunicação.
1.2
– Melhorar a qualidade textual, escrita e oral, dos alunos.
2
– Síntese programática:
1
– Formação e desenvolvimento da língua portuguesa: unidade
sistemática na diversidade dialectal – os casos do Brasil e da
África.
2
– Tipologia das mensagens verbais.
3
– Retórica e estilística
4
– Análise de textos mediáticos |
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Seguindo à letra a primeira parte dos objectivos, teríamos de
começar por reflectir acerca das classes e estruturas gramaticais da
língua portuguesa. No entanto, este é um conhecimento já adquirido
(ou deverá sê‑lo) ao longo de vários anos, quer a nível do ensino
básico, quer do secundário.
Sem
dúvida que esses conhecimentos são importantes. No entanto, convirá
agora reflectir sobre outros aspectos ligados à utilização da língua
e que permitirão melhorar a qualidade textual, escrita e oral, dos
alunos. |
É condição fundamental para um adequado emprego da língua materna e,
consequentemente, para uma boa comunicação, ter uma noção rigorosa
dos vários registos de língua, de modo a que se efectue uma correcta
adequação da língua à situação de comunicação em que nos
encontramos. Como é sabido, a comunicação pode ocorrer a dois níveis
fundamentais: ao nível da oralidade e ao nível da escrita. Em
qualquer um deles, há uma base comum, que assenta na competência
linguística.
No
plano da comunicação oral, impõe‑se, por parte do sujeito falante,
uma boa dicção, um conhecimento e utilização dos meios auxiliares
(audiovisuais) e um conhecimento das estruturas da língua. No plano
da escrita, impõe‑se uma caligrafia compreensível, legível, o
domínio das regras inerentes ao código escrito e o conhecimento da
forma correcta de expor e desenvolver as ideias. Escusado será
dizer que este último aspecto é sempre importante, quer tenhamos de
expor as nossas ideias oralmente ou por escrito.
Tanto no plano da oralidade como no da escrita, exigem‑se do sujeito
falante o domínio e conhecimento das regras fundamentais da língua,
pelo que deverá procurar desenvolver os seus conhecimentos sobre os
vários domínios:
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boa dicção,
isto é, boa pronúncia, no caso da oralidade; |
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boa
caligrafia, no caso da escrita; |
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conhecimentos de aspectos importantes como gramática,
ortografia, acentuação, translineação, emprego das maiúsculas e
do hífen e pontuação; |
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conhecimento
do vocabulário adequado; |
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alguns
conhecimentos de retórica e estilística; |
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conhecimento
das características inerentes aos diferentes tipos de enunciado:
conferências, entrevistas, discursos, diálogos, relatórios,
narrações e descrições, etc.; |
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conhecer e
saber utilizar os diversos meios auxiliares à sua disposição,
tais como dicionários, gramáticas e prontuários ortográficos. |
Convirá referir que o trabalho aqui apresentado não constitui nenhuma
gramática nova, a juntar‑se aos vários modelos actualmente
existentes. O título advém‑lhe do nome da disciplina, ministrada em
alguns cursos superiores, cuja síntese programática se encontra no
começo desta introdução. O que aqui se apresenta é uma súmula de
conhecimentos fundamentais, que visam contribuir para o
aprofundamento da cultura geral e linguística do aluno ou do leitor
interessado, independentemente do seu nível de estudos, e para uma
melhoria da sua competência de comunicação.
Ao longo dos capítulos, encontrará o leitor um conjunto de elementos que
lhe darão um amplo leque de noções básicas, apresentadas de maneira
bastante sintetizada, a partir das quais e mediante a consulta de
obras especializadas poderá, por si só, aprofundar os conhecimentos.
Deverá prestar atenção especial às notas e indicações bibliográficas
respectivas, que o remeterão para obras consideradas de grande
interesse, bem como às sugestões de trabalho fornecidas ao longo dos
capítulos, que têm por objectivo levá‑lo a reflectir e a aplicar os
conhecimentos teóricos expostos. No início de cada capítulo, um
pequeno quadro apresenta como que um sumário dos conhecimentos
expostos.
Este trabalho obedece a um plano previamente estabelecido, resultante do
desenvolvimento da síntese programática fornecida no início da
leccionação da cadeira de Gramática da Comunicação, que a seguir se
transcreve nas suas linhas gerais:
I –
Conhecimentos básicos relativos à área da informação e comunicação:
obtenção e fontes de informação; estruturação dos textos; tomada de
notas, registo e resumo da informação; conceitos básicos de
linguística; problemas inerentes à ortografia.
II –
Breve panorâmica das origens, evolução e situação actual da língua
portuguesa.
III
– Diferentes aspectos de análise do discurso.
IV –
Tipologia das mensagens verbais: análise dos diferentes tipos de
mensagens (carta comercial, circular, acta, requerimento, discurso
publicitário, discurso jornalístico, etc.)
V –
Algumas noções básicas de retórica e estilística.
VI –
Noções básicas de versificação.
VII
– Textos mediáticos, com sugestões de trabalho para aplicação de
conhecimentos, ao longo dos capítulos, e esquemas para elaboração de
textos descritivos e narrativos, com questões que ajudarão a
reflectir e expor as ideias.
Não será difícil concluir, pela leitura e análise do esboço apresentado,
que este é um trabalho moroso e nem sempre de fácil consecução. Por
este motivo, será inicialmente apresentado em partes, sendo esta,
que abrange os capítulos I a V, a primeira delas.
Numa fase posterior, será todo o trabalho reunido num único volume, no
qual se incluirão, além do índice geral, um índice de textos, índice
de gravuras, bibliografia consultada, e um índice ideográfico,
equivalente, em certa medida, aos chamados índices analíticos, e uma
relação dos principais dicionários e enciclopédias.
Para facilidade de consulta, o índice geral está organizado de maneira a
permitir aos leitores não só uma procura mais fácil dos conteúdos,
mas também uma melhor visualização e estruturação da matéria. As
sugestões de trabalho são apresentadas em caracteres diferentes, bem
destacados, para uma rápida localização dos trabalhos práticos.
Por sua vez, o índice ideográfico, embora semelhante aos índices
analíticos, difere destes por apresentar diversas entradas para o
mesmo conceito ou assunto. À semelhança de uma base de dados, que
pesquisa todos os campos a partir de uma palavra por nós digitada, o
trabalho de pesquisa do leitor está muito mais facilitado,
permitindo‑lhe uma rápida e fácil localização dos conteúdos. Por
exemplo, o conceito de gramática normativa poderá ser
localizado indo à entrada gramática e percorrendo a listagem
alfabética dos diferentes tipos de gramática, ou recorrendo ainda ao
segundo elemento: normativa, gramática –.
Se na mente de um leitor surge inesperadamente, por exemplo, o vocábulo
inatista, mas não consegue lembrar‑se do seu significado ou a
que propósito o encontrou, bastar‑lhe‑á procurá‑lo no índice
ideográfico, sendo então remetido para as páginas onde o conceito se
encontra explicado ou referido.
Sem dúvida que estes elementos estão longe de fornecer uma visão
completa e profunda dos conhecimentos. Foi nossa pretensão ‑ e
voltamos uma vez mais a recordá‑lo ‑ elaborar um conjunto de
conhecimentos básicos e de material de trabalho que permita, a cada
um, vir a alcançar um conhecimento cada vez mais amplo e
aprofundado. Assuntos há que poderiam ter sido ainda mais
desenvolvidos, ao passo que outros, embora por nós omitidos por os
termos considerado de menor interesse, talvez devessem, na opinião
do leitor, ter merecido uma abordagem. Um trabalho deste género é
sempre susceptível de divergência de opiniões e nunca está completo,
pelo que, em futuras publicações, terá sempre de ser revisto, sendo
por isso susceptível de sofrer alterações. Assim sendo, todas as
sugestões e críticas ao trabalho agora apresentado serão bem vindas
e de grande valia, pelo que o Autor desde já agradece toda a
eventual colaboração.
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– Vol. II – |
Em
finais do ano lectivo de 1992/93,
saiu o primeiro volume da Gramática da Comunicação, no qual se
apresentaram não só os objectivos gerais e síntese programática da
disciplina que deu o nome a este livro, mas também o plano que presidiu
à sua elaboração. Foi então dito que o trabalho que nos propuséramos
realizar era moroso e não fácil. De facto, só agora, volvidos quase dois
anos, sai o segundo volume. São mais quatro capítulos que, apesar da sua
extensão, lograram apenas chegar à parte inicial do ponto IV do plano
então esboçado.
Para aqueles que não disponham neste momento do primeiro
volume, recordamos que nele foram abordados conhecimentos básicos
relativos à área da informação e da comunicação e fornecida uma breve
panorâmica das origens e evolução da língua portuguesa até aos nossos
dias.
Agora, completa-se o ponto II do plano traçado.
Fornece-se uma panorâmica da situação actual da língua portuguesa e
apresentam-se, de maneira bastante acessível e condensada, os diferentes
aspectos de análise do discurso, terminando os conteúdos deste volume na
parte inicial do ponto IV (tipologia das mensagens verbais) com a carta
comercial.
Se as Parcas nos forem favoráveis, esperamos, num volume
seguinte, completar o ponto IV do plano inicialmente traçado e entrar
ainda em domínios da retórica e estilística.
Para o presente volume procurámos seguir, quase
rigorosamente, os mesmos princípios que presidiram ao anterior. E
dizemos «quase rigorosamente» na medida em que introduzimos algumas
pequenas alterações. Como o leitor deverá certamente recordar-se, o
presente volume, sendo uma continuação do anterior, deveria continuar a
numeração dos capítulos, páginas e figuras precedentes. Todavia,
constituindo os dois volumes unidades cognitivas independentes, ainda
que seguindo uma sequência lógica, afigurou-se-nos mais correcto seguir
o esquema comum à maioria dos livros que se publicam, ou seja, efectuar
uma numeração de capítulos, páginas e figuras ab initio.
À
semelhança do volume anterior, o estudo dos conteúdos é reforçado por
textos complementares, geralmente transcritos em notas, e por
actividades de aplicação e consolidação de conhecimentos que designámos
por «Sugestões de Trabalho». Julgamos assim prestar uma valiosa ajuda
não só a todos quantos, quer em regimes de autodidactismo, quer noutro,
desejem aumentar os seus conhecimentos. E, nos capítulos II e III, vamos
mesmo um pouco mais longe nos nossos objectivos. Sabendo-se como toda a
produção de textos escritos é uma actividade que exige, além de
conhecimentos diversos, tempo, esforço, força de vontade e ideias,
apresentamos diferentes propostas para a produção de textos descritivos
e narrativos, fornecendo esquemas que poderão prestar alguma
ajuda. Deverão esses esquemas ser entendidos como meras
pistas para orientação e organização das ideias, como um meio
facilitador do trabalho de produção textual, pelo que cada um poderá
(e deverá mesmo) adaptá-los em função das suas necessidades. Foi este o
mesmo espírito que presidiu, por exemplo, à elaboração dos quadros das
figuras 20 e 21. São aqui apresentadas listas de vocabulário que
permitem a descrição de diferentes aspectos: disposição e dimensões de
seres ─ animados ou inanimados ─, formas, cores, sons, odores, etc. E a
criatividade do leitor poderá mesmo enriquecê-las, acrescentando outros
vocábulos que considere indispensáveis ou úteis para a criação dos seus
próprios textos, nas zonas intencionalmente deixadas em branco.
Na parte relativa às cartas comerciais, além de termos
confrontado diversas opiniões e apresentado os elementos fundamentais
nesta área da actividade humana, completámos as informações com
esquemas, quadros de consulta e documentos autênticos, esperando, deste
modo, fornecer um auxiliar importante de trabalho a todos quantos tenham
de lidar com correspondência comercial.
Tal como no primeiro volume, também neste se apresenta um
índice «ideográfico», que permite uma rápida localização de conceitos e
nomes citados. |
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