Figura 34
- Reenquadramento da fotografia apresentada no início deste trabalho,
que nos mostra não só os meus informadores, em primeiro plano, mas que
também nos permite prestar atenção a diferentes pormenores com
relevância. No canto inferior esquerdo (1), vemos o bordo da eira do ti
Manel Melro. Por detrás do casal, encontramos um enorme monte de lenha
pequena para a lareira (2). Mais atrás (3), a meda das bicas, todas
colocadas em cone arredondado à volta de um «mastro», um tronco vertical
de madeira, para ajudar a segurar as bicas e impedir que o vento as faça
tombar para o lado. Ao fundo, as paredes do edifício, mostram-nos o
material típico de construção, cujas propriedades são superiores à dos
tijolos actuais, porque mais resistentes e isotérmicas. No lado direito
(5), o que resta do moliceiro, com que outrora, quando o ti Melro era
mais novo, percorria a «Ria» de Aveiro na apanha do moliço ou nas suas
viagens com a família ao São Paio da Torreira ou à Costa Nova. Deste
modo, o ti Manel tinha dois meios de transporte, porque em terra
utilizava o carro de bois de que já falámos anteriormente. Embora
«desbicado» e com a proa em estado ruinoso e já sem quaisquer vestígios
de pintura, o moliceiro encontrou, nos seus últimos dias de vida, uma
nova função: a de cerca para os porcos. |