Henrique J. C. de Oliveira, Relatório do Inquérito Linguístico realizado na Gafanha do Carmo, Aveiro, 1967.

Figura 34 - Reenquadramento da fotografia apresentada no início deste trabalho, que nos mostra não só os meus informadores, em primeiro plano, mas que também nos permite prestar atenção a diferentes pormenores com relevância. No canto inferior esquerdo (1), vemos o bordo da eira do ti Manel Melro. Por detrás do casal, encontramos um enorme monte de lenha pequena para a lareira (2). Mais atrás (3), a meda das bicas, todas colocadas em cone arredondado à volta de um «mastro», um tronco vertical de madeira, para ajudar a segurar as bicas e impedir que o vento as faça tombar para o lado. Ao fundo, as paredes do edifício, mostram-nos o material típico de construção, cujas propriedades são superiores à dos tijolos actuais, porque mais resistentes e isotérmicas. No lado direito (5), o que resta do moliceiro, com que outrora, quando o ti Melro era mais novo, percorria a «Ria» de Aveiro na apanha do moliço ou nas suas viagens com a família ao São Paio da Torreira ou à Costa Nova. Deste modo, o ti Manel tinha dois meios de transporte, porque em terra utilizava o carro de bois de que já falámos anteriormente. Embora «desbicado» e com a proa em estado ruinoso e já sem quaisquer vestígios de pintura, o moliceiro encontrou, nos seus últimos dias de vida, uma nova função: a de cerca para os porcos.