Falar ou não falar, eis a questão

Estou com alguma hesitação em abordar este tópico nos aerogramas. Pela correspondência que nos tem chegado e que distribuo aos furrieis e soldados, verifico que o serviço postal militar é muitíssimo eficiente. Tenho encontrado carimbos do correio com a indicação das localidades onde os aerogramas foram entregues e cuja data tem apenas um atraso de cinco dias em relação ao momento em que os distribuo. Significa isto que os canais de comunicação são extremamente eficientes. Por outro lado, ainda não encontrei marcas nem vestígios de violação da correspondência. E se nos lembrarmos que, por dia, passam vários milhares de cartas e aerogramas pelos Serviços Postais Militares, as probabilidades da correspondência ser lida pela Pide são bastante reduzidas. Mas o perigo não está só na Pide, cuja actuação, por aquilo que já me chegou aos ouvidos, é rigorosa e brutal nesta região. O maior perigo é se há alguma fuga de informação e as minhas cartas vão parar a mãos estranhas...

Reflectindo melhor, o risco parece-me quase nulo. Além do mais, uma coisa é efectuar a descrição por palavras; outra é a observação directa da planta com todos os seus pormenores. E como esta é coisa que não mostro a ninguém, excepto aos furrieis, a quem já a mostrei e com quem analisei todos os pormenores da nossa segurança, vou mesmo abordar o tópico e falar-vos das etapas que segui para a sua elaboração.

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