Embora todo o romance em construção seja uma obra resultante da capacidade criadora e imaginação do autor, têm forçosamente de existir sempre alguns elementos alicerçados na realidade. No tocante ao romance «Cartas de um miliciano», a diegese vai acompanhando, sempre que possível, situações vividas por elementos do batalhão em que integrámos o protagonista, o alferes Ulisses de Almeida Ribeiro.

Tirando uma ou outra personagem, cujo nome condiz com o de pessoas que realmente existiram, todas apresentam nomes fictícios, ainda que para a sua construção tenhamos recorrido a características físicas e psicológicas de pessoas reais, que tivemos oportunidade de conhecer, durante o período de tempo em que, à semelhança do protagonista, andámos pelos locais que servem de cenário aos diferentes episódios.

Temos em nosso poder um elevado número de documentação relacionada com a região e factos relativos à 3ª Companhia do Batalhão de Caçadores 4511. Temos centenas de aerogramas e cartas reais, fotografias e diapositivos diversos, inquéritos de recenseamento, registos de natureza etnográfica, processos judiciais, relações com nomes e, inclusive, registos magnéticos de conversas e emissões de rádios terroristas. É em parte com base na consulta de todo este vasto material, que nos ocupa, por vezes, longas horas na selecção de factos e nos servem de inspiração para os episódios, que vamos construindo, paciente e demoradamente, as diferentes cartas que constituem os capítulos deste romance.

Para além do romance com todas as histórias nele incluídas, não poderemos deixar de aqui registar uma homenagem a todos quantos, à semelhança do alferes Ulisses, aguentaram dois anos de cativeiro forçado em terras de África. Como, por enquanto, só dispomos de elementos relativos à 3ª Companhia de um batalhão que permaneceu em Angola de 1972 a 1974, incluímos aqui algumas listagens com os nomes do pessoal que acompanhou o alferes do 3º Grupo de Combate.