O Vouga e o «Vale do Vouga»


Fernando Soares Ramos - In: "AVEIRO E O SEU DISTRITO", N.º 21, 1976, pp. 45-50

 

 

1 - O Rio Vouga

  Situa-se a sua nascente na freguesia de Quintela da Lapa, concelho de Sernancelhe, distrito de Viseu, e tem um percurso aproximado de 140kms. até à foz, na majestosa região lagunar que é a Ria de Aveiro.

O seu curso desenvolve-se por três zonas de relevo distinto: numa primeira parte, a mais recuada, predo­minam os terrenos graníticos, por onde as suas águas, pouco caudalosas, se esgueiram; numa parte média, atravessando terrenos de origem precâmbrica, arcaica e pliocénica, graciosamente contorna as zonas de relevo da Gralheira, Caramulo e Talhadas; finalmente, na última parte, a mais baixa, e antes de se misturar com as águas salgadas do Atlântico, são as plagas e acúmulos holocénicos (medos, aluviões e lodos). Tem portanto acentuadas características de planalto, montanha e planície. O seu percurso, dentro do concelho de Sever do Vouga, situa-se já no final da parte média do seu traçado, a caminho do mar.

Autores eruditos da mais alta confiança que nos deixaram trabalhos de inegável valor sobre toda a região do Vouga, nos domínios da geografia e arqueologia, nomeadamente Amorim Girão e Alberto Souto, ensinam que a bacia do Vouga nem sempre teve a amplitude, o vigor e o movimento dos nossos dias e que há cerca de dez séculos «a vale era mais estreito e reentrante e a foz muito mais recuada - ficava perto da confluência do Águeda e do Cértima.» Por esse motivo toda a casta marítima acompanhava esse recuo, cobrindo os fertilíssimos terrenos jacentes da parte baixa e avançada, pelo que os núcleos populacionais de Mira, Vagos, Aveiro e Estarreja se encontravam, então, debruçados sobre o mar.

Fosse pelo volume das suas águas, fosse pela vida intensa que então se desenrolou nas terras da parte baixa da sua bacia, o que é certo é que aparece citado nos documentos mais antigos sobre a região. Aquando das suas viagens pela Lusitânia, alguns escritores da época se lhe referem. Ptolomeu na sua «Geografia» chama-lhe «ouakoua»; Plínio, Vacca; Estrabão, Vacuam, aparecendo também citado no Itinerário de Antonino, no trecho da via militar romana entre Aeminium e Cale.

O grande mestre, Dr. Leite de Vasconcelos, no apro­fundado estudo que fez sobre o nome deste Rio, diz que a palavra Vouga derivou do latim Vacua, tendo as formas intermediárias «Va-u-ca (trissilábico), Va-u-ga (trissilábico) e Váu-ga (dissilábico).» Esta última grafia é mais uma forma do latim bárbaro do que da língua viva, forma que se encontra num texto do século XIII (Leges et Consuetudines, pág. 687) e já então se pronunciava Vouga.

Afirma também o citado mestre que só a forma Va-u-ca (trissilábico) podia dar o moderno Vouga porque só assim o c passaria para g, pois se au fosse ditongo permaneceria c e então teríamos Vauca e não Vouga.

Já em 1634 a palavra Vacua foi inscrita no Dicio­nário Latino e Português, do podre Bento Pereira; autores mais modernos, porém, consideram-na como latim lusitano, apresentando como razão a sua introdução no vocabulário da época por povos que vieram domi­nar a península ibérica antes dos romanos, que mais tarde se latinizou e evoluiu para a actual forma por­tuguesa.

Pretendem alguns autores que o Vouga teria sido o limite mais ou menos aproximado da antiga Lusitânia. Mas o que é certo, certíssimo, segundo no-lo afirmam documentos medievais dos séculos Xl e XII, é que ele era o términus das Terras de Santa Maria, a divisão natural dos territórios de Entre-Douro e Mon­dego dos tempos da nossa primeira monarquia. Foi ainda ele que contribuiu para dar o nome ao con­celho, pela junção da palavra Vouga ao vocábulo Sevéri.

Todo o seu curso se desenvolve graciosamente, em maviosos requebros, primeiro entre alcantilados penhascais de bravia e rasteira vegetação, depois no meio de virentes e férteis campos.

No inverno, as suas cheias são fenómenos frequentes e provocam inundações na parte inferior, em­bora de pequena duração, enquanto no curso médio as suas águas atingem níveis consideráveis: é o vazadoiro dos córregos pejados de água que descem das serranias, engrossando terrivelmente o seu volume, e se precipita em absurda e estrepitosa correria em busca de local onde possa distender-se.  

O Vouga, abaixo de Pessegueiro, desliza entre jardim...

Nas longas estiagens o seu caudal é insignificante e permite, em muitos locais, a passagem a vau entre as margens. Ouve-se, então, o murmúrio das suas águas cristalinas esgueirando-se por entre os seixos puídos semeados no seu leito e descobrem-se, aqui e ali, pequenos areais à sombra de choupos e salgueiros e lagos de água quente e remansosa.

Em cada curva do rio se vislumbram novos motivos de contemplação: constelações de pequenos e irrequie­tos peixes; o estridente coaxar da rã na água estagnada, longe da corrente; o constante chilrear da pas­sarada na frondosa ramaria das árvores; o bater de asas apressado de algum melro ribeirinho, rio acima; a fuga de um ou outro réptil assustadiço que se bron­zeava na pedra descarnada e escaldante, e as mais diversas tonalidades das flores silvestres pregadas nos pendores da serra.

Cenário  maravilhoso  de  verdura,  recantos  de beleza inexcedível aí plantados pela mão do grande Artista para pasmo do nosso olhar, embriaguez do espírito e retempero dos nervos, eis o quadro que se apresenta ao viandante que queira perscrutar a prodigalidade da mãe Natureza, que não é avara quando ali passa.

Verdadeiro repto lançado ao turismo da região do Vouga que permanece inexplorado por entidades oficiais ou  particulares, na  contumaz cegueira  das reais possibilidades que ele oferece. O povo da nossa terra, de conceitos simples mas imbuídos de sabedoria, desloca-se em catadupas à beira-rio nas tardes cálidas dos domingos de verão a gozar uns momentos de lazer à sombra acolhedora das árvores amigas, repousando das fadigas de uma semana de árduo trabalho. E enquanto se fazem piqueniques com os farnéis despejados na areia, as crianças, sob os olhares vigilantes dos  pais, tomam  banho  e  gritam  despreocupadamente.

Mas cuidado! É que o Vouga também sabe ser cruel e traiçoeiro. As fauces hiantes dos seus fundos poços podem ser, num ápice, o sorvedouro de um ser incauto, a despontar, promessa que se desfaz num momento.

A actividade comercial que o rio Vouga permitiu, décadas atrás, foi na verdade bastante apreciável. E se hoje não subsiste esse mérito, deve-se o facto exclusivamente a duas causas fundamentais: a abertura ao tráfego da EN. 16, de Aveiro a Viseu, que se iniciou em 1874, e o estabelecimento da linha férrea do Vale do Vouga, cujo troço dentro do concelho foi inaugu­rado em fins de 1913, e de que adiante falaremos.

Na verdade, numa altura em que o transporte rodoviário praticamente não existia, era o Vouga, navegável até próximo da povoação de Pessegueiro, que avalizava a maior soma das trocas comerciais. Por ele subiam grandes barcaças impelidas por movimentos sincronizados dos possantes músculos de gente rude e simples, no labor frenético da conquista do seu magro pão, até um local situado um pouco acima do Poço, que a tradição popular aponta com as designações de Marridas, Amarridas ou Esmarridas.

Lá se carregavam, com destino a Aveiro e a outros centros populacionais, madeiras, lenhas, matos, a saborosa laranja de Pessegueiro e dos lugares próximos; no regresso, traziam telha, sal e outras mercadorias. Pelos caminhos íngremes e tortuosos das serranias, parte desses produtos eram depois conduzidos para servir a região de Lafões.

Podemos assim, mesmo à distância, imaginar o quadro rico de cor e movimento, que aquele porto em miniatura, outrora situado próximo do Poço de Santiago, oferecia a quem, directa ou indirectamente, participava na azáfama febril da carga e descarga dos «mercantéis», cujo número atingia, ao que parece, as dezenas.

É por isso que as gentes dos lugares próximos do rio, nomeadamente de Sóligo, mantêm uma arreigada paixão pela pesca, herdada de muitas gerações. E o rio corresponde inteiramente aos seus desejos, dando-lhes saboroso peixe, barbos e lampreias principal­mente.

A lampreia é pescada, ou fisgada, como se diz em gíria popular, na época que medeia entre Fevereiro e Maio, altura das prováveis cheias. O ciclóstomo sobe o rio, aproveitando a more para a desova. Nessa época, quem de noite viajar no EN. 16, frequentemente enxerga, rio acima, ou escondido nalgum recanto, um barquito munido de uma lanterna espalhando pálido clarão à sua volta, a lembrar duendes ou almas penadas. É o pescador que, atento e de olhar sereno, penetra avidamente a espessura da água na mira de encontrar o almejado peixe; e, se adrega lobrigá-lo, despede estocada rija e certeira e é vê-lo, num ápice, contorcer-se trespassado pelas aceradas pontas da fisga.

São famosos os pitéus confeccionados com a lampreia e prova cabal do que afirmamos pode colher-se no Matias do Poço, émulo dos gastrónomos da actualidade. Mas a lampreia fez parte dos lautos banquetes reais. D. Dinis recebia a terça parte do peixe pescado no rio, como o atesta um documento datado de 1282, onde se lê: «Na aldeia de Sever de Pecegueiro do Vouga, tem a ordem do Spital hum casal que paga a terça do peixe que matar no Rio e as primariças (pri­meiras lampreias) que ha a dar a EI-Rey...».

Parece contudo que o povo de então não estava muito disposto a pagar o foro ao rei, pois um outro documento referente a uma inquirição feita ao julgado de Sever, com data de 11 de Julho de 1284, informa que de um lado e do outro do rio foram feitos muitos caneiros, com o intuito certamente de impedir a pas­sagem dos sáveis e das lampreias, e que só com uma barca e na água mais funda se poderia colher o pes­cado para entregar ao Rei. O povo entendia que tam­bém precisava dele...

Não quero finalizar a primeira parte deste despretensioso trabalho sem uma referência à ponte de Pes­segueiro.

Foi  mandada  construir pelo  padre  Dr. Manuel António Dias Santiago, natural da freguesia de Louredo, concelho de Vila da Feira. Tomou posse da freguesia em 21 de Fevereiro de 1807, vindo a falecer a 26 de Janeiro de 1827.

Quando, em 1872, a EN. 16 atingia a povoação de Pessegueiro, foi a ponte incorporada na estrada e, como era estreita, procedeu-se ao seu alargamento por meio de cachorros que ficaram a suportar os passeios, passando para cinco metros a sua largura.

Tem um comprimento de 64 metros e é constituída por três arcos em cantaria de granito, medindo o arco central 17,80 m. de vão e os arcos laterais, de volta inteira, um de 9,80 m. e outro 7,80 m. de vão. A sua altura a partir do ensoleiramento dos pilares é de 13 metros.

O local da sua implantação era alcantilado e a passagem entre as duas margens fazia-se através de barcos. Barca e Barquinha, lugares debruçados sobre a ria, são topónimos que confirmam aquele meio de transporte. As cheias causados por prolongados invernos dificultavam o transbordo e não raro acontecia ficarem cadáveres insepultos, na banda de lá, ou seja, em  Paradela, que não era freguesia independente ainda, ou ficarem por satisfazer os pedidos de auxílio reclamados ao pároco. Para obviar a esse inconveniente, concebeu o padre Dr. Santiago o plano de construção da ponte, destinando a quantia de 8000 cruzados para suprir as barcas e obtendo dos agricultores o transporte gratuito das pedreiras de Talhadas.

A um século e meio de distância e por apresentar algumas fendas, a ponte de Pessegueiro foi devidamente reparada em 1973 e 1974, para garantir a segu­rança do trânsito rodoviário.

Outros melhoramentos foram feitos durante os 20 anos de apostolado na freguesia e para os quais contribuiu. Bastaria, porém, somente este para o impor indelevelmente a uma dívida de eterna gratidão.

   

2- «O Vale do Vouga»

Numa implantação mais ou menos paralela ao Rio Vouga estende-se a linha de caminho de ferro denominada Vale do Vouga, no seu último troço entre Sernada e Viseu. O cenário idílico continua a ser o mesmo, prenhe de verdura e de encanto, de uma beleza sem par.

Terreno muito acidentado, com acentuados des­níveis, foi debaixo de enormes dificuldades que os trabalhos se iniciaram e prosseguiram, obrigando ao estabelecimento de uma emaranhada teia de curvas. Tantas são que, por ironia, houve quem passasse a denominar a via férrea por «linha do vale das voltas».

De via reduzida e dotada de máquinas a vapor com as anacrónicas e obsoletas carruagens das pri­meiras horas, constituía, contudo, um espectáculo aliciante seguir a composição encosta acima, sem pressas, arrastando vagarosa e gemebunda o seu corpo comprido a denunciar cansaço da viagem, e deixando atrás de si uma espessa e negra cortina de fumo carregada de carvão. O comboio, de silvo estridente a ressoar pelos quebradas, era sem dúvida um elemento decorativo da paisagem.

Chamaram-lhe também, e com razão, o comboio incendiário. Na verdade, o verão de todos os anos era assinalado por incêndios, aqui e além, alguns de enormes proporções, provocados por faúlhas incandescentes cuspidas com força da sua enorme barriga de fogo. O último, célebre nos anais da região, e que motivou a paragem temporária da circulação ferroviária, ocorreu entre 19 e 20 de Agosto de 1972 e causou prejuízos incalculáveis no arvoredo das matas, que devorou numa área de muitos quilómetros. Foi o fim do velho e ronceiro comboio, digno de figurar em museu de arte adequado.

O povo exigiu-o e a circulação de passageiros e mercadorias passou então a fazer-se, através de camionagem, a partir de 26 de Agosto de 1972, tocando em todas as estações e apeadeiros.

A substituição do transporte, porém, não trouxe vantagens à população pela morosidade que denunciava e cedo choveram junto das autoridades respon­sáveis pedidos para o restabelecimento da circulação ferroviária com a utilização dos modernos transportes munidos de máquinas diesel.

Fizeram-se estudos para substituição do material circulante; mas perante os resultados obtidos e a soma do investimento, as entidades entenderam por bem recomeçar o transporte de passageiros a partir de 1 de Junho de 1975 com algumas automotoras a gasóleo, continuando o transporte das mercadorias através de camionagem.  Ficou  satisfeito, em  parte, o  desejo formulado pelo povo.

Historiaremos agora, em breves palavras, a conse­cução do projecto do Vale do Vouga.

Logo que lançada a linha da Beira Alta, outro estudo passou a estar na ordem do dia para servir toda a região do Vouga e possibilitar o comércio com as Beiras. Desse estudo foi encarregado o engenheiro Mendes Guerreiro, que preconizava a construção de uma linha que partisse de Estarreja e fosse entroncar na de Santa Comba Dão a Viseu, por alturas de Torre Deita. Foi esse estudo incluído no Plano de 1877 com a classificação de Linha do Vale do Vouga desde Estar­reja, Albergaria-a-Velha, Vouzela e S. Pedro do Sul, ficando por classificar o restante percurso, objecto de novos estudos. Posteriormente, em 7 de Fevereiro de 1879, de novo foi incluído em Plano, mas partindo de Aveiro para Estarreja, passando por Sever do Vouga, Oliveira de Frades, Vouzela e S. Pedro do Sul, na extensão de 60 kms.

Estavam em franca actividade as minas de chumbo do Braçal, Malhada e Coval da Mó, e as minas de cobre do Palhal e Telhadela. Além de que o prolonga­mento da linho até Viseu encurtaria distâncias entre esta cidade e o Porto. Eram razões fortes para fun­damentar a proposta da inclusão do estudo em Plano.

A primeira concessão foi dada por alvará de 11 de Julho de 1889 a Frederico Pereira Palha para a sua construção e exploração, por um prazo de 99 anos, mas que ficou logo condenada ao malogro, uma vez que a sua directriz foi estabelecida a partir de Espinho até Vouzela e daqui a Torre Deita.

Em 1895 novos estudos foram apresentados, baseados no critério de 1879, cujo custo ascendia a 2500 contos. Para diminuir o percurso entre Porto e Viseu a linha partia de Espinho, fazendo-se um ramal de Sever do Vouga a Aveiro. Vários foram os incidentes surgidos depois, que determinaram a supressão do referido ramal (e foi pena porque isso teria proporcionado desde logo um mais rápido incremento comercial e industrial da sede do concelho) até que em 30 de Outubro de 1903 foi o projecto aprovada definitivamente de acordo com o actual traçado, sem contudo aparecer quem pusesse em marcha o empreendimento, uma vez que o Governo não oferecia garantias.

Em 1906 constituiu-se a Compagnie Française pour la Construction de Chemins de Fer à l'Étranger, com sede em Paris, e por decreto de 17 de Março do mesmo ano faz-se a transferência da concessão de Francisco Pereira Palha para a referida Companhia. Em 5 de Fevereiro do ano seguinte é feito o contrato definitivo do empreendimento entre ela e o Estado, e a obra contratada com o engenheiro francês François Mercier que lhe dá início ainda no final desse mesmo ano.

Em 21 de Dezembro de 1908 abriu-se à exploração o troço entre Espinho e Oliveira de Azeméis, com 33 kms., inaugurado em 23 de Novembro com a pre­sença do rei D. Manuel II; a 1 de Abril do ano seguinte o de UI a Albergaria-a-Velha; a 8 de Setembro de 1911 os de Albergaria-a-Velha a Sernada e daqui a Aveiro.

Faltava concluir o prolongamento até Viseu. Como o terreno era muito acidentado a ligação foi morosa, com acabamentos mais rápidos onde as soluções o permitiam de imediato, enquanto pequenos troços eram abertos à exploração. Assim, a 5 de Maio de 1913 iniciou-se o tráfego de Sernada à Foz do Rio Mau, ao km 4; do km 4 ao km 18, até Ribeiradio, passando por Pessegueiro, Paradela e Cedrim, e Bodiosa e Viseu, respectivamente a 4 e 5 de Setembro de 1913; em 30 de Novembro do mesmo ano o de Arcozelo das Maias a Vouzela e, finalmente, em 5 de Feve­reiro de 1914 o das Termas de S. Pedro do Sul a Moçâmedes. Estava terminada a grande odisseia desta via férrea.

Por outro lado a Companhia Francesa transfor­mou-se numa companhia nacional e em 1 de Abril de 1924 os estatutos da nova empresa são publicados, a qual passou a denominar-se Companhia Portuguesa para a Construção e Exploração de Caminhos de Ferro. Ao km 70 080, no Poço de Santiago, houve necessidade de construir uma ponte em alvenaria que é uma imponente obra de arte. Tem um comprimento de 165 metros e uma altura de 28,5 m. e ficou concluída em 1913. É obra do engenheiro francês François Mercier, sob projecto do engenheiro Sejourné da mesma nacionalidade.  

Paisagem da região do Vouga, emoldurada pela bela obra arquitectónica que é a Ponte do Caminho de Ferro no Poço de S. Tiago, em Pessegueiro do Vouga.

Está assente sobre 12 arcos, sendo o maior de forma parabólica e vencendo a largura do rio, com um comprimento de base de 53 m. e 27 de altura. Dos restantes 11 arcos, 2 estão totalmente assentes sobre o principal e outros dois, um de cada lado, também com uma das bases comum assente no central.

Sever do Vouga, 31 de Maio de 1976.

 

Aveiro

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