Biblioteca / Centro de Recursos Educativos da Escola Secundária José Estêvão - Aveiro.
 
 

Recursos Audiovisuais Simples


    

Quadro de fios

Poderíamos começar a abordagem deste meio audiovisual repetindo as palavras iniciais utilizadas quando falámos do quadro de pregas. Como o anterior, é de elevada utilidade, mas possui todo um conjunto de características que o tornam superior ao anterior: é de confecção muito mais fácil, mais económico na sua realização, muito mais leve e resistente e muito mais versátil, podendo ter múltiplas funções: como suporte de informações, substituindo os vulgares painéis informativos que encontramos, por exemplo, nas salas de professores, e como excelente meio de ensino. À semelhança do anterior, é praticamente desconhecido. Em toda a nossa existência[1], só o encontrámos em situação de discente, durante o nosso período da escola primária, em que o professor utilizava um exemplar para diferentes objectivos: ensinar e desenvolver a leitura, para exercícios de aritmética e, inclusive, para deixar os alunos que quisessem brincar com ele, durante os intervalos, escrevendo e fazendo jogos de palavras, utilizando para isso a grande quantidade de letras e de números existentes numa caixa, que nos permitiam escrever os nossos nomes e jogar com palavras.

Feita esta pequena apresentação preambular, vejamos em que consiste e como construir um quadro de fios.

Tal como acontece com o quadro de pregas, a designação provém-lhe do facto de ser constituído por uma série de fios esticados horizontalmente e distribuídos de maneira uniforme e paralela, tendo como função suportar as informações. A leveza, facilidade de construção, baixo custo e potencialidades de utilização fazem-nos considerar o quadro de fios superior ao anteriormente referido, sendo, a nosso ver, também superior aos outros tipos de quadros existentes, tais como o quadro magnético e o flanelógrafo. Relativamente ao quadro preto e ao quadro branco, a afirmação tornar-se-á bastante discutível e relativa. Se o compararmos com o quadro branco, o quadro de fios é indubitavelmente muito mais acessível do ponto de vista económico, dado que os marcadores próprios para escrever nele são extremamente caros e de duração reduzida. Mas ficará a perder em facilidade de utilização, dado que, tal como o tradicional quadro preto, a informação pode ser criada no próprio momento da aula, eliminada e rapidamente substituída por outra, em função do desenrolar das actividades. O quadro de fios exigirá, tal como o de pregas, o flanelógrafo e o quadro magnético, uma preparação prévia do material, que poderemos e deveremos ir arquivando funcionalmente, de modo a permitir posteriores utilizações.

Vejamos como construir um quadro de fios, tarefa esta que poderá ser realizada pelos próprios alunos em determinadas disciplinas, permitindo-lhes, deste modo, um apetrechamento fácil e económico da escola.

O tamanho do quadro pode ser variável, ficando ao critério dos professores que o irão utilizar. As medidas por nós indicadas são meramente exemplificativas e baseadas em experiências anteriormente por nós realizadas. Podemos indicar as mesmas medidas do quadro anterior, ou seja, 120 cm de largura por 90 cm de altura. Como material, necessitaremos apenas de quatro réguas de madeira, com 2 centímetros de largura por um de espessura e pregos finos e pequenos de metal amarelo e uma bobina de fio de nylon transparente, do tipo do utilizado na pesca, com 0,25 mm de diâmetro. Se quisermos tornar a estrutura ainda mais leve e económica, poder-se-ão dispensar os pregos, sendo, em substituição, feitos pequenos orifícios com uma broca das mais finas, apenas na dimensão necessária para permitir passar o fio de nylon. Esta segunda técnica, aliás a que aconselhamos na figura 6, é a mais aconselhável, permitindo um quadro com melhor estética, mais leve e mais fácil de realizar. No quadro que inicialmente construímos, a fixação dos pregos colocou algumas dificuldades, na medida em que as réguas de madeira tinham tendência para abrir, inutilizando-as. Com o sistema de broca fina, a realização foi mais rápida, não tendo colocado qualquer dificuldade na construção, além de que o quadro ficou com melhor apresentação.

 

Figura 1: Quadro de fios. 1ª fase na sua confecção.

Vejamos, então, as etapas necessárias para a construção do quadro de fios.

A primeira etapa consiste em formar o aro rectangular de suporte nas medidas pretendidas, com quatro réguas de madeira com 2 cm de largura e 1 cm de espessura. Em seguida, teremos de marcar, de um lado e outro, os pontos onde iremos efectuar os furos com uma broca das mais finas, com espaços rigorosamente iguais e paralelos de meio centímetro, tal como se mostra na figura 1.

Figura 2: Aspecto do quadro de fios uma vez construído.

A segunda fase consiste em fazer passar o fio de nylon com a espessura de 0,25 mm  através dos orifícios, devendo o fio ficar bem esticado. Para maior se­gurança, poderão ir sendo dados nós resistentes pela parte posterior, conferindo-lhe assim maior resistência e durabilidade.

Uma vez preenchidos todos os orifícios, obter-se-á uma superfície de fios de nylon prontos a suportar os cartões com as informações pretendidas, ficando o quadro com um aspecto idêntico ao documentado pela figura 2. Bastará pendurar o quadro numa parede da sala e teremos um valioso auxiliar à disposição do professor.

De que modo se confecciona o software educativo para utilizar com o quadro de fios e quais as suas potencialidades e inconvenientes?

O único inconveniente do quadro de fios, como o de qualquer meio audiovisual, à excepção do quadro preto e do quadro branco, é que o software terá de ser previamente elaborado pelo professor. Tirando este, será muito difícil encontrarmos outros inconvenientes. Pode servir o quadro de fios para múltiplas finalidades, estando os seus limites em função da capacidade criadora do utilizador. Pode servir de painel de informações, mas pode sobretudo funcionar como uma alternativa interessante ao tradicional quadro preto. O material utilizável é variado: recortes de figuras ou cartões com as imagens ou elementos que se pretendam mostrar. Estes são pendurados nos fios do quadro, no local pretendido, bastando fazer uma pequena dobra para trás na parte superior.  

 

Figura 3: Maneira como se fazem os cartões para o quadro de fios.

As potencialidades do quadro de fios são imensas. A limitação, como já dissemos, está na capacidade de imaginação do professor. Pode servir para o ensino de vocabulário, para o estudo das estruturas gramaticais, para a escrita de fórmulas químicas, para a aprendizagem da escrita e da aritmética, para o ensino da tabuada, para a redacção de frases a partir de blocos de cartões com palavras, para efectuar a combinação de estruturas sintagmáticas, para escrever poesia, para painel de informações numa sala, pode servir ...  em suma, para tudo aquilo que a nossa imaginação permitir. E todo o material criado pelos utilizadores poderá ir sendo arquivado e catalogado por ordem alfabética, constituindo-se deste modo uma base de dados para posteriores utilizações.


In: Henrique J. C. de Oliveira, Meios audiovisuais e tecnológicos aplicados ao ensino, Aveiro, 1992, pp. 33-37. (edição limitada do autor)


     [1] - Não contamos com os três últimos anos, em que o divulgámos, explicando a sua construção e analisando as suas potencialidades no ensino, durante as diversas acções de formação de professores do ensino básico, durante o ano lectivo de 1988/89, no âmbito do PIPSE (Programa Interministerial de Promoção do Sucesso Escolar), em diversos concelhos do distrito de Aveiro.

   

 

 

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