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Embora
este tipo de quadro constitua um auxiliar extraordinário no
ensino, sendo de grande facilidade de confecção e de custo
bastante reduzido, a verdade é que é praticamente
desconhecido nas nossas escolas. Que nos lembremos, nunca o
encontrámos em nenhuma escola por onde passámos e, quando
falamos dele, em acções de formação, notamos uma reacção
de estranheza e ao mesmo tempo de curiosidade por parte de
quem nos ouve. E o seu desconhecimento é tanto mais lamentável,
se nos lembrarmos da maneira rápida e fácil de criação de
material didáctico, para o qual quase não é necessário
despender dinheiro. Bastará possuir algumas folhas de papel
branco ou de cor e canetas de feltro, de preferência de
espessura média ou grossa, para criarmos o material
necessário
para as nossas aulas.
Em que consiste, então, o quadro de pregas e como
construí-lo?
Tal como se pode deduzir pelo nome, o quadro de pregas
consiste numa superfície rectangular, nas medidas que
pretendermos e acharmos melhor, feita de tecido ou de papel
forte, disposto em pregas regulares e fixado por um aro
rectangular de madeira. Se pretendermos, por exemplo,
elaborar um quadro rectangular deste tipo com as dimensões
de 120 cm de largura por 90 cm de altura e com pregas de dois
em dois centímetros com dois centímetros de
profundidade, necessitaremos de tecido ou, preferentemente,
de papel forte, por exemplo, papel de cenário branco ou
creme, com as dimensões de 120 cm de largura por 216 cm de
altura, e de oito réguas de madeira, cortadas nas dimensões
pretendidas, com 2 cm de largura e 0,5 cm de espessura,
e pregos finos com 9 mm de comprimento. Eventualmente,
poderemos também utilizar cola para ajudar a montar o
quadro, embora não seja indispensável.
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Figura
1:
Quadro de pregas. Primeira fase da sua construção.
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A primeira etapa na sua confecção (ilustrada pela
figura 1) consiste em marcar com uma régua, de maneira
rigorosa, as zonas de dobragem, de modo a obterem-se pregas
rigorosamente paralelas e uniformes, de acordo com as medidas
indicadas: 4 cm + 2 cm., sucessivamente.
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Figura
2:
Quadro de pregas. Segunda fase da construção:
dobragem das pregas.
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A segunda etapa (ilustrada pela figura 2) consiste em
vincar e dobrar uniformemente toda a superfície, de maneira
a obter-se um quadro semelhante a uma saia de pregas, cuja
dimensão final acabará por ficar nas medidas pretendidas
para o quadro, ou seja, 120 x 90 cm.
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Figura
3:
Quadro de pregas. Aspecto final, com um cartão nele
exposto.
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A terceira e última etapa consistirá em fixar a
superfície
obtida numa moldura dupla de madeira, nas dimensões do
quadro, constituída por réguas de madeira com 2 cm de
largura por 0,5 cm de espessura, de maneira que as pregas
fiquem seguras nas extremidades, presas entre as réguas
de madeira e com toda a superfície devidamente esticada.
Se quisermos tornar o quadro mais
resistente aos eventuais acidentes de utilização,
mas também ligeiramente mais pesado, poderemos reforçar
a parte posterior com uma prancha de cartolina grossa ou
uma placa fina de contraplacado. Mas para aumento da
sua resistência, será mais que suficiente revestir a
parte posterior com uma cobertura de plástico auto-adesivo.
De certeza que, deste modo, sem aumento substancial de peso de
toda a estrutura, se obterá um quadro suficientemente
resistente, capaz de aguentar muitos anos de útil serviço.
Obtido o quadro de pregas, bastará colocá-lo onde
pretendermos, suspenso de um prego ou sobre um cavalete,
nada mais lhe faltando do que o «software» adequado, ou
seja, o material de apoio audiovisual usado no quadro, que
iremos construindo à medida das nossas necessidades.
Como é que é feito o suporte da informação, de que
modo é utilizado no quadro de pregas e quais os
inconvenientes deste meio audiovisual?
Até à presente data, nunca conseguimos apontar-lhe
quaisquer inconvenientes. Antes, pelo contrário, a
facilidade de elaboração de material didáctico, o seu
baixo custo e a facilidade de transporte do quadro
para qualquer sala, tornam-no um excelente meio de ensino
para qualquer disciplina.
O material didáctico poderá ser construído em
tiras de papel branco ou de cor, de preferência papel
cavalinho ou cartolina fina. É colocado no quadro
inserindo-se o material criado numa das pregas. Há apenas que
ter o cuidado de escrever ou fazer os desenhos, esboços, gráficos,
o que quer que seja, dois centímetros acima do bordo
inferior, uma vez que estes dois centímetros ficarão
encobertos dentro da prega do quadro.
A pouco e
pouco, o professor poderá ir organizando um ficheiro com cartões,
que poderá catalogar alfabeticamente, aproveitando os dois
centímetros inferiores, invisíveis durante a utilização
no quadro. Convirá que todos os cartões apresentem aproximadamente
as mesmas dimensões, as quais deverão ser previamente
escolhidas
pelo professor, tendo em conta as condições em que vão ser
utilizados nas aulas - número de alunos na sala de aula e
distância a que estes ficam do quadro -, pois importa que
todos os presentes vejam facilmente o que se apresenta. Para
isso se aconselha também a utilização de canetas de feltro
de ponta grossa e letras, desenhos ou gráficos de fácil
leitura à distância.
O quadro de pregas é um óptimo meio de ensino, mesmo
numa época de alta tecnologia educativa. Por exemplo, em
aulas de línguas vivas, o professor pode ir criando o
material à medida das necessidades, inclusive com a própria
colaboração dos alunos, organizando a pouco e pouco um
ficheiro de vocabulário novo, ordenado alfabeticamente,
podendo ter os desenhos correspondentes se se trata de uma língua
estrangeira, permitindo-lhe posteriormente escrever frases,
combinando os cartões com as diferentes classes de palavras,
e servindo também, por exemplo, para o estudo das estruturas
gramaticais.
Suponhamos, por exemplo, que, numa aula de Francês, é
necessário estudar as estruturas negativas. O professor poderá
ter os cartões com as palavras indispensáveis para a construção
de frases declarativas, explicando, em seguida, como, mediante
a junção das partículas de negação, se podem passar as
frases para a forma negativa. E no próprio momento da aula,
tendo cartões em branco e marcadores pretos ou de cores,
poderá escrever palavras e utilizá-las, formando com elas as
frases. E, com o material existente, os alunos poderão
igualmente ser solicitados a virem ordenar correctamente as
frases, efectuando os necessários exercícios de transformação.
Este é apenas um exemplo das muitas utilizações que poderão
ser dadas.
A nível do ensino básico, o quadro de pregas pode
também dar uma valiosa ajuda, podendo servir para a
aprendizagem da leitura, para o estudo da aritmética, da
tabuada, etc. De certeza absoluta que qualquer professor, em
qualquer nível de ensino, encontrará facilmente utilizações
vantajosas a dar a este tipo de quadro, descobrindo-lhe
rapidamente as potencialidades como meio audiovisual de
ensino.
In:
Henrique J. C. de Oliveira, Meios audiovisuais e
tecnológicos aplicados ao ensino, Aveiro, 1992, pp. 30-33.
(edição limitada do autor).
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