Biblioteca / Centro de Recursos Educativos da Escola Secundária José Estêvão - Aveiro.
 

Recursos Audiovisuais


    

Condições mínimas e o conceito de mediateca

CONDIÇÕES MÍNIMAS DA INSTITUIÇÃO, DOS UTILIZADORES E ALGUMAS POTENCIALIDADES DOS AUDIOVISUAIS - A MEDIATECA

Quando se fala de audiovisuais aplicados ao ensino (e mesmo quando aplicados a outras áreas), a primeira coisa que deveremos fazer é formular um conjunto de questões, de modo a podermos encontrar e enumerar a melhor solução para os problemas que estes meios envolvem, Assim sendo, poderemos perguntar:  - Quais as condições mínimas exigidas a nível da instituição ou organização que os vai utilizar? - E quais as condições mínimas daquele que os vai utilizar?  - E que perigos e potencialidades lhes estão subjacentes?

Vejamos como responder de maneira breve a algumas destas questões, já que a fazê-lo pormenorizadamente teríamos muita matéria para abordagem.

Para que se possam utilizar os meios audiovisuais, não basta ter os instrumentos, é também preciso que haja um mínimo de condições ambientais para a sua utilização. De uma maneira geral, todas as instituições de ensino têm à sua disposição os meios mais simples. Mas, quando se trata da utilização dos mais complexos, começam a surgir os obstáculos: as salas não têm hipóteses de ser escurecidas, não há superfície  adequada onde projectar as imagens; por vezes mesmo não há sequer espaço para a colocação, de maneira adequada, da máquina que vai ser utilizada; e, pior que tudo isto, porque indesculpável, falta o software necessário para o fim em vista. E dissemos indesculpável porque, se as outras condições existem e falha apenas esta, então o problema não estará na instituição, mas naquele que poderia utilizar as potencialidades dos meios audiovisuais e não o faz, porque há software de fácil e rápida realização pelo próprio, desperdiçando assim um importante auxiliar de trabalho. Mas este aspecto prende-se já com as condições mínimas do utilizador e não da instituição, que agora convém abordar.

A nível da instituição, há toda a vantagem em possuir uma ou duas salas, na pior das hipóteses uma, minimamente preparada para utilização dos meios mais complexos. Assim, a sala deverá ter a possibilidade de ser escurecida, se não totalmente, pelo menos na sua quase totalidade, para que um diascópio (termo técnico para o vulgar projector de diapositivos) possa ser utilizado[1]; deverá possuir um ecrã, colocado em posição e local adequados de modo a que todos possam ver perfeitamente as imagens; e, finalmente, o eixo da máquina, no sentido da objectiva, deverá estar colocado perpendicularmente ao plano do ecrã e à distância conveniente, a fim de que as imagens não sejam nem demasiado pequenas, nem demasiado grandes relativamente ao tamanho do ecrã. A única excepção que se poderá fazer diz respeito ao retroprojector, o qual, sendo de boa qualidade e estando em boas condições de funcionamento, não necessita do escurecimento da sala.

Para conseguirmos as condições mínimas para uma sala, perante dificuldades de natureza económica, as janelas deverão ser apetrechadas com cortinas espessas, que não deixem passar a luz, de modo a permitirem o escurecimento da sala. Na falta de um ecrã próprio, cujo preço é bastante elevado, poder-se-á recorrer à construção de um ecrã em pano de linho branco, podendo a escola recorrer à colaboração de determinadas áreas disciplinares e dos alunos. Outra solução fácil será a de pintar numa parede da sala, em local adequado, um ecrã com tinta plástica branca, de preferência mate. E se as verbas da instituição forem tão reduzidas que não dêem para uma lata de tinta das mais pequenas, poder-se-á ainda construir o ecrã recorrendo a folhas de papel ou de cartolina branca, agrupadas entre si, de modo a permitirem uma superfície suficientemente grande para o fim em vista. Se o trabalho for bem feito, praticamente não se notarão as linhas de junção entre as folhas.

Se uma instituição não tiver problemas de ordem económica, então a sala para audiovisuais poderá adquirir características mais evoluídas, mais sofisticadas, podendo ter permanentemente e prontos para funcionamento um retroprojector, um ecrã de boa qualidade, um vídeo e um televisor com ecrã suficientemente grande para que um grupo de trinta pessoas possa ver razoavelmente aquilo que se pretende mostrar. E, num plano já ideal, ultrapassando de muito longe os mínimos exigíveis, essa sala poderá ter um computador com uma placa gráfica para projecção através do retroprojector ou, então, o que será ainda melhor, um videoprojector, que substituirá o monitor de televisão e funcionará, quer com o videogravador, quer com o computador. Mas estas últimas condições, dado o elevado preço destes aparelhos, constituem já uma utopia, só concretizável a nível de algumas raras instituições com grande poder financeiro e de elevado nível tecnológico.

Por muito apetrechada que esteja uma sala de audiovisuais, esta de nada servirá se não houver o software adequado. Daí que uma instituição de ensino (ou outra) deverá estar apetrechada simultaneamente a nível de hardware e de software[2]. Para isto, será de toda a vantagem a criação nessa instituição de uma mediateca, na qual existam todos os elementos: máquinas e suportes informativos.

O que é uma mediateca?  Normalmente, a nível das instituições de ensino, estatais ou privadas, é habitual falar-se em gabinete ou instalações de audiovisuais. A sua existência corresponde, geralmente, a uma sala fechada, a um "armazém" onde se guardam as máquinas e algum material sonoro ou visual, por vezes em precárias condições e ocasionalmente visitado por um potencial utilizador e onde os funcionários vão buscar e levar os aparelhos quando necessários. São pois armazéns, na verdadeira acepção da palavra, apenas utilizados para guardar material e prestando um serviço à comunidade muito aquém das suas possibilidades.

Uma mediateca, à semelhança de uma biblioteca, deverá ser um local activo e em permanente expansão, um local onde qualquer utilizador, professor ou aluno, possa recorrer ao material audiovisual como fonte de informação e de documentação, devendo ter à disposição de todos material respeitante a qualquer área disciplinar.

É prática errada aquilo que é feito nas nossas escolas. Cada grupo disciplinar, quando adquire material audiovisual - diapositivos, por exemplo - guarda-o ciosamente para utilização esporádica e estritamente para o grupo, esquecendo que esse mesmo material poderia também servir para ser explorado por professores de outras disciplinas. Esquecem-se muitas vezes os professores que um diapositivo, por exemplo, acerca de um templo grego, tanto poderá ser explorado do ponto de vista histórico, como também poderá prestar um útil serviço aos professores de Português, de Educação Visual, de Filosofia e de outras disciplinas; um diapositivo sobre determinado aspecto de uma dada região tanto poderá ser explorado pelo professor de Geografia, como pelos professores de História, de Português, de Biologia, etc. E o que se passa com material de natureza visual pode também ocorrer com material sonoro. Por exemplo, uma poesia de António Gedeão tanto poderá ser explorada na aula de Português como numa aula de Filosofia, de Biologia, de Físico-Química. Lembremo-nos, por exemplo, do poema "Lágrima de Preta", que poderá ter uma utilização múltipla, podendo servir como motivação para diversas disciplinas, ou, para indicarmos ainda outro exemplo, o poema "Pedra Filosofal", que tanto poderá ser explorado pelo professor de Português como pelo de Filosofia.

Se todo o material se encontrar numa mediateca, devidamente arquivado, qualquer professor poderá facilmente saber o que existe na escola à sua disposição, podendo servir simultaneamente diversas disciplinas e evitando-se eventuais aquisições em duplicado.

Mas, antes de dizermos mais alguma coisa acerca da mediateca, convirá acrescentar mais alguns aspectos acerca das condições mínimas de uma escola. Para já, estamos a ver que uma mediateca constituirá um elemento mais importante que a vulgar sala ou gabinete de audiovisuais, para um bom e eficiente serviço dos meios audiovisuais à escola. Mas, para além da mediateca e de uma sala bem apetrechada, há que haver na escola um mínimo de hardware, que deverá, logicamente, encontrar-se centralizado na mediateca. Como elementos mínimos, uma escola deverá possuir, pelo menos, um diascópio ou projector de diapositivos, ainda que não possua ainda nenhum diapositivo (estes são de obtenção relativamente fácil, podendo mesmo ser confeccionados pelos próprios professores e alunos), dois ou três retroprojectores e um ou dois gravadores de cassete. O número de retroprojectores deverá ser proporcional ao número de alunos da escola. Quando esta possui cerca de mil alunos e professores sensibilizados para a vantagem dos meios audiovisuais, chega mesmo a acontecer, por vezes, que seis aparelhos se revelam insuficientes, tendo os professores de os requisitar atempadamente e antes que outro professor o faça primeiro. Se os professores se encontram pouco ou nada sensibilizados, então dois ou três retroprojectores acabam por não ter a utilização que deveriam ter. E, não falando de computadores, que exigem já alguns conhecimentos por parte dos utilizadores, pelo menos um videogravador deverá também fazer parte do equipamento mínimo das actuais escolas, pois este actualmente constitui já um meio indispensável que poderá vir a ter alguma importância no processo de ensino-aprendizagem.

Vejamos, agora, antes de reflectirmos um pouco mais acerca da mediateca, quais as condições mínimas a que deve obedecer o professor e qualquer utilizador em geral.

Em primeiro lugar, o utilizador deve ter um razoável conhecimento dos diferentes meios audiovisuais existentes, que poderá colocar ao seu serviço, desde os mais simples, que não exigem grande formação técnica, até aos mais complexos. Só assim poderá saber qual o mais adequado ao fim que tem em vista. Isto implica não só um conhecimento técnico mínimo do hardware, como também alguns conhecimentos sobre a sua utilização e a maneira de criar o software necessário. E se os meios utilizados forem tecnologicamente sofisticados, como acontece, por exemplo, com os meios informáticos, não se exige que o utilizador saiba programar, mas ao menos deverá ter um mínimo de conhecimentos sobre como utilizar a máquina e os programas existentes com utilidade para a sua área.

Em segundo lugar, o utilizador deve estar consciente não só das potencialidades, como também dos perigos dos audiovisuais. Uma simples faca, instrumento que todos utilizamos regularmente no nosso quotidiano, pelo menos duas ou três vezes por dia, constitui «um pau de dois bicos»: tanto pode servir como auxiliar para o indispensável acto à vida - o comer -, como para nos agredirmos ou até mesmo para tirar a vida do nosso semelhante. Do mesmo modo, os meios audiovisuais apresentam esta dupla faceta: tanto podem levar à saturação e ao desinteresse, como podem  motivar e servir de ponto de partida para experiências enriquecedoras. Significa isto que o utilizador deve estar consciente destes problemas, a fim de fazer uma escolha criteriosa do meio a utilizar, bem como do momento mais adequado em que o deverá introduzir na aula. Poderá utilizá-lo como ponto de partida, como meio de acesso e como ponto de chegada, isto é, pode servir para motivar, mas pode igualmente servir para ajudar a descobrir e para complemento das informações fornecidas, reforçando deste modo o acto de aprender.

Em terceiro lugar, a utilização dos meios audiovisuais exige sempre (ou quase sempre) uma preparação prévia, sendo, por vezes, da máxima conveniência efectuar uma experiência preliminar do material que vai ser utilizado, não vão surgir surpresas desagradáveis e difíceis de remediar no momento crucial da utilização.

Em quarto lugar, o utilizador deverá ter um mínimo de prática e segurança na utilização do material. Hesitações e utilizações incorrectas, além de perturbarem o ambiente da sessão, contribuem para dar uma má impressão acerca de quem a dinamiza. Se um utilizador, por exemplo, um professor, vai apresentar aos seus alunos uma transparência em acetato e, antes de ligar o aparelho vai pôr a sala às escuras, qualquer presente conhecedor das potencialidades deste meio audiovisual imediatamente concluirá que esse professor nunca deverá ter anteriormente trabalhado com um retroprojector. E, geralmente, quando a experiência é nula ou reduzidíssima, os problemas sucedem-se. A imagem apresenta-se distorcida e desfocada e o utilizador anda à procura do botão de focagem, perdendo segundos preciosos e provocando a hilaridade dos assistentes. É por vezes a imagem que ora fica acima do ecrã, ora fica abaixo, e o professor anda aflito a procurar a posição correcta. E a tensão nervosa aumenta. O utilizador acaba por perder o controlo dos nervos e as situações embaraçosas sucedem-se[3].

Finalmente, o utilizador deverá ter a capacidade de reagir prontamente às situações imprevistas, porque elas podem bem acontecer quando se utilizam os meios audiovisuais. É a luz que repentinamente falha, impossibilitando a utilização do aparelho e obrigando rapidamente a reformular estratégias. É a lâmpada que subitamente e sem licença do utilizador decide despedir-se da vida. E se não há substituta ou, havendo-a, o utilizador não sabe como a substituir prontamente, em poucos segundos, ou se não tem a capacidade de reformular ou não previu a utilização de outras estratégias, então esperá-lo-á o fracasso e a frustração.

Apresentadas as condições mínimas que deverão ser tidas em conta pelo professor/utilizador dos meios audiovisuais, voltemos ao problema da mediateca e das potencialidades dos audiovisuais. Já algumas páginas atrás fizemos referência à mediateca. Por aquilo que dissemos, pôde-se já concluir que uma mediateca nada ou quase nada tem a ver com o vulgar gabinete ou sala de audiovisuais. Uma mediateca será, à semelhança de uma biblioteca, um centro integrado de audiovisuais, um local onde se encontram todos os meios audiovisuais a nível do hardware e do software, um local onde qualquer utilizador, professor ou aluno, poderá ter acesso à informação visual ou sonora aí arquivada, consultando-a como quem consulta um livro, e onde poderá trabalhar, sozinho ou em grupo, na produção de novos materiais. Será, pois, um local, não de simples armazenamento, mas um local de trabalho, ao serviço de toda a comunidade, que poderá, inclusive, funcionar ao lado ou integrado na própria biblioteca da instituição.

A ideia que acabamos de apresentar não é nova. Nasceu há já alguns anos e funciona, evidentemente, com sistemas de organização altamente desenvolvidos em grandes centros de documentação e de arquivo e tratamento da informação audiovisual. Existe um modelo exemplar em Paris, no Centro Georges Pompidou. Aqui, qualquer pessoa poderá consultar, como quem consulta um livro, documentos de natureza audiovisual, podendo mesmo obter cópias do material pretendido para uso pessoal.

A nível das escolas portuguesas, evidentemente que não se pretende um centro de documentação com toda a tecnologia e documentos existentes. O objectivo é bem mais modesto e a ideia já foi lançada há alguns anos, em reuniões em que participámos.

Em 1975, de 24 a 29 de Novembro, tivemos oportunidade de participar num Seminário sobre Centros Escolares de Tecnologia Educativa, na Fundação Calouste Gulbenkian, sob a orientação do Professor Pierre Ramseyer, da UNESCO. E Recordamo-nos de uma professora participante, também ex-estagiária e que também fizera experiências nas próprias turmas com os meios audiovisuais, em alguns aspectos muito semelhantes às que nós próprios fizéramos. Também apresentou ela ao grupo de estágio um trabalho sobre audiovisuais, intitulado «Como organizar e utilizar um centro audiovisual numa escola»[4], cuja cópia nos facultou permutando com o trabalho que também nós levávamos. Embora nele não fale em mediateca, a verdade é que aí se encontram preconizadas todas as regras e objectivos que deverão constituir aquilo que nós entendemos por mediateca. De acordo com as regras e objectivos aí enunciados, esta tornar-se-á um alfobre de múltiplas actividades, que poderiam facilmente integrar-se numa Área-Escola, num projecto educativo, funcionando como complemento de uma biblioteca, de um clube de jornalismo e, sobretudo, como apoio dinâmico às várias actividades disciplinares da escola.

Como poderá funcionar uma mediateca, em finais do século XX, com a grande facilidade e multiplicidade de meios audiovisuais actualmente disponíveis?

O seu modo de funcionamento pode ser bastante idêntico ao que actualmente tem vindo a ser feito com o chamado Clube de Informática e de modo semelhante ao que presentemente estamos a experimentar com o Clube de Jornalismo. A mediateca poderá funcionar com o apoio de um grupo de professores, dinamizados por um professor responsável, e por um grupo de alunos da escola, voluntariamente inscritos e que, como sócios, deverão ter um regulamento no qual se indiquem os direitos e deveres de cada um, os objectivos em vista, as secções e as funções de cada grupo de trabalho. Deverá, logicamente, ter um Auxiliar da Acção Educativa como responsável  pela mediateca, o qual poderá ser o mesmo da biblioteca, a quem caberá o controlo de todo o material existente e das requisições dos professores que pretendem utilizar os meios audiovisuais nas suas aulas. Mas o grande dinamizador da mediateca deverá ser o grupo de trabalho, que poderá constituir um clube sob a designação de Clube Audiovisual da Escola ..., competindo-lhe um conjunto de funções e actividades, das quais passamos a indicar algumas como sugestão do que se poderá fazer:

            1 - Organização da mediateca, inventariando  e arquivando de modo funcional todo o material existente, tendo em vista uma fácil utilização por todos os elementos da escola.

            2 - Aquisição ou produção de material audiovisual, tendo em vista não só a própria formação individual, mas também o enriquecimento do património pessoal e de toda a comunidade escolar, com a produção de diaporamas, documentários em vídeo, fotografia, registos sonoros de lendas, costumes e tradições da região, etc.

            3 - Criação e animação de um laboratório de fotografia, tendo em vista a formação dos sócios e levando-os ao conhecimento das técnicas laboratoriais de fotografia: revelação de rolos e ampliação de imagens.

            4 - Aquisição de conhecimentos teóricos sobre fotografia, tais como utilizar eficazmente uma máquina fotográfica, como enquadrar correctamente uma imagem, o que fotografar, o valor simbólico da imagem, os tipos de plano, etc.

            5 - Adicionalmente, para além dos meros trabalhos de organização e manutenção da mediateca, os membros do clube seriam levados a descobrir o meio que os rodeia: a cidade e o seu património urbanístico e arquitectural; o meio envolvente; os problemas da região; etc.

            6 - Colaboração com os outros clubes em funcionamento na escola e com as restantes actividades, podendo colaborar com o clube de jornalismo, fornecendo-lhe, por exemplo, o material imagístico para a ilustração  dos artigos publicados.

            7 - Idealização, realização e montagem de diaporamas e documentários em vídeo, criação de acetatos, ou produção de documentos sonoros, para apoio das actividades das aulas: declamação de poesia, entrevistas, música, etc.

            8 - Apoio a diversas actividades de âmbito cultural realizadas na escola, tais como semanas da escola, exposições, debates.

Como se pode concluir, uma mediateca, apoiada pelo clube audiovisual, que dela fará parte integrante, tornar-se-á um centro activo - não o centro passivo que constituem os actuais gabinetes de audiovisuais - gerador de cultura e relações positivas a vários níveis entre docente e discentes, entre a escola e a comunidade, um centro dinâmico, criador e revelador de sensibilidades e talentos, contribuindo deste modo para que a escola, juntamente com os outros clubes, se torne não apenas o local de aprendizagem de conteúdos, mas também e sobretudo um centro de formação e irradiação cultural.

Estando constituída a mediateca, com um responsável dinâmico e conhecedor de todos os problemas inerentes à tecnologia educativa, seria de toda a conveniência a realização, em cada ano, de acções de sensibilização e de formação, sobretudo para os novos professores, de modo a serem-lhes ministrados os conhecimentos mínimos para uma adequada utilização dos meios audiovisuais, reduzindo-se assim o risco de deterioração do material e aumentando-se as probabilidades de optimização do seu emprego, com a consequente melhoria da eficácia do ensino.
    In: Henrique J. C. de Oliveira, Meios audiovisuais e tecnológicos aplicados ao ensino, Aveiro, 1992, pp. 19-27. (edição limitada do autor).  

 


     [1] - Uma sala parcialmente escurecida já permitirá uma utilização aceitável de um diascópio. No entanto, o seu máximo rendimento do ponto de vista físico e psicológico só será conseguido com uma sala em total escuridão. Só assim poderão ser alcançadas as condições ideias para a utilização de meios que recorrem ao sistema de projecção de imagens sobre ecrãs, apenas constituindo excepção o retroprojector. Fisicamente, há uma maior qualidade na projecção das imagens; psicologicamente, o impacto das imagens será também muito maior sobre os espectadores, pois as probabilidades de distracção pelos elementos envolventes ficam consideravelmente reduzidas.

     [2] - Frequentemente temos vindo a empregar as palavras hardware e software, palavras correntes no domínio da informática, mas que constituem ainda dois palavrões para muito gente, tanto mais que nem portuguesas são. Por hardware (hard=`duro, pesado'), palavra correntemente utilizada para indicar o computador, designamos todos os aparelhos, misto de mecânica, óptica e electrónica, utilizados em tecnologia educativa. Por software (soft=`leve, macio, facilmente transportável') entendemos todo e qualquer suporte da informação: diapositivos, acetatos, registos magnéticos (sonoros, visuais ou informáticos), etc. Só com a junção dos dois elementos - hardware e software - será possível efectuar uma utilização dos meios audiovisuais e informáticos. De nada serve ter um projector se não houver nada que projectar, ter um computador sem os programas para nele introduzir, tal como, de maneira inversa, nada adianta ter acetatos, diapositivos, disquetes com programas se não tivermos as máquinas respectivas.

     [3] - Esta situação aqui referida é bastante frequente. Ao longo destes vários anos, ao assistirmos como orientador a aulas de professores estagiários, temos verificado situações por vezes cómicas ocorridas com a utilização não só do retroprojector como de projectores de diapositivos e outros meios mais simples, como é o caso do gravador de cassetes. Frequentemente é ministrado um ensino meramente teórico acerca dos meios audiovisuais, faltando depois o contacto experimental com os aparelhos, fazendo com que situações desagradáveis ocorram depois em situação real, perante a presença intimidante dos alunos ou dos assistentes.

     [4] - MARIA DULCE MONTEIRO DIAS BENTO BELLO CONCEIÇÄO, Como organizar e utilizar um centro audiovisual numa escola, 1973/74. Trabalho policopiado (cremos que inédito) realizado na Escola Industrial Fonseca Benevides, como estagiária do 4º Grupo A, com um total de 18 páginas de formato A4.

 

 

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