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Lembras-te do
castelo em que há sinais estranhos?
lembras-te do passeio que eu nunca fiz por lá?
do parque à beira-rio, dos píncaros tamanhos,
daqueles muros verdes dum templo que não há?
Lembras-te do comboio em que tu nunca andaste,
e dos prados sem fim, que eu nunca visitei?
Lembras-te do rio grande por onde navegaste
e da pequena barca em que lá naufraguei?
E lembras-te de mim, do meu casaco novo,
dos óculos escuros e da mala amarela?
Do teu falar fidalgo, do meu palrar de povo,
e do vermelho e verde metido na lapela?
E lembras-te da Lua?
E lembras-te do Mar?
Ai! não te lembras, não,
que, para amar,
não se pode ter alma como a tua:
é preciso ter vela e saber-se vogar. |