Noticiário - Intervenção

Maio — A ADERAV participou nos festejos organizados pela C. M. A. em honra de Santa Joana Princesa, padroeira da Cidade, dia 12 (feriado municipal), oferecendo aos Aveirenses três roteiros urbanos (visitas guiadas à cidade): o primeiro, ao longo do Canal do Cojo e visita à Fábrica J. Campos; o segundo, à zona da «Beira-Mar»; o terceiro, à zona das antigas muralhas da Cidade (Cimo de Vila e Portas do Sol). Na placa central da Avenida Doutor Lourenço Peixinho, foi montado um «stand», onde se distribuiu literatura sobre o património aveirense, vendendo-se e sendo também exposto diverso material com ele relacionado.

Na literatura distribuída, entre outras, punham-se as seguintes questões:

— Não deverá ser defendida a zona urbana da antiga cidade muralhada e ser definido e defendido o centro cívico e histórico de Esgueira?

— Não deverá ser integralmente preservado o conjunto da Fábrica Campos não só pelo interesse arquitectónico mas também como marco de crescimento industrial da cidade?

— Não poderá o Rossio ter condições para uma utilização socialmente mais útil?

— ADERAV apela de novo para uma urgente atenção para o imóvel urbano-industrial da Fábrica Campos como potencial cultural, social e recreativo, palra mais tendo em conta a sua localização na zona central da cidade, tão carecida de recursos dessa natureza; para um cuidado estudo do Plano Director, com vista à sua integração e defesa (Fábrica velha, escritórios, garagem... pelo menos!)

Junho — Dentro do espírito das celebrações do «Dia do Ambiente», realizou-se uma jornada de confraternização alargada a toda a população da região de Aveiro, com moliceiros, que partiram de Aveiro, Torreira e Murtosa, convergindo todos eles para a Reserva das Dunas de S. Jacinto (a que os núcleos de Águeda, Murtosa e Ovar deram todo o entusiasmo), ali se juntando mais de duzentas pessoas. Fez-se também uma visita à reserva, orientada pelo seu director, Arquitecto Le Coq. Desta Jornada nos dá conta um dos sócios da ADERAV, em artigo publicado no «Correio do Vouga» do mesmo mês.

— Em reunião, ADERAV procedeu às principais conclusões da jornada a S. Jacinto: necessidade de apelar para que a Gestão e Ordenamento Florestal deixem em paz o perímetro da Reserva; uma melhor atenção das Entidades Militares, evitando exercícios de fogos reais, de sobrevoo e controle da zona de campismo; importância de obstar à continuação dos danos à reserva pela incontrolável «poluição sonora» dos veraneantes e da crueldade dos caçadores furtivos, sem qualquer respeito pela legislação em vigor, etc. Na mesma reunião, elementos da Murtosa levantaram questões face às suas preocupações com as obras que se estavam a fazer ao Bico, concluindo-se da urgência de intervenção para recuperar a Capela de S. Simão, no Bunheiro, referida em artigo presente neste mesmo Boletim.

— Em reunião da Direcção, decidiu a ADERAV, de colaboração com o FAOJ, organizar, durante o período de Verão, dois campos de trabalho para jovens identificados com o espírito desta Associação: um deles, funcionando no concelho de Anadia, destinado ao levantamento cultural popular daquela zona, já que a autarquia local, em resposta à ADERAV, informou não haver artesanato manifestamente significativo; o outro, de carácter arqueológico, no lugar de Crestelo (Branca), concelho de Albergaria-a-Velha, pretendendo dar continuidade aos trabalhos arqueológicos do ano anterior.

— Saída do N.º 2 do Boletim da ADERAV, com o seguinte sumário: Figuras da Região em Defesa do Património: Alberto Souto; Casas Nobres de Aveiro: Casa do Visconde de St.0 António; Glosa de algumas alusões de Júlio Dinis a Aveiro; Pinturas dos Barcos da Ria: um elemento importante da personalidade cultural da Região de Aveiro; Aspecto do Ambiente Natural da Ria; O moinho na Paisagem Aguedense; Noticiário - Intervenção; Índice de gravuras.

Julho — Visita de trabalho à vila de Arouca, em autocarro da Aveirense (cedido gratuitamente à Associação por esta empresa). À entrada no concelho, a «caravana» da ADERAV foi recebida pelo professor Zeferino Brandão e Dr. Filomeno Silva, que guiaram a visita. Dela se concluiu ser indispensável:

— urgente intervenção para evitar que se degrade o conjunto urbano da Rua da Arca no troço inicial desde a «domus municipalis» até à Casa Grande dos Malafaias e a parte final, o Calvário, que é um maravilhoso conjunto de arte popular religiosa seiscentista, com capela de estrutura gótica;

— o reconhecimento do alto valor cultural do «Mosteiro-museu» que, pedagogicamente, é uma autêntica casa de cultura, onde se impõem obras de restauro do órgão e renovação de todo o sistema de iluminação;

— a classificação de torre medieval impropriamente conhecida por «Torre dos Mouros», por ser obra relevante do património desta região, a merecer cuidado restauro e atenção ao espaço envolvente.

— um apelo às organizações turísticas e autoridades responsáveis pelo melhor enquadramento, nos seus roteiros, de todas as potencialidades desta linda região, em defesa do património Cultural.

— A ADERAV dá público conhecimento de ter enviado para a Secretaria de Estado da Cultura, o processo de classificação da capela de S. Simão do Bunheiro, «por concluir ser a única forma de a poder preservar e valorizar».

— Primeiro campo de férias de Verão, no concelho de Anadia, para levantamento da cultura popular, em que participaram 25 elementos na generalidade jovens dos ensinos secundário e universitário dos concelhos de Anadia e Aveiro. A orientação dos trabalhos esteve a cargo de Maria do Carmo F. Gonçalves e Amélia Beatriz Alegre e Silva, licenciadas em Filosofia, e Amaro Neves e Artur Jorge Almeida, da Direcção da ADERAV, com apoio do FAOJ.

Agosto — Exposição do levantamento feito no «campo de Anadia», levada a efeito na Escola Preparatória da Vila, de onde se concluiu, face às informações fornecidas em ano anterior pela Câmara:

— haver aspectos relevantes da cultura popular e em especial •do seu artesanato que merecem atenção cuidadosa;

— por mais significativas, com a certeza de não terem sido esgotadas as potencialidades regionais, identificaram-se as seguintes actividades do seu rico artesanato: empalhadeiras (35), cesteiros (8), ferreiros (7), tecelões e tecedeiras (8), vassoureiros (3), canastreiros (1), etc.

— o entusiasmo dos jovens face à descoberta das actividades populares é enorme, de grande valor afirmativo em defesa da memória colectiva.

Agosto  — montagem do campo de Arqueologia; de colaboração com o FAOJ, no lugar de Crestelo, freguesia da Branca (Albergaria-a-Velha). A. Direcção do «campo» pertenceu aos Drs. João Luís Vaz (arqueólogo), Fernando Loureiro e Esmeralda Augusta Figueira, coadjuvados por Américo Barata e Amaro Neves, licenciados em História. Participaram cerca de dúzia e meia de jovens de ambos os sexos, do ensino secundário e universitário, dos concelhos de Águeda, Anadia, Aveiro e Albergaria-a-Velha.

Como achados mais importantes indicam-se os respeitantes a período anterior à Romanização (em especial representações antropomórficas) e elementos que atestam uma forte dominação romana. Ao mesmo tempo, processou-se uma recolha etnográfica nas aldeias vizinhas.

— Deste trabalho resultaram várias intervenções dos jornais diários com delegação em Aveiro, da TV pelo seu correspondente regional e do «Correio do Vouga».


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